O presidente que veio do Sul

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Nildo Carlos Oliveira

Está aí um discurso que merece maior repercussão do que a que vem tendo. Trata-se da peça pronunciada pelo presidente José Mojica, do Uruguai, na recente Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Todos os principais discursos proferidos naquele encontro valem pelo peso político dos países ali representados dentro da estrutura global. Mas, o discurso de Pepe Mojica, vale pela importância humana e pelas reflexões disseminadas, capazes de mexer com a consciência de cada um. Estou reproduzindo apenas algumas das reflexões lançadas pelo presidente:

“Amigos, sou do sul, venho do sul. Esquina do Atlântico e do Prata, meu país é uma planície suave, temperada, uma história de portos, couros, charque, lã e carne.

Carrego uma gigantesca dívida social, com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América. Carrego o dever de lutar por uma pátria para todos.

A tolerância é o fundamento de poder conviver em paz entendendo que, no mundo, somos diferentes.

Ocupamos o templo com o deus mercado, que organiza a economia, a política, os hábitos, a vida e até nos financia, em parcelas e com cartões, a aparência de felicidade.

Parece que nascemos apenas para consumir e consumir, e quando não podemos mais consumir, nos enchemos de frustrações, pobreza e até a autoexclusão.

Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que seu deu á vida.

Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão, com equipamentos eletrônicos, como se fôssemos felizes longe da convivência humana.

Seria imperioso conseguir consenso planetário para desatar a solidariedade com os mais oprimidos, castigar impositivamente o esbanjamento e a especulação.

A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado.

Há marketing para tudo: até para os cemitérios e os serviços fúnebres. Tudo é negócio.

Hoje o mundo é incapaz de criar regras planetárias para a globalização.

Amigos, creio que é muito difícil inventar uma força pior do que o nacionalismo chauvinista das grandes potências.

Se aspirarmos a consumir como um americano médio, seriam imprescindíveis três planetas para poder viver.

Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por um milagre e nada vale mais do que a vida”.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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