Vimos e ouvimos a presidente Dilma Rousseff fazer, em Ipojuca-PE, uma defesa vigorosamente enfática da Petrobras. Não poderíamos esperar algo diferente. A empresa é resultado de uma luta de décadas. Tem raízes na consciência mais profunda da nacionalidade. Desde que surgiu aquela primeira pergunta: Se os outros países têm petróleo, por que não teremos?
Como foi difícil consolidar a ideia de que a existência de petróleo no subsolo brasileiro não era apenas uma possibilidade, mas uma certeza absoluta. Foi necessário que há mais de 70 anos moradores de Lobato, na Bahia, sujassem as mãos de um óleo escuro e espesso, surgido à flor da terra, para que a verdade viesse à tona. Não havia como tergiversar. Constatou-se a presença de petróleo no Recôncavo baiano e, depois, em muitas outras regiões.
Contudo, a defesa presidencial vem com alguns anos de atraso. Poderia ter começado quando Dilma Rousseff ainda não era presidente. Talvez, à época, não fosse necessário mover montanhas para evitar que os estragos hoje denunciados, pudessem acontecer. Bastaria denunciar o começo do aparelhamento. Ou o aparelhamento que acaso já existisse.
Porque a Petrobras sempre foi uma enorme, definitiva referência. Tanto sob o aspecto gerencial quanto sob o aspecto do que sempre representou para a engenharia do País. Lembro a satisfação generalizada na sociedade com as descobertas de petróleo na Bacia de Campos e com a chegada, ali, das primeiras plataformas. E com a euforia provocada pelo desencadeamento de progressos técnicos no conjunto da cadeia produtiva. Hoje, ao sabermos que a empresa perdeu mais da metade de seu valor de mercado, dá uma vontade imensa de recomeço. Talvez ressuscitando a frase criada espontaneamente pelo professor carioca Otacílio Rainho, naqueles anos de luta em favor do petróleo: “O petróleo é nosso”.
Uma defesa eficiente não carece de um tom de campanha política. Carece de medidas práticas. E, estas, escasseiam.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira