A reportagem Solo perde biodiversidade, do jornalista Jim Robbins, no suplemento do The New York Times trazido na FSP de hoje, levanta questões que invariavelmente esquecemos no dia a dia na terra. A rigor nós nos esquecemos até de que estamos por aqui, sobre ela – a terra – ou em seu subsolo, usufruindo das possibilidades que ela nos oferece.
A matéria, sem apelo maior à profundidade que poderia extrair de estudos científicos, diz que tudo depende dela. A cadeia alimentar, por exemplo. A vida, por exemplo. Ela é um dos quatro maiores reservatórios de biodiversidade do Planeta. E, no entanto, o solo vai perdendo essa riqueza. O ecossistema fica comprometido. O uso equivocado, no processo de trabalhá-la e de urbanizá-la, vai corroendo e fragilizando as suas entranhas. E a biodiversidade se ressente disse, se encolhe, perde terreno. O jornalista refere-se a estudo segundo o qual a biodiversidade de quase 5% do solo dos Estados Unidos estaria “sob risco de perda substancial ou completa extinção devido à agricultura e à urbanização”.
O comentário leva a pensar nas tragédias praticadas por aqui. Vamos acabando com as matas nativas, vamos provocando erosões pelo país afora e vamos impermeabilizando o solo urbano até a sufocação. E é como se não estivéssemos preocupados com a devastação e a desertificação. Apesar dos apelos à sustentabilidade, os avanços na arte de construir continuam invariavelmente predatórios. Ampliamos as áreas de risco, poluímos rios, lagos e mares e, com a exacerbação das mudanças climáticas, criamos os meios para que a terra um dia se rebele. E vamos pagar o pato.
Alberto Tamer
Ao final de cerca de 50 anos trabalhando, todos os dias, no jornal O Estado de São Paulo, morreu ontem, em São Paulo, o colega Alberto Tamer. Ele se especializou no tratamento de matérias econômicas. Didático, correto, era considerado um “tira-dúvidas”, nesse campo. Morreu com 81 anos: insuficiência cardíaca. Vai ser difícil continuar sem ele e sem a sua iluminada inteligência.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira