Gustave Eiffel, imortalizado com o projeto e a construção da torre metálica que leva o seu nome em Paris, deu largas passadas pelo mundo. E, embora não haja evidências de que andou por terras brasileiras, o fato é que ele disseminou influências e registrou sua marca por aqui também. Ele se fez engenheiro do mundo, um mestre que proporcionou assistência ao escultor Frédéric Augusto Bartholdi, responsável pelo projeto da Estátua da Liberdade, na ilha do mesmo nome, à entrada do porto de Nova York.
Mas teria ele circulado por esse Brasil afora? Passou algum tempo por aqui? Aparentemente não há dados nesse sentido. Do mesmo modo como não há registros de que esteve em Maputo, quando esta capital de Moçambique era chamada Lourenço Marques. E, no entanto, a tradição documenta que naquela cidade há uma casa construída por ele, todinha com peças metálicas.
Na época em que ele viveu e amadureceu profissionalmente, obras internacionais de engenharia, que incorporavam a tecnologia metálica, se agigantavam em todas as áreas. Tanto é que aquele sistema construtivo deixou marcas profundas na construção brasileira do começo do século passado. Temos aí os exemplos da Estação da Luz, cuja gare foi concebida e projetada com elementos metálicos. E o viaduto Santa Ifigênia, para não falar em outras obras. Essa ligação entre o largo São Bento e a igreja de Santa Ifigênia foi inaugurada em 1913 pelo prefeito Raymundo Duprat.
Eiffel projetaria o seu nome — e a tecnologia construtiva de sua preferência — em obras memoráveis, de que a torre de Paris, com 324 m de altura e 7.300 t de ferro, é o exemplo mais difundido. Mas não ficaria apenas na torre de Paris, construída para receber, na “Cidade Luz”, a Exposição Universal de 1889.
Ele possuía antecedentes germânicos. Nasceu em 1832 em Dijon e estudou na Escola Central de Artes e Manufaturas em Paris. Formou-se em engenharia química, mas derivou para o ramo da metalurgia, onde se sentia mais à vontade. E foi desenvolvendo projetos para estruturas metálicas que ele concebeu o Farol de Salinópolis, no Pará, com 50 m de altura, formado por um tubulão central e estais laterais, e de cuja construção participou outro engenheiro francês. Da mesma forma, ele projetou o Farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio, cuja inauguração ocorreu em julho de 1882.
Se não esteve no Brasil, ao menos privou, durante dois anos, da hospitalidade portuguesa, em Barcelinhos. E ali fez notáveis projetos, dentre os quais a ponte de Dona Maria Pia, sobre o rio Douro, além da ponte dupla de Viana do Castello.
Quando Gustave Eiffel faleceu em dezembro de 1923, aos 91 anos, ainda se mostrava inquieto e de olho no futuro, pesquisando avanços na meteorologia e na aerodinâmica. O importante é que ele nunca deixou de ser um engenheiro de seu tempo. E de todos os tempos.
Fonte: Revista O Empreiteiro