A pequena Juruti, no Oeste do Pará, deixou a economia de subsistência para se tornar o palco de um dos maiores e mais desafiadores projetos de mineração do mundo: a nova mina de bauxita da multinacional americana Alcoa. Com investimentos de US$ 1,5 bilhão (R$ 3 bilhões), o megacomplexo entra na reta final de construção, com previsão de inauguração oficial.
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O empreendimento transformou a cidade, cujo PIB per capita anual era de apenas R$ 2.331. A região, que abriga um potencial de 700 milhões de toneladas de bauxita em seu solo, sendo 180 milhões de toneladas já confirmadas (suficientes para 70 anos de exploração), será um pilar estratégico no fornecimento de matéria-prima para a refinaria Alumar, em São Luís (MA).
Logística e Desafios de Engenharia na Floresta
A construção do complexo, que inclui mina, ferrovia e porto, revelou-se um desafio de grande porte, tanto do ponto de vista ambiental quanto de engenharia e logística. O presidente da Alcoa na América Latina e Caribe, Franklin Feder, destacou: “Abrir uma mina é uma tarefa difícil em qualquer lugar, mas na Amazônia a missão é ainda maior e requer mais cuidado.”
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A localização remota exigiu um pesado esquema logístico:
- Transporte de Pessoal: Para evitar a viagem de barco de 12 horas a partir de Santarém (PA), a Alcoa contratou uma empresa de aviação, que utilizava uma pista improvisada de chão batido para o transporte rápido de funcionários e visitantes.
- Logística de Carga: Máquinas e materiais de construção só puderam ser transportados por meio de balsas, causando congestionamento no porto da cidade durante o pico das obras.
O Complexo de Juruti: Automação da Extração ao Embarque
Para vencer os 55 quilômetros de distância entre a extração e o porto, a Alcoa desenvolveu um sistema altamente automatizado:
- Extração e Transporte: A bauxita é extraída e levada por caminhões até a planta de beneficiamento.
- Beneficiamento: O minério é triturado e passa por um processo de lavagem para retirada do excesso de terra.
- Transporte Ferroviário: O minério segue por trem até o porto.
- Embarque: Uma série de esteiras transporta a bauxita diretamente para o navio, que percorrerá cerca de 1.600 km até a refinaria Alumar.
No auge da construção, o canteiro de obras empregou 9,5 mil pessoas de 60 empreiteiras. A operação do complexo exigirá, na fase final, 1,3 mil trabalhadores. A Alcoa também precisou desmatar uma área de 800 hectares para a infraestrutura, utilizando 7 milhões de toneladas de trilhos, 110 mil dormentes e 28 milhões de m³ de terra.
O projeto Alcoa Juruti é um estudo de caso da engenharia de mineração em ambiente amazônico, mostrando a complexidade e a magnitude necessárias para a exploração de bauxita no Brasil.




