Agora que o governo decidiu fazer um corte de R$ 50 bilhões no orçamento, ao mesmo tempo em que estimula o aumento de imposto (recoloca novamente, através de seus prepostos, a discussão da famigerada CPMF), é bom refletir sobre uma irresponsabilidade que ele próprio, nos tempos do presidente Lula, pregava dia e noite: o consumismo.
Não que seja ruim consumir. É bom e, eventualmente, saudável. Preferencialmente, quando consumir não significa a entrega, de mãos atadas, àquilo que é absolutamente supérfluo e que não é comprado apenas porque a propaganda massiva recomenda. É ótimo consumir quando se conta com recursos próprios, disponíveis, para essa finalidade.
Mas, não era o que ocorria. O exemplo dos empréstimos consignados. O sujeito colocava a corda no pescoço e ficava ali, no patíbulo, aguardando o momento final, tão certo quanto dois e dois são quatro. O incentivo para esse enforcamento vinha de todas as formas e de todos os lugares. E, para recebê-lo, o sujeito não precisava sequer sair de casa. Bastava ficar ali, no sofá, diante do vídeo. Era tão grande a força do convencimento, que ele saía da poltrona diretamente para a forca.
Mas não é disso que desejo falar. Quero apenas lembrar uma conversa com o economista Raul Veloso, na ocasião em que a revista O Empreiteiro realizou, com a Totvs, um fórum aqui em São Paulo. Ali, durante um almoço, o ácido crítico de gastos públicos no Brasil disse que era um absurdo o País adotar uma postura irresponsavelmente consumista.
E irresponsavelmente por quê? – "Porque consumimos muito e poupamos pouco. No setor público, a poupança é negativa".
Fonte: Estadão