A exemplo da Companhia Vale do Rio Doce e da Petrobras, a Usiminas conquistou, no início deste ano, a classificação grau de investimento das três principais agências de risco do mundo – a Standard & Poor’s, a Fitch e a Moody’s. Considerada uma das dez marcas mais valiosas do Brasil, segundo estudo da consultoria internacional Interbrand, a Usiminas está colocando em prática um agressivo plano de expansão a ser implementado até 2015, com a finalidade tornar-se líder absoluta no mercado brasileiro de aços planos. Atingir essa meta exigirá investimentos totais de cerca de US$ 8,4 bilhões. Um dos maiores projetos é o de expansão da unidade de Ipatinga (MG), visando um aumento de produção de 3,2 milhões de t de aço até 2011, data prevista para o início da operação. O valor dos investimentos na cidade mineira chega a US$ 4,3 bilhões e significará um aumento da capacidade atual de 4,8 milhões de t/ano para 7 milhões de t.
A licitação para fornecimento dos equipamentos já foi iniciada no início deste ano, com previsão de assinatura dos principais contratos no segundo trimestre de 2008. O início das obras está previsto para o primeiro trimestre de 2009 e o início de operação para o segundo semestre de 2011. Na prática, serão gerados 10 mil empregos diretos durante a fase de expansão e mais 1,7 mil empregos diretos e 3,5 mil indiretos no início das operações.
“O Sistema Usiminas busca consolidar sua liderança no mercado interno e aumentar sua inserção internacional. Para concretizar tais objetivos, será necessário não só aumentar capacidade, mas, principalmente, agregar valor. Para a concretização dessas aspirações, a empresa trabalha com o chamado Plano de Desenvolvimento – Visão 2015, que compreende investimentos de US$9 bilhões, os maiores já feitos em toda a história da siderurgia brasileira”, afirma o presidente Rinaldo Campos Soares.
Com a expansão, serão mais 500 t de chapas grossas, 600 mil t de laminados a quente e 320 t de aço HDB. As vantagens em realizar essa expansão na usina de Ipatinga, segundo o executivo, são as sinergias obtidas com as operações atuais, o menor risco operacional para o start-up e o menor prazo para implantação se comparado à opção greenfield.
Oferta de aços planos
O objetivo da empresa, segundo o presidente, é aumentar a oferta de aços planos ao mercado, atendendo, principalmente, à demanda crescente dos setores automotivo e industrial. No caso do setor automotivo, além do aumento da quantidade de novos tipos de aços serão disponibilizados no mercado, incluindo aços de alta resistência voltados para a demanda na produção de veículos de menor peso.
No caso do setor industrial, a Usiminas aposta no aço voltado para o setor petrolífero, com a produção atendendo a elaboração de tubos de grande diâmetro para a condução de petróleo e gás. A idéia é atender as mais restritivas exigências do mercado, através da utilização de aços de alta resistência.
Para aumentar a competitividade nestes dois mercados, a empresa implantará, no plano de Ipatinga, a coqueira 4, a sinterização 4, o alto-forno 4, a aciaria 3, as expansões da laminação de chapas grossas e da laminação tiras a quente, adequações na laminação de tiras a frio 2 e implantação da segunda linha de galvanização a quente.
“Os projetos serão realizados em etapas. Para o mercado interno, a definição dos investimentos partiu de uma projeção de crescimento médio da demanda de 5,1% ao ano até o final da próxima década, com diferenciações por linha de produto. Assim, a entrada dos equipamentos obedece às necessidades do mercado, que apontam para o consumo de produtos de maior valor agregado”, diz Soares.
Coqueria
Na prática, a área de coqueria, que atualmente conta com as coquerias 1, 2 e 3 e uma produção de 2,41 milhões t/ano de coque passará a 3,3 milhões t/ano com o funcionamento da coqueria 4. Mas, antes mesmo que a nova coqueria entre em funcionamento, a empresa ainda está fazendo a montagem da Coqueria 3, que tem como fornecedores os chineses Minmetals/MCC/ACRE. A previsão é que no segundo semestre de 2009, a coqueria entre em operação na Usina de Ipatinga.
Essa nova unidade permitirá à Usiminas eliminar o déficit na produção de coque que é importado principalmente da China e corresponde a 200 mil t/ano. A coqueria 3 tem um orçamento total de aproximadamente US$ 250 milhões e garantirá a produção adicional de 750 mil t/ano de coque, além da geração de gás, que será utilizado como combustível nos diversos processos produtivos. Com sua entrada em funcionamento, haverá a desativação da unidade 1, que opera há 44 anos.
No caso da sinterização, que conta atualmente com uma produção de 5,49 milhões t/ano de sinter e três plantas em funcionamento: 1, 2, 3, haverá um ganho adicional de 6,17 milhões t/ano de sinter com a implantação da sinterização 4.
A empresa também ganhará mais um alto-forno que, adicionados a outros 3 altos-fornos, significará passar dos atuais 4,5 milhões t/ano de gusa para 7,8 milhões t/ano de gusa. Esse quarto forno é considerado o maior da América Latina, com 5 mil m³ de volume.
Aciaria
Outra implantação prevista no plano de expansão da Unidade de Ipatinga é a de mais uma unidade de aciaria. Atualmente, existem as aciarias 1 e 2 que, juntas, produzem 4,8 milhões t/ano de aço líquido. Com a expansão, Ipatinga ganha a aciaria 3, responsável pela produção de mais 4,8 milhões t/ano de aço líquido. Com o início da operação da aciaria 3, as aciarias 1 e 2 terão sua operação reduzida e o valor da produção será de 8 milhões t/ano de aço líquido.
No caso da laminação de chapas grossas (LCG), a unidade de Ipatinga conta com uma com capacidade instalada de 1 milhão t/ano de placas. Com a expansão, haverá a implantação de forno de reaquecimento, laminador desbastador e resfriamento acelerado que significará um adicional de 500 mil t/ano de placas.
Na laminação de tiras a quente, responsável por 3,6 milhões t/ano de placas, a expansão significará a implantação de um forno de reaquecimento e de um laminador vertical e um aumento da produção de 150 mil t/ano de placas. Nas duas linhas de laminação de tiras a frio (LTF1 e LTF2), que respondem por 2,4 milhões t/ano de BF, haverá adequações para o aumento de capacidade, que passará, a 2,8 milhões de t/ano de BF.
Para a expansão
de Ipatinga a Usiminas também investirá na galvanização a quente. Com uma linha de galvanização a quente que produz 460 mil t/ano, a projeção da empresa é aumentar em mais uma linha de galvanização, que produzirá 550 mil t/ano de HDB, totalizando, no futuro, em 1,01 milhão t/ano de HDB.
Além das aspirações da liderança absoluta no mercado nacional, a Usiminas, segundo seu presidente, também deseja se tornar um importante fornecedor no mercado internacional de placas e laminados. Para isso, pretende consolidar a parceria com líderes globais da indústria de aço na sua desconstrução, com a presença internacional (própria ou através de parceiros) para acesso a esses mercados.
Meio ambiente
Para diminuir os impactos ambientais provenientes do plano de expansão de Ipatinga, no que se refere às emissões atmosféricas dos novos equipamentos do processo, a Usiminas aplicará o sistema de extinção a seco da coque, dessulfuração de todo gás de coqueria, sistema de captação e tratamento de vapores orgânicos das plantas carboquímicas e precipitadores eletrostáticos e filtros de mangas. Na geração de gases siderúrgicos, haverá aproveitamento dos gases nos processos siderúrgicos e geração de energia elétrica (CTE3 – 90MW).
Já no uso de água e geração de efluentes hídricos dos novos equipamentos de processo, a Usiminas criará 15 centros de recirculação de água industrial, com recirculação de 96% e fará tratamentos de efluentes líquidos da coqueria (tratamento biológico), de águas pluviais e dos efluentes da galvanização.
Na geração de efluente sanitário, a empresa implantará seis unidades compactas de tratamento de esgoto. Já na geração de resíduos sólidos, a empresa fará um gerenciamento de resíduos sólidos, com aumento da comercialização, reciclagem e redução da disposição em aterro, além da reciclagem de lamas e pós contendo ferro na Central de Tratamento e Reaproveitamento de Resíduos.
Fonte: Estadão