A tecnologia que faz navios e plataformas semi-submersíveis constrói escavadeiras

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Hyundai vendeu duas mil escavadeiras hidráulicas e carregadeiras frontais
no Brasil em 2008

Hyundai Heavy Industries é a empresa-mãe por trás do sucesso dos equipamentos de construção e do carro utilitário Tucson, fabricado pela divisão de automóveis, que já se tornou um case clássico no mercado mundial. A marca sul-coreana, atuando através do seu distribuidor máster BMC e sua rede de 18 distribuidores regionais, vendeu duas mil escavadeiras e carregadeiras frontais em 2008 no Brasil.

“Temos a tecnologia ao nível do Japão e praticamos um preço que fica no meio das máquinas japonesas e chinesas”, afirma um gerente de produção da fabrica da HHI em Ulsan, na Coreia. Obviamente, é uma simplificação, mas contém uma boa dose de verdade.

Essa fórmula começa na cultura de tecnologia da empresa. A HHI foi constituída em março de 1972. O estaleiro naval é um exemplo típico e foi sua atividade pioneira. Em 27 anos, a empresa expandiu-se para fabricação de motores marítimos, plataformas off-shore, plantas industriais de todo tipo, equipamentos elétricos, e máquinas de construção.

Enquanto que a China compete com seu baixo custo para produzir navios de tecnologia convencional, como graneleiros e petroleiros de projeto padrão, a Hyundai monta navios para transportar gás natural liquefeito, que mantém sua carga a -163º C, porta-conteineres cada vez maiores e plataformas semi-submersíveis para armazenar e processar óleo e gás natural, com características para operar em águas profundas, destinadas a empresas petroleiras que buscam qualidade e segurança em primeiro lugar, em vez de preço. A empresa coreana inclusive presta serviços à Petrobras na bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
Ela investe vastas somas para pesquisa e desenvolvimento em seus cinco institutos próprios de tecnologia, além de financiar projetos em faculdades de engenharia pelo país. O track record da HHI é impressionante. Para quem não ossuía sequer um estaleiro e teve que enviar 60 engenheiros para Escócia para adquirir know how, ela se transformou num dos líderes da indústria naval mundial. Em pouco mais de dez anos. Já entregou 1.505 navios, num total superior a 120 milhões DWT, a armadores de 45 países. Rompeu o paradigma do setor ao construir navios petroleiros de 105.000 DWT e gaseiros LPG de 82.000 m3 em terra, sem utilizar dique seco. Foi inevitável avançar para motores navais e estacionários, a partir de 1978, vindo a capturar hoje 35% do mercado global.

O ingresso no setor offshore foi natural, com o fornecimento de 89 jaquetas e estruturas de deck para o porto industrial de Jubail, na Arábia Saudita, em 1976. Essa divisão concluiu com sucesso três milhões tm de instalações offshore e 4.800 km de dutos submarinos para 30 empresas petroleiras.

Entrou no Guiness Book of Records, em 2002, ao entregar a unidade flutuante de produção Na Kika para a Shell, de 31.247 tc, medindo 70 m de altura, 81 m de largura e 92 m de comprimento. O recorde se deve à instalação da superestrutura de 12.000 tc sobre a quilha de 18.000 tc, que teve de ser içada a 53m de altura.

A divisão de equipamentos de construção começou a produzir em 1985 e atualmente fabrica mais de 96 modelos de escavadeiras hidráulicas, carregadeiras frontais, empilhadeiras industriais e carregadeiras compactas skid steer. São 477 distribuidores locais em 110 países, inclusive 19 no Brasil, sendo o distribuidor máster a BMC Brasil Máquinas, em São Paulo.
A Série 9 das escavadeiras Hyundai Robex, recentemente introduzida, incorpora o sistema hidráulico posi-nega patenteado – considerado o mais avançado da indústria – além de gerenciamento remoto via satélite GPS e design renovado. Incluindo a Série 7, são 30 modelos de escavadeiras de esteiras de 11 a 82 tm. A linha de carregadeiras frontais vai de 125 a 335 HP, equipadas com motor Cummins, transmissão ZF, Z-bar standard na caçamba, porta-ferramenta integrado e versão para longo alcance, em 15 modelos.

Outro segredo do sucesso da marca nos países emergentes é que ela não sobrecarrega seus equipamentos com eletrônica embarcada, mas incorpora o essencial para otimizar a produção das máquinas, proteger seus sistemas críticos e dar suporte à manutenção. Como testemunharam construtoras de Guatemala e República Dominicana que estavam visitando a fábrica da Hyundai em Ulsan e o campo de provas de equipamentos em Chungju, o mecânico próprio da empresa treinado pelo distribuidor da marca consegue reparar as panes mais comuns e não precisa deixar a máquina parada à espera do técnico do distribuidor. Essa simplicidade na manutenção é importante em canteiro de obras ou minas, que ficam em regiões remotas, com acesso por estradas nem sempre transitáveis em épocas chuvosas.

Fonte: Estadão


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