Nildo Carlos Oliveira
Vimos e lemos sobre o 1º de Maio no mundo. Na Europa as coisas ficaram feias. A chamada zona do euro sufoca os trabalhadores. Está em curso um processo de eliminação de direitos trabalhistas, eufemisticamente denominado de políticas de austeridade. Contudo, é sufoco mesmo, para não dizer assalto ao bolso dos prejudicados.
São políticas para deixar o servidor público e todas as demais categorias de trabalhadores ao rés do chão. Os governos de lá adotaram economias que não se ajustaram à realidade e, como saída para tentar desatar o nó que eles próprios fizeram, resolveram colocar a corda no pescoço dos mais fracos.
O impacto social daquelas medidas produziu as cenas que vimos e as notícias que lemos. E os governos colocaram a polícia para espancar trabalhadores e neutralizar as reações provocadas pela quebra de compromissos históricos.
Enquanto isso, por aqui aparentemente não há motivos que justifiquem reações sequer semelhantes. Tanto é que, em vez de manifestações contrárias às políticas municipais, estaduais e federais em relação ao respeito devido às diversas categorias de trabalhadores, o que houve foram showmícios. Surgiram discordâncias entre potenciais candidatos futuros: uns criticando a falta de um controle mais firme da inflação e outros considerando que o controle que existe, é suficiente. Mas os desentendimentos se esgotaram por aí, sem quebra de procedimentos protocolares.
E, no entanto, há motivos para as mais diversas categorias profissionais irem além dos showmícios.
Não apenas pela questão salarial, mas por conta das mudanças em diversos campos. Saúde, transporte público, gargalos na infraestrutura, propaganda enganosa que toma corpo do topo à base da pirâmide do poder e a violência urbana, dentre outras motivações.
Os showmícios podem até ser bons, mas constituem uma maneira de jogar poeira nos olhos dos mais frágeis a fim de que eles não vejam ou sejam tolerantes com essa realidade. É para que tudo fique como está para ver como é que fica.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira