A Autoridade Portuária de Santos (APS), estatal que administra o Porto de Santos, vai assumir a construção de túnel Santos-Guarujá, além do projeto de aprofundamento do canal de acesso. Os recursos para as obras sairão do próprio caixa da empresa, que registrou R$ 2 bilhões no último exercício.
De acordo com a estatal, o projeto do túnel Santos-Guarujá é uma das prioridades da nova gestão. Atualmente, a travessia entre as cidades é feita apenas por balsa. A ideia é lançar ainda neste ano o edital da construção, que deverá custar aproximadamente R$ 5 bilhões.
A obra, que deve ser concluída em cinco anos, está prevista para começar em 2024.
Inicialmente pensado para ser uma concessão, no modelo de parceria público-privada (PPP), o projeto ganhou nova configuração e deve ser tocado pela APS, conforme adiantou em coletiva de imprensa o presidente da companhia, Anderson Pomini. A mudança visa garantir a cobrança de uma tarifa social pela passagem.
“Quando há uma PPP, o mercado se interessa, mas não existe milagre. O mercado investe porque pretende ter um retorno. Nossa intenção é prestigiar o social. Teremos uma tarifa que levará em consideração a atual cobrança da balsa. Daí a necessidade de realizar a obra com recursos próprios”, afirmou Pomini. Segundo ele, a companhia já possui 50% da verba necessária em caixa.
“Assim que tivermos a autorização dos órgãos competentes, em especial do Ministério de Portos e Aeroportos, além das licenças ambientais e publicação dos editais, damos início ao projeto, que também faz parte do nosso plano de metas.
Devemos ter o início das obras para 2024”, revelou o presidente.
O projeto de aprofundamento do canal de acesso também deverá ser feito diretamente pela gestão do porto.
Será contratada uma empresa para realizar estudos de ampliação de profundidade do canal de navegação para 17 m, o que atenderia navios acima de 366 m. A autoridade portuária planeja lançar o edital para o aprofundamento do canal entre o fim deste ano e o início de 2024, para que as intervenções tenham início já no próximo ano.
Pomini salientou que a não privatização do porto não implica em desaceleração de projetos. “Os 100 maiores portos do mundo são geridos pelo poder público. Em nenhum local temos um porto de interesse nacional administrado pelo setor privado. Temos que calibrar os interesses da sociedade com operações portuárias.
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Santos Port Authority (SPA), razão social da Autoridade Portuária de Santos, informa que encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 135,2 milhões, avanço de 91% sobre o mesmo período de 2021, conferindo à companhia o melhor resultado trimestral de sua história. O resultado foi impulsionado, segundo ela, pela combinação de aumento da receita e queda nos custos, possibilitada pelo foco em eficiência, austeridade e racionalização de recursos.