Por que ela foi abandonada? Acaso a pressão de grupos de moradores do Jardim Guedala e da Previdência, em São Paulo (SP) teria sido suficiente para levar o governo paulista a colocar uma pá de cal no projeto, já aprovado, para a construção da estação Três Poderes? E, se o governo ouviu um dos lados, por que não ouviu o outro?
As indagações estão na perplexidade de muitos moradores daqueles bairros. Sobretudo, estão na perplexidade dos usuários do metrô, que contavam com aquela estação considerada imprescindível à ampla região abrangida pelas avenidas Professor Francisco Morato e Eliseu de Almeida, cotidianamente castigadas pelo intenso tráfego local, de outras cidades próximas, como Embu, Taboão e Itapecerica da Serra, e dos estados do Sul.
Uma vez já havia tocado no assunto dessa estação abandonada nos planos da linha 4 (Amarela). Mas, artigo de José Sérgio Toledo Cruz, membro da comissão de política urbana da Associação Comercial de São Paulo e diretor do Jornal do Butantã, me induziu a retomar o tema e recolocar, para os interessados, que são milhares, aquelas indagações.
Foi em 2005 que o governo do Estado desistiu de construir a estação Três Poderes. A decisão impede que ao longo de um trecho de 2,4 km de extensão, usuários tenham acesso a uma estação intermediária entre as estações do Butantã, recentemente inaugurada, e a São Paulo-Morumbi, ainda sem data precisa para ser colocada em funcionamento. E anotem que não se trata de um trecho vazio no meio do nada. É um espaço amplo, densamente urbanizado, onde funcionam comércio, pequenas indústrias, hospitais (o pronto socorro e hospital Iguatemi estão ali perto) e por onde uma multidão de potenciais usuários se encontra cotidianamente em trânsito.
Ocorre que o projeto da estação Três Poderes previa um terminal de ônibus nas proximidades. Isso assanhou os ânimos de alguns moradores, que se articularam e protestaram contra o futuro funcionamento do terminal, que seria mais um fator de insegurança nos bairros. De sorte que, por conta disso, a estação acabou eliminada do plano do metropolitano. Resumindo: em vez de prever e prover segurança para o futuro terminal de ônibus, o governo achou melhor deixar os principais interessados sem a estação Três Poderes.
Dizem, hoje, que uma vez postas em operação todas as demais estações da linha 4, a posição assumida pelo governo, há sete anos, em relação a Três Poderes, poderá ser revista. Será? Tenho absoluta convicção de que, se não houver cotidiana e sistemática cobrança desse posicionamento, por parte dos moradores do Butantã e suas entidades representativas, a Três Poderes continuará a ser aquela estação que "um dia foi sem nunca ter sido".
Fonte: Estadão