Luiz Afonso dos Santos Senna, da UFRS
Luiz Afonso dos Santos Senna, professor doutor do Laboratório de Sistemas de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), relatou as contradições do sistema de transportes no País, em evento sobre construção de rodovias, realizado no início deste mês (junho), em Porto Alegre (RS), com a organização sob a responsabilidade da SAE Brasil.
De acordo com o especialista, “os transportes têm sido tratados como uma área de segunda divisão, principalmente pelos estados e municípios”. Luiz Afonso explica que acomodar e compatibilizar interesses locais e gerais são os primeiros desafios dos governos, além da necessidade de encontrar recursos para aplicar na infraestrutura e na sua operação. “Por conta disso, vê-se omissões”, afirma.
O professor lamenta o fato de muitas rodovias no Brasil terem pelo menos uma “curva da morte” e lembra que o País tem um total de 1,7 milhão km de estradas, mas apenas 12% são pavimentadas. “Más condições de manutenção e investimentos extremamente limitados mostram um país com baixo nível de rodovias”, expõe.
A engenheira Maria Cristina Ferreira Passos, superintendente do Centro de Pesquisas Rodoviárias do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Sul (DAER-RS), aponta desafios da manutenção da rede rodoviária, que envolvem manter a qualidade do rolamento (segurança e conforto), reduzir os custos operacionais e utilizar técnicas adequadas e sustentáveis. “Precisa-se de planejamento”, aponta. “É necessário conhecer as necessidades e a situação atual da rede pavimentada e não pavimentada, avaliar o tráfego e as condições socioeconômicas regionais”.
Maria Cristina fala ainda da dificuldade de se obter verbas de custeio para valores grandes e de utilização “inespecífica”, e a necessidade de se ter fontes contínuas de recursos nesse tipo de empreendimento. Por outro lado, cobra das empresas a execução das ações de conservação e as obras indicadas no tempo previsto, no prazo correto e com a qualidade requerida.
O RS detém 8,4% do total de rodovias pavimentadas federais, representando mais de 5 mil km de estradas, a segunda maior malha do país depois de Minas Gerais. O evento contou também com palestra da Ciber sobre soluções para pavimentos em asfalto e concreto, da Bomag Marini sobre tecnologia de compactação em rodovias, e da Greca Asfaltos sobre desempenho de asfalto-borracha.
Fonte: Revista O Empreiteiro