A palavra sustentabilidade entrou de tal forma na moda que, em muitos casos, seu uso beira o lugar-comum. Além da diluição, há uma confusão de conceitos e informações sobre o tema e não raramente as análises são superficiais. Voz dissonante, Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia, avalia que um debate adequado sobre o assunto deveria incluir não só aspectos ambientais, mas também sociais e econômicos.
De acordo com o engenheiro, não existe mais sentido em falar pontualmente de edifícios sustentáveis. É necessário pensar em bairros, cidades e até metrópoles verdes, como é o caso de São Paulo. “Quando falamos de São Paulo, nunca podemos isolar o município”, afirma.
A justificativa para a reflexão em nível metropolitano remonta, segundo Rosa, a questões históricas. “São Paulo foi uma cidade que se desenvolveu em meados do século passado e nas décadas seguintes através da indústria, principalmente com a implantação do setor automobilístico.”
Criou-se uma condição muito peculiar e propícia para a instalação de indústrias essencialmente no ABC paulista e na região de Santo Amaro, na zona sul, com a instalação da Cosipa, que produzia chapas, e a Usina Henry Borden, que gerava a energia. Consequentemente, criou-se uma grande oferta de empregos, o que atraiu pessoas de outras áreas. “Essa foi a gênese”, pontua Rosa.
Agora, com o processo de desindustrialização em curso, São Paulo assume gradativamente sua vocação de metrópole de prestação de serviços. Entretanto, ainda ocorre o espraiamento da área metropolitana, o que se agrava mediante a análise da sua localização geográfica. “A região metropolitana de São Paulo está, provavelmente, num dos piores lugares do estado para se estabelecer, porque está exatamente na nascente dos rios”, aponta o engenheiro.
Outro ponto crucial que Rosa avalia é a complexidade da ocupação do solo. Mais da metade (54%) de todo território da região metropolitana de São Paulo é área de proteção de mananciais, onde se localizam também os distritos que continuam em franco crescimento.
Embora com perfil diferente, Nova York conseguiu se articular mediante as novas vocações assumidas, “de grande centro financeiro, de grande centro de turismo e de lazer”. Rosa menciona a cidade como um caso de sucesso, pois equilibra a geração de emprego com a qualidade de vida dos seus cidadãos. Os bons resultados, entretanto, são fruto de um plano estratégico de longo prazo, lançado em 2007 com vistas a 2030. “A história da nossa cidade ensina que o investimento no futuro não é um luxo, mas sim uma necessidade”, enfatiza o PlaNYC em sua página na internet.
Rosa também aponta a experiência de algumas cidades chinesas, especialmente Pequim e Xangai. “A gente poderia imaginar que lá deve estar o caos em termos de trânsito, em termos de transporte, mas as cidades são ordenadas”, afirma o executivo, lembrando que esses lugares também vivem um momento de efervescência cultural e têm uso intensivo dos espaços públicos.
Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente são motes para cidades do mundo todo. Regiões como a Escandinávia demonstram que ficou no passado a ideia de progresso econômico em detrimento do ambiente e do bem-estar social. “Os países da Europa que mais dão atenção às questões sociais e ao meio ambiente são os países que estão atravessando melhor a crise econômica”, enfatiza Rosa.
Em ano de eleições municipais, sustentabilidade está obrigatoriamente na pauta dos candidatos. Sinal disso é que, no início de junho, foi realizado pela primeira vez o curso “Candidatos pela Sustentabilidade”, promovido pela Rede Nossa São Paulo e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps). O conteúdo esteve alinhado com o Programa Cidades Sustentáveis, que objetiva sensibilizar e oferecer ferramentas para que as cidades se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentáveis. Com isso, setores da sociedade civil pretendem colocar o tema na agenda dos eleitores, dos partidos políticos e dos candidatos.
Para Rosa, no entanto, o cenário é preocupante, já que as propostas ainda são incipientes e a própria concepção do que é sustentabilidade aparece distorcida. Outra matéria de discussão está na desarticulação entre as propostas municipais. “Nós temos 20 milhões de pessoas morando na região metropolitana de São Paulo, 10 milhões estão na capital. Não é possível imaginar que um município da região metropolitana possa ser sustentável isoladamente.”
O engenheiro indica que São Paulo só se tornará viável e sustentável se o enfoque for de longo prazo e envolver toda a região metropolitana. Ele também avalia que são duas as chaves para a mudança de cenário. A primeira é a questão da governança. É urgente fomentar a capacidade de participação e ação que integre a sociedade civil, municípios, regiões metropolitanas e outros níveis de administração para suplantar o vácuo de gestão existente. “É muito difícil pensar em coisas que sejam estritamente municipais e, no entanto, nós não temos esses mecanismos de articulação. O estado fica atuando por um lado, os municípios por outro, e não se articulam.”
A segunda chave de discussão se debruça sobre o Plano Diretor. Rosa indica uma fixação nas discussões sobre coeficientes de construção de partes da cidade, e um quase abandono da visão global e estratégica do que se pretende em longo prazo em termos de uso e ocupação do solo. Ressalta ainda a necessidade de coordenação dos planos diretores dos vários municípios da região metropolitana, ou um único plano metropolitano.
“Enquanto não recuperarmos essa capacidade de planejar e pensar no longo prazo, e pensar do ponto de vista metropolitano e não municipal, nós vamos ficar condenados a resolver os problemas pontualmente, e não há solução para os problemas pontualmente”. E esse foi o grande aprendizado na Conferência Rio+20, de acordo com Rosa. A falta de consenso entre nações em estágios de desenvolvimento muito diferentes e com questões econômicas, sociais e ambientais muito diversas reforça claramente a convicção de que não há uma solução única.
“As soluções devem ser regionais levando em conta as necessidades e a característica local”, afirma. Na avaliação de Rosa, no caso brasileiro é preciso tratar os temas ambientais e sociais com o mesmo peso, sem a ideia de hierarquia. “Não se resolvem questões sociais à custa do meio ambiente e vice-versa.”
Pilares de 30 m erguem o Templo Salomão
A falta de mão de obra especializada e a necessidade de otimização de recursos nos canteiros de obras têm levado as construtoras a buscar soluções construtivas mais eficientes, especialmente para os caminhos críticos do empreendimento, dos quais o mais relevante corresponde à execução da estrutura de concreto.
Não foi diferente para a Construcap, quando se viu diante do desafio de erguer o Templo de Salomão, em São Paulo (SP). A Construcap, após avaliação das soluções que lhe foram apresentadas, optou pela contratação da ESTUB – Sistemas Construtivos, empresa com mais de quarenta anos de experiência no ramo de construções tubulares desmontáveis, em decorrência de sua disponibilidade para fornecimento de equipamentos tubulares de encaixe rápido, extremamente leves e resistentes, que possibilitam conveniente economia de mão de obra durante a montagem.
O detalhado planejamento técnico e operacional desenvolvido pela ESTUB possibilitou o atendimento pontual de cada etapa, rigorosamente dentro dos exíguos prazos estabelecidos no cronograma da obra.
A execução de toda a obra consumirá a aplicação de 1.800 t de equipamentos ESTUB, correspondentes a um volume de 183.000 m³ de cimbramento, e, ainda, 11.000 m² de andaime Multiplano, incluindo 120 m de escada com 30 m de altura, complementadas por mais de 2.000 m² de forma ESTUB. A informação é do engenheiro Osny de Abreu Júnior, superintendente Comercial Sul da empresa.
A construção do Templo de Salomão alcança cerca de 60 m de altura em sua nave central com a cobertura apoiada em treliças (tesouras), que se apoiam nas construções laterais, cercada em todo o perímetro por pilares com 2 m de diâmetro e mais de 30 m de altura. A complexidade desse projeto desenvolvido pela ESTUB e o fornecimento dos equipamentos do sistema de torres PALESTUB no cimbramento de grandes estruturas, com pé-direito de mais de 48 m de altura, estão proporcionando maiores índices de produtividade, segurança e eficiência, decorrentes da rigidez do sistema na execução dessa etapa do empreendimento.
Nos serviços, destaca-se a aplicação do sistema Multiplano de encaixe rápido na utilização do cimbramento e plataformas de acesso (andaimes) em diversos níveis simultaneamente, evitando, desta forma, a desmontagem de um sistema para montagem do seguinte, proporcionando um ganho expressivo de produtividade na execução da obra.
A aplicação das escadas Multiplano de encaixe rápido com mais de 30 m de altura deram maior segurança e produtividade na execução das formas deslizantes necessárias à execução dos pilares de até 2 m de diâmetro.
Segundo os engenheiros Carlos Castro e Daniel Chagas, respectivamente coordenador de Suprimentos e gerente de Contrato da Construcap, foi fundamental contar com a parceria da ESTUB, o que viabilizou a aplicação de soluções práticas e seguras em decorrência do fácil manuseio dos equipamentos fornecidos em regime de locação pela empresa de sistemas construtivos.
Complexo utiliza sistema de cogeração de energia
A Método Engenharia foi a responsável pela construção do complexo comercial Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo, num total de 224,6 mil m² de área construída. O empreendimento integra quatro torres, sobre um terreno de 37,7 mil m². São 120 mil m² de área útil de escritórios.
As torres são caracterizadas por fachadas com panos de vidro inclinados, que geram áreas de lajes maiores nos pavimentos superiores. Um dos destaques da solução construtiva é o sistema próprio de cogeração de energia elétrica, capaz de atender a 100% da carga de todo o complexo, de forma ininterrupta. A obra, iniciada em 2002, foi entregue no início do ano.