Anel de compressão de 1 kmsustentará a estrutura que daráabrigo aos espectadores
Augusto Diniz – Brasília (DF)
Oanel de concreto de compressão pronto e o maior desafio da obra do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha concluído. Resta agora montar a cobertura da arena, que será apoiada no anel de quase 1 km de extensão sobre as arquibancadas superiores.
“Foi de grande complexidade pelas suas dimensões e pela sua função. O anel de compressão é de estrutura de concreto, raro nesse tipo de projeto”, explica a engenheira Maruska Lima, diretora de obras especiais da Novacap, empresa do governo do Distrito Federal responsável pela construção do estádio que irá sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014 na capital federal.
O novo estádio está sendo construído no mesmo eixo do estádio anterior existente, que foi totalmente demolido. O consórcio formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e Via Engenharia realizam as obras civis. A previsão de término total dos trabalhos é fevereiro do ano que vem. Mais de 80% das execuções já foram realizadas. O custo da obra é de cerca de R$ 800 milhões.
O referido anel circular tem exatos 980 m de perímetro, 308 m de diâmetro e 22 m de largura. Ele é facilmente visível, pois encontra-se no topo do estádio, apoiado em 288 pilares de 36 m de altura e 1,2 m de circunferência cada, que circundam a parte externa da arena de forma independente da estrutura das arquibancadas e dão forma arquitetônica ao local.
A cobertura que será ali inserida cobrirá todos os assentos. No total, 28 placas de aço de 2,4 t cada dispostas sobre o anel e cabos tensionados sustentarão o prolongamento da cobertura em lona tensionada de 47 mil m².
A marquise, a partir do piso térreo, terá 36 m de altura e com faixa de cobertura de 82 m. Em dezembro chegará a membrana tensionada ao canteiro de obras para instalação no estádio. Atualmente, se realiza a preparação para montagem do abrigo dos espectadores.
Sobre o anel, 9.600 placas fotovoltaicas serão instaladas para geração de 2,54 MW – 45% da energia gerada será consumida no estádio e o restante, distribuída à rede pública. A Companhia Energética de Brasília (CEB) e Terracap, Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, farão o gerenciamento da energia gerada no local.
Os trabalhos da cobertura estão sendo conduzidos pelo consórcio formado pelas empresas Entap, Protende e MarkMax – Taiyo Birdair do Brasil.
Arquibancada demolida
Uma parte da arquibancada do antigo estádio existente chegou a ser preservada, mas posteriormente foi demolida. Havia problema de visibilidade, que não atendia o padrão da Fifa e que só foi detectada depois que as obras já estavam em andamento na arena. “A decisão de demoli-la aconteceu logo depois da Copa do Mundo de 2010”, relata Maruska Lima.
O estádio de Brasília é composto de arquibancada inferior (22 mil lugares), trecho intermediário integrado por 74 camarotes (6 ou 7 mil pessoas) e arquibancada superior (39 mil lugares). A área de imprensa deverá ter 2.850 posições. Toda a arquibancada do estádio já foi concluída. A sua capacidade é de 71 mil espectadores.
A arquibancada inferior e os camarotes foram concretados in loco, isso inclui pilares, vigas e vigas-jacaré, além dos degraus e assentos. Já nas arquibancadas superiores, os lances de assentos foram montados com pré-moldados produzidos no próprio canteiro, para acelerar a obra, de acordo com a engenheira da Novacap.
Dois túneis, localizados em posições opostas e partindo do lado externo da arena, dão acesso ao interior do estádio junto às delegações. A edificação terá oito rampas de acesso de público às arquibancadas.
O gramado sofreu rebaixamento de 4,8 m e a distância entre o campo e o primeiro assento de arquibancada é de 7,5 m (distância mínima determinada pela Fifa).
Um guindaste Kobelco SL 6000 de 600 t e lança de 87 m, estacionado no meio do campo, dá suporte aos trabalhos. Ele fez o lançamento dos degraus de concreto pré-moldados da arquibancada superior, composta de 1.064 peças, que chegavam a pesar 13 t cada.
No total, foram utilizadas 12 gruas de médio e grande porte na obra, em diversas atividades no canteiro. Dentre os trabalhos por elas realizados incluem a execução e montagem dos perfis e chapas de contraventamento dos pilares do estádio.
Atualmente, 4 mil pessoas trabalham na obra, divididas em três turnos, sendo que 500 se dedicam exclusivamente às instalações eletromecânicas do estádio.
Arquitetura
O arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que desenvolveu o plano-piloto de Brasília, previa a construção de um estádio na cidade com 110 mil lugares, mas acabou se decidindo por um para 42 mil pessoas – respeitou-se, porém, os conceitos do projeto inicial proposto por Costa. Para o atual estádio em obras, fez-se um novo projeto, conduzido pelos arquitetos Eduardo Castro Mello e Vicente Castro Mello, filho e neto, respectivamente, de Ícaro de Castro Mello, projetista do antigo estádio Mané Garricha.
Nesse novo projeto, respeitaram-se as características das edificações-marco da capital federal. A sequência marcante de pilares no entorno da arena segue as linhas utilizadas nos palácios do Planalto, da Justiça e do Itamarati – todas essas edificações, assim com o Estádio Nacional, se localizam no Eixo Monumental de Brasília.
O escritório Castro Mello Arquitetos utilizou, na elaboração do projeto, a solução BIM (Building Information Modeling) da Autodesk e placas de processamento de alta performance da Nvidia para simulações diversas de ambiente. Além disso, realizou consultoria para que o empreendimento obtivesse a certificação Leed Platinum (Leadership in Energy and Environmental Design) de construção sustentável.
O Estádio Na
cional de Brasília terá características de arena multiúso e passará por licitação para que uma empresa especializada o administre e garanta um calendário permanente de eventos.
O governo do Distrito Federal ainda prepara projeto básico de requalificação do entorno do local.
Ficha técnica
Obra: Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
Proprietário: Governo do Distrito Federal
Responsável pela execução: Novacap
Local: Brasília (DF)
Capacidade: 71 mil lugares
Término previsto: Fevereiro/2013
Custo: R$ 800 milhões
Área do terreno: 120 mil m²
Área construída: 214 mil m²
Projeto: Castro Mello Arquitetos – Eduardo de Castro Mello
e Vicente de Castro Mello (autores)
Construção: Consórcio Brasília 2014 (Andrade Gutierrez
e Via Engenharia)
Projeto da cobertura: Schlaich Bergermann & Partner (SBP)
Cobertura (construção): Entap, Protende e MarkMax – Taiyo Birdair do Brasil
Fonte: Padrão