Amizades privadas, contratos públicos

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Nada a opor às amizades. Está aí um sentimento universal que deve ser continuamente celebrado. Sejam elas episódicas ou eternas, são importantes no cotidiano áspero em que se vive. Muitas nascem nos bancos universitários, outras nos primeiros anos de escola e são preservadas como valores eventualmente inabaláveis. E há aquelas que aparecem de repente, ao sopro dos ventos circunstanciais.

O problema, portanto, não são as amizades, mas os interesses subjacentes que as desvirtuam. Sobretudo, quando os interesses se sobrepõem às amizades.

A rigor, não teria porque um governador meter-se no avião de um empresário cujos serviços são contratados para movimentar as obras de responsabilidade do Estado. Da mesma forma, não se justifica a ação de um administrador público que procura regalar-se, em suas férias ou em seus fins de semana, nas propriedades de quem toca empreitadas para órgãos governamentais. O comportamento torna-se condenável ao olho público, tão acostumado a avaliá-lo sob o aspecto da promiscuidade.

Por mais plausíveis que sejam, depois, as explicações do homem público sobre a prevalência de sua amizade sobre interesses visíveis, o fato é que permanece, na consciência coletiva, aquele velho ditado popular: amizade, amizade – negócios à parte.

Fábio Penteado

A arquitetura paulista perde mais um de seus ícones: Fábio Penteado. Ontem, foi Walter Toscano. Anteontem, outros. E, mais recentemente, aos 82 anos, um mestre da arquitetura dos anos 60 e 70, autor do projeto do Centro de Convivência de Campinas e de tantas outras obras, dentre elas, a sede da Sociedade Harmonia de Tênis, aqui em São Paulo.

Homem culto, presidiu o Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento paulista, em momento crítico da história brasileira: a primeira fase da ditadura. Foi um dos fundadores da revista Projeto, da qual fui editor nos anos 1980. Fábio Penteado, um interlocutor de inteligência luminosa.

Fonte: Estadão


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