Talvez não seja necessariamente uma festa. Na visão deles, o trabalho legislativo exige essas coisas que um autor uma vez chamou de "folganças califárias". Mas, vamos e venhamos, um vereador custa mesmo muito caro aos cofres da Paulicéia. Leio, na ótima reportagem de José Benedito da Silva, na FSP de hoje, que com o reajuste de 61,8%, cada gabinete da Câmara Municipal vai custar R$ 114,8/ mês.
A matéria informa que além do vencimento de R$ 15,031, cada vereador conta com uma verba de R$ 84,4 mil para contratar até 18 assessores e com mais R$ 15,3 mil para despesas com gráfica, correio, telefone, combustíveis. É uma festa ou uma necessidade?
Alguns políticos consideram que esses gastos são compreensíveis. Correspondem às exigências para garantir a democracia. A democracia, segundo esse entendimento, requer despesas múltiplas com o conforto nos veículos e no gabinete; com o atendimento rápido dos assessores na hora em que são acionados para identificar esse ou aquele projeto; com a mobilidade, quando o vereador é solicitado para encontros nos bairros ou no gabinete do prefeito e com a intimidade em relação aos problemas da cidade. Mas, ele precisaria de toda essa parafernália de que se cerca para cumprimento de seus quefazeres no Legislativo? E, acaso, estariam cumprindo, com eficiência, as suas tarefas?
É muito dinheiro gasto. E, lastimavelmente, grande parte dessas verbas é aplicada com boletins, correio, telefones e material de autopromoção. Em muitos casos o dinheiro público some pelo ralo, enquanto a cidade sangra nas enchentes, a população sofre com a carência de creches e não é erguida nenhuma barreira contra a falência da saúde nos hospitais.
Definitivamente, a democracia estaria mais garantida se a montanha de dinheiro que é colocada à disposição dos vereadores se destinasse à solução dos graves problemas que asfixiam a população. Os vereadores não mereceriam tanto.
Fonte: Estadão