Sim, é necessário um plano B para depois da Copa. É de acreditar-se que as arenas esportivas, nas cidades que acolherão os jogos da Copa do Mundo de 2014, estarão concluídas no prazo. Várias delas estão dentro do cronograma. Há até algumas antecipações, como é o caso da Arena Castelão, em Fortaleza, que deverá ficar pronta agora em dezembro.
Para essas obras e para aquelas de mobilidade urbana efetivamente em curso houve mobilização de expressivos contingentes de trabalhadores. A construção civil absorveu essa mão de obra, estimulando-a e treinando-a para tarefas diversas nos canteiros. Muitos desses trabalhadores adquiriram prática, aprenderam a manipular equipamentos e materiais e se prepararam, a partir da apropriação desses conhecimentos, para mudança de condição de vida. Mas, e depois? E quando as arenas estiverem prontas? E, quando as obras de mobilidade urbana em andamento forem entregues e essa massa de operários se aperceber de que outras portas de emprego estarão se fechando?
Há informações sobre o que aconteceu depois das construções para a Copa em outros países. Muitos dos trabalhadores, desmobilizados, derivaram para outras atividades: foram vender isso e aquilo nas ruas, praças e praias, retomaram serviços no campo ou ficaram à espera de alguma oportunidade implausível. Outros tiveram chances melhores e continuaram empregados pelas empreiteiras, sendo transferidos para outras obras.
Por aqui as coisas não deverão ser diferentes. Mas, acaso as obras das refinarias em construção ou que ainda se encontram em fase de projeto e outras, a exemplo das obras rodoviárias, nas usinas hidrelétricas, ou aquelas previstas para o Rio de Janeiro, em função da Olimpíada, serão suficientes para receber tantos operários, alguns notoriamente especializados? O futuro é uma incógnita. E se torna urgente que o governo, trabalhadores e empresários tratem de costurar, com urgência, um plano B para depois da Copa.
O centros urbanos, já traumatizados pela violência diária, se tornarão ainda mais inviáveis, caso venha a abrigar uma desocupação sem esperança.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira