Cinco tendências de TI e telecom para a Copa de 2014

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Prever o cenário das tecnologias da informação e comunicação (TICs) para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, pode não ser tarefa simples, mas está longe de ser um exercício de futurologia. Muitas das tendências identificadas atualmente já dão pistas claras de como o mercado deve evoluir e de como as empresas podem se preparar para gerar novas receitas e conquistar espaço.

Um exemplo já pode ser observado no presente: a transmissão do funeral do cantor Michael Jackson gerou aumento de 30% no acesso à internet e incremento de 10% no volume de dados trafegados. Isso sem considerar o enorme fluxo de mensagens e postagens nas redes sociais durante o episódio. A expectativa é que, nos próximos cinco anos, esse crescimento seja exponencial. Entre 2007 e 2009, a Portugal Telecom registrou aumento de dez vezes no uso global de suas redes. Imagine o impacto no primeiro gol da Seleção Brasileira em um evento com audiência mundial.

Para Luís Minoru Shibata, diretor de consultoria da PromonLogicalis, as transformações mais relevantes até 2014 estarão muito mais no comportamento social do que nas tecnologias em si. Segundo ele, essa é a principal macrotendência a orientar empresas que pretendem se posicionar no mercado nos próximos anos.

Outros fatores que devem influenciar profundamente o setor incluem:

  • queda dos custos de conectividade,
  • expansão dos canais digitais,
  • mobilidade crescente,
  • aumento na produção e no consumo de conteúdo digital.

Um legado que vai muito além da Copa

As mudanças impactarão não apenas o consumo do evento esportivo, mas também a rotina corporativa. A infraestrutura instalada para 2014 será um legado tecnológico duradouro. “As empresas terão de lidar com acesso distribuído, diversidade de dispositivos conectados às redes e gestão inteligente de dados”, afirma André Azzini, consultor da PromonLogicalis.

A consultoria já desenvolve estudos e estratégias para aproveitar as oportunidades geradas pelo novo ambiente tecnológico da Copa. A partir de análises de diversos institutos internacionais, a IT Web solicitou à PromonLogicalis uma visão das principais janelas de negócio que fornecedores de TICs podem explorar até 2014.

A seguir, os grandes eixos desse mercado em transformação:


TI Verde

A sustentabilidade será um pilar das TICs em 2014. O programa Green Goal, da FIFA, exige controle rígido de energia e emissões de carbono em todas as operações, especialmente nos data centers instalados em estádios e centros de imprensa.

Oportunidades:

  • soluções de virtualização,
  • hardware e software de baixo consumo,
  • tecnologias para energia limpa,
  • storage e processadores eficientes.

Celular e Mobilidade

A mobilidade deverá ser o setor com maior salto até a Copa. A Frost & Sullivan prevê que as receitas das operadoras móveis no Brasil ultrapassem US$ 8,93 bilhões em 2014, ante pouco mais de US$ 2 bilhões em 2008. A Pyramid Research estima 48 milhões de smartphones, representando 30% de todos os celulares vendidos.

O tráfego será impulsionado por:

  • vídeo mobile,
  • pagamentos móveis (m-payment),
  • publicidade multicanal,
  • acesso a conteúdo sob demanda,
  • redes 3G, 4G e LTE.

Oportunidades:

  • fabricantes de smartphones e chips,
  • provedores de infraestrutura 3G/4G,
  • empresas de propaganda digital,
  • plataformas de conteúdo,
  • soluções de rede compartilhada,
  • sistemas operacionais móveis (Android, Apple, Symbian, Windows, RIM e Palm) competindo pela liderança.

Computadores e “Internet das Coisas”

O Gartner estima que a Copa de 2014 será assistida por boa parte do universo de 2 bilhões de computadores ativos no mundo. A venda de netbooks deve dobrar ano a ano. Ao mesmo tempo, a internet das coisas avançará: eletrodomésticos conectados à rede devem se popularizar, segundo a ABI Research.

Oportunidades:

  • integração entre fabricantes de linha branca/linha marrom e empresas de TI,
  • soluções de convergência,
  • chips para dispositivos conectados,
  • conteúdo para telas sensíveis ao toque,
  • infraestrutura de banda larga de alta capacidade.

Internet e Banda Larga

A internet será o principal canal de transmissão de informações durante a Copa. A Pyramid Research aponta crescimento anual de 9% na banda larga fixa e quase 30% na móvel até 2014. Os planos de universalização da banda larga — essenciais para o país-sede — devem se manter.

Estudos internacionais projetam:

  • US$ 55 bilhões em marketing interativo (Forrester),
  • US$ 70 bilhões em IPTV (Insight Research),
  • mais de meio milhão de usuários globais de IPTV até 2014 (ABI Research),
  • ao menos 15 milhões de brasileiros conectados (Cisco/IDC).

Oportunidades:

  • telecomunicações,
  • fabricantes de devices,
  • segurança digital,
  • conteúdo multimídia,
  • integradores de TI,
  • governança de TI,
  • videoconferência e colaboração.

Soluções Corporativas

Em 2014, várias tecnologias corporativas devem atingir maturidade, especialmente diante do crescimento explosivo de dados e da multiplicidade de dispositivos conectados.

Entre os destaques:

  • Business Intelligence (com mercado estimado em US$ 13 bilhões — Forrester),
  • Cloud computing (ABI Research),
  • armazenamento e mineração de dados,
  • balanced scorecard digital,
  • novas políticas de suporte após o fim do Windows XP.

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Um Brasil digitalizado em 2014

Até a Copa, o país terá passado por duas eleições presidenciais e por várias mudanças ministeriais, mas há forças que vão além da política: a transformação social impulsionada pela tecnologia. O usuário final — seja um torcedor acompanhando o Mundial ou um trabalhador em uma corporação — será o agente que moldará o mercado de TICs.

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Ao celebrar os 30 anos da Lei da Informática, em 2014, o Brasil se mostrará muito mais integrado, conectado e globalizado. Durante a Copa, o país terá a oportunidade de apresentar ao mundo um exemplo funcional da Economia Digital.

Ou, como diriam os técnicos após a preleção: é hora de entrar para ganhar.


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