Em 1929, a crise que afetou financeiramente o mundo - também emanada dos Estados Unidos, a exemplo da atual -, interrompeu os entendimentos para obtenção de financiamentos que patrocinariam a construção de uma estrada entre a cidade de São Paulo, no alto do Planalto Paulista, à de Santos, na Baixada Santista, ainda naquele ano. A Câmara dos Deputados de São Paulo, atual Assembléia Legislativa, já tinha concedido o direito de realizar a obra para Luiz Romero Sanson e D. L. Derrom, como empreendimento privado. Mesmo com o direito concedido, a crise econômica atrasou em dez anos o início das obras da Via Anchieta. Somente em 1939, teria início a construção propriamente dita. Os altos padrões técnicos adotados quase colocaram em risco sua viabilização, pois chegou a ser considerada desnecessária por autoridades do Estado Novo, face aos seus custos elevados. A Segunda Guerra Mundial também prejudicou o andamento dos trabalhos na Via Anchieta que, em meados de 1940, tinha concluída a terraplanagem dos primeiros 10 km, do total de 55,9 km.A inauguração da pista ascendente aconteceu em abril de 1947. A entrega da segunda pista, em 1953, trouxe mais tráfego, com o crescimento do Porto de Santos e da Baixada Santista. A rodovia, que faz ligação entre a região metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista, passando pelos municípios de São Paulo, São Bernardo, Cubatão e Santos, foi uma das primeiras a serem construídas no Brasil segundo padrões técnicos modernos e rigorosos para a época, tais como curvas horizontais com raio mínimo de 50m, faixa entre cercas de 20m, pista de 6m e pavimento de concreto. Mesmo com seus 58 viadutos, 18 pontes, cinco túneis, a Via Anchieta dava visíveis sinais de saturação e, em 1968, o governo paulista tomou a decisão de construir a Rodovia Imigrantes. As obras, iniciadas pelo trecho de Planalto, foram inauguradas seis anos depois. Foram aplicadas na Via Imigrantes tecnologias avançadas de construção de túneis e viadutos de grandes extensões, sustentados por pilares de até 100 metros de altura. No trecho da serra, são 16 km de viadutos e túneis sucessivos.Para gerenciar a construção da nova rodovia foi criado o Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa), sociedade anônima de capital misto constituída em 1969. A partir de sua entrega ao tráfego, a Imigrantes passou a compor, juntamente com a Via Anchieta, o Sistema Anchieta-Imigrantes, com 176 km de extensão. A Imigrantes tem 44 viadutos, sete pontes e 11 túneis, em 58,5 km de extensão, de São Paulo até Praia Grande. Como parte do Programa de Concessões do Governo do Estado, o sistema passou a ser administrado pela concessionária Ecovias dos Imigrantes, controlada pela holding EcoRodovias, por um período de 20 anos, segundo contrato firmado em 27 de maio de 1998.A segunda pista da rodovia, chamada de Pista Sul, foi inaugurada em 17 de dezembro de 2002 e custou cerca de US$ 300 milhões, que a concessionária arcou integralmente. Em seus 23 km de extensão existem nove viadutos e três túneis, dois deles considerados os dois maiores do País, com 3.146 m e 3.006 m de extensão. Durante a obra, que aconteceu entre 1998 e 2002, a concessionária colocou em prática medidas de proteção ambiental, principalmente nas escavações dos túneis. Essas medidas, aliadas a um plano logístico para execução da obra resultaram na redução, em 40 vezes, da área afetada da Mata Atlântica, em comparação com a construção da primeira pista, na década de 1970. Naquela ocasião, foram afetados 1.600 hectares da floresta, reduzidos a 40 hectares. Outra medida ecológica tomada em 2005, foi a implantação do asfalto ecológico na recuperação do pavimento. Até o final de 2007 aproximadamente 70 km do Sistema receberam aplicação deste tipo de pavimento, onde foram utilizadas 130 mil toneladas de asfalto borracha, produzido pela usina de asfalto adquirida pela Ecovias em 2005. A expectativa da concessionária é que nos próximos dez anos, um milhão e meio de pneus sejam retirados do meio ambiente para serem utilizados no programa de recuperação de pavimento do Sistema Anchieta-Imigrantes, complexo que cruza 45 km do Parque Estadual Serra do Mar, expressiva reserva da Mata Atlântica remanescente no Brasil. A Ecovias foi a primeira concessionária de rodovias do mundo a obter o Certificado de Gestão Ambiental ISO 14001. Atualmente, o Sistema Anchieta Imigrantes é o principal corredor de exportação da América Latina, com um movimento anual superior a 30 milhões de veículos e 80 mil ao dia. Nos finais de semana e nos feriados é, para milhares de pessoas, o caminho para o lazer e para as praias do litoral paulista. O trajeto é formado pelas rodovias Anchieta, dos Imigrantes, Padre Manoel da Nóbrega (antiga Pedro Taques), Cônego Domênico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá) e duas interligações entre a Anchieta e a Imigrantes, uma no Planalto e outra na Baixada.InvestimentosAo completar dez anos em 2008 à frente da administração do Sistema Anchieta-Imigrantes, a Ecovias investiu R$ 184 milhões em obras de ampliação e melhorias das rodovias. O valor é o maior já investido pela concessionária em um único ano desde a construção da pista descendente da rodovia dos Imigrantes.Do total, cerca de R$ 84 milhões foram destinados à construção de viadutos para melhorar as condições de tráfego em direção ao Porto de Santos, ao pólo industrial de Cubatão e às praias do litoral sul. Outros R$ 62 milhões foram destinados ao Programa de Recuperação de Pavimento da concessionária e à manutenção de pontes, viadutos e passarelas. Entre as principais obras programadas realizadas este ano, o destaque fica por conta da construção de dois viadutos, um na rodovia Padre Manoel da Nóbrega e outro na rodovia Cônego Domenico Rangoni. As obras eliminaram cruzamentos em níveis e melhoraram o tráfego nas duas rodovias litorâneas.A implantação da segunda parte do projeto de segurança da serra da via Anchieta foi outro projeto realizado. Até o final de abril, a concessionária instalou no trecho de serra da pista norte 2.730 metros de barreiras de concreto, 7 pórticos, 10 semi-pórticos e duas lombadas eletrônicas para a fiscalização de velocidade. A instalação desses dispositivos de segurança teve início em junho de 2007, com a revitalização de toda sinalização dos 15 km do trecho de serra da pista sul, além de implantação de sete lombadas eletrônicas e 3.639 metros de barreiras de concreto, com o objetivo de reduzir a quantidade de acidentes naquele trecho.A revitalização da sinalização do trecho de planalto da Via Anchieta e das rodovias da Baixada Santista também estão programadas. Grande parte da sinalização instalada às margens da rodovia foi substituída por placas aéreas, colocadas em pórticos, semi-pórticos, passarelas e viadutos. As novas placas têm mais refletividade e letras maiores, permitindo melhor visualização. A sinalização de solo também foi reforçada. Além disso, a concessionária intensificará o trabalho de recuperação de obras de arte (pontes, passarelas e viadutos). Desde que assumiu a administração do Sistema Anchieta-Imigrantes, a Ecovias já investiu cerca de R$ 2,194 bilhões. Fonte: Estadão