Ampliar cobertura geográfica para reduzir riscos e ganhar escala

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A CAB Ambiental projeta R$ 1,2 bilhão de investimentos até 2017 e os dividendos do seu trabalho vêm dando retorno positivo do pontode vista técnico, econômico e, sobretudo, social, pois saneamento é saúde para a população

Nildo Carlos Oliveira

A empresa, do grupo Galvão Engenharia, ocupa posição de destaque dentre todas as demais que integram os quadros da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), que ela ajudou a criar. E, resulta de um sonho que virou realidade por conta de uma cisão.

A história da criação da CAB tem antecedentes em Pernambuco, quando os irmãos Dario, Antônio, João e Mario de Queiroz Galvão fundaram, em 1953, uma construtora, cujos passos iniciais materializaram-se em obras de saneamento e pavimentação de estradas. O Brasil crescia, queria se expandir e fortalecer a sua infraestrutura, abrindo oportunidades para empresas que tinham os pés no chão e o olho no futuro. No cenário da década seguinte a construtora pernambucana já estava presente em outras regiões brasileiras. Acabou instalando a sede no Rio de Janeiro.

Dario de Queiroz Galvão faleceu em 1981. Naquele ano, seu filho, também Dario, que trabalhava na construtora, e seus irmãos Mario Galvão, que cursava engenharia e Eduardo, que fazia administração, ficaram sócios dos tios Antonio, João e Mário. Mas eram jovens e pretendiam ter voo próprio. Estavam em ambiente confortável, com os tios no comando da construtora, mas achavam que deveriam constituir uma empresa com a identidade deles. O sonho evoluiu e, em 1995, houve a cisão. Os sobrinhos daqueles quatro pioneiros da engenharia brasileira decidiram fundar em São Paulo, em 1996, a Galvão Engenharia.

Mario Galvão, um dos fundadores da nova empresa, lembra o dia em que seus irmãos procuraram os tios para dizer que iam deixar a construtora para desenvolver negócios próprios. Antonio Queiroz Galvão, segundo Mário, indagou: “Mas vocês têm certeza de que é isso mesmo o que vocês querem?” – E parecia sinalizar-lhes com as adversidades que eles encontrariam pela frente, pois praticar engenharia no Brasil jamais seria trabalho fácil. Mas os sobrinhos, embora “aperreados”, estavam determinados. E a cisão foi inevitável.

Na montagem da nova empresa, Dario cuidava da gestão; Eduardo, da parte financeira; Mario Galvão ficaria como diretor para o Norte e Nordeste e Gilberto Valentim, que fora dos quadros da Queiroz Galvão, assumiu a parte operacional.

Com essa direção, a empresa concentrou atenções inicialmente no Estado de São Paulo. Empenhou-se, por exemplo, na conclusão das obras finais da primeira fase do Rodoanel Mário Covas. Em 1999, os jovens empresários conquistaram uma concessão rodoviária e fundaram a Intervias, cujo raio de ação era o interior paulista. Essa empresa foi adquirida, mais tarde, pela espanhola OHL.

Depois de se lançaram naqueles primeiros empreendimentos, os empresários resolveram elaborar um planejamento estratégico para que o grupo desenvolvesse suas atividades segundo uma linha de ação coordenada e, simultaneamente, diversificada. Foi estruturada a Galvão Participações, que é a holding, integrada pela Galvão Engenharia Brasil; a CAB Ambiental, que atua na área de saneamento e se dedica a desenvolver serviços sob concessões ou PPPs. A propósito, ela assinou a 1ª Parceria Público-Privada (PPP) com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para executar as obras de ampliação do sistema Alto Tietê. Surgiram também a Galvão Energia, que constrói parques eólicos no Nordeste e cuida de alguns projetos de PCHs; a Galvão Óleo & Gás e por aí em diante. E foi dentro dessa estrutura que a CAB Ambiental começou a escrever novo capítulo no saneamento brasileiro.

CAB Ambiental

O engenheiro Mario Galvão, que deixou a diretoria Norte e Nordeste para assumir a presidência da CAB Ambiental, diz que Yves Besse, ex-presidente da empresa e ex-presidente da Abcon, teve papel importante nos trabalhos para tocar as atividades da companhia. Informa que a CAB começou a ser pensada em 2005 e foi fundada em 2006. Àquela altura, o Brasil ainda não contava com o marco regulatório do saneamento, cuja lei (11.455) foi sancionada em janeiro de 2007. O marco regulatório já encontrou a empresa preparada para dar passos seguros na política de saneamento, segundo os seguintes objetivos: atuar com investimento intensivo; investir em recursos humanos; obter excelência em suas operações e consagrar-se com eficácia na gestão corporativa.

A trajetória de sua fundação até aqui pode ser contada em números. Se, em 2006, o faturamento era nenhum e possuía apenas três funcionários, em 2013 contabiliza faturamento da ordem de R$ 405 milhões, tem 1.250 funcionários e operacionaliza 18 contratos. Atende, com suas obras de esgotamento sanitário e abastecimento de água, mais de 6,5 milhões de pessoas.

Mario lembra que a empresa começou a operar a concessão de Palestina, no município paulista de Mirassol, e posteriormente adquiriu a concessão de Paranaguá, no Paraná. Depois, iria assumir outros contratos.

Para compreender melhor como deveria ser operado o processo de saneamento no Brasil, por parte da iniciativa privada, executivos da CAB estiveram em diversos países da Europa. E observaram que deveriam estabelecer uma estratégia segura, prevendo a diversificação da quantidade de contratos para diluir os riscos. Consideraram, adicionalmente, que cada contrato deveria constituir, na prática, uma empresa regida segundo uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), mas subordinada à holding.

A diversificação, em tais moldes, confere à empresa maior autonomia de ação. Assim, ela pode desenvolver o melhor projeto e o melhor negócio, contando, para esse fim, com o suporte técnico da engenharia. Ao mesmo tempo, as experiências assim obtidas vão se acumulando e ajudando a empresa a aperfeiçoar as operações.

A CAB opera com projetos adaptados às peculiaridades locais em diversos municípios, em diferentes regiões brasileiras. Tem quatro obras nos moldes das PPPs: duas de água (caso da Companhia de Saneamento de Alagoas – Casal) e Sabesp; duas de esgoto (Atibaia e Guaratinguetá, em SP) e as demais, no modelo concessões plenas, compreendendo água e esgoto, como é o caso do contrato firmado em Cuiabá (MT). Uma lista completa dos contratos da empresa vai aqui publicada.

O presidente da CAB diz que não há um a receita única para os diversos problemas e que cada obra reflete as especificidades locais. Cita o exemplo de Paranaguá, cidade histórica, por cujas ruas estreitas vão avançando os serviços de montagem das tubulações de esgotamento sanitário. Cuiabá é outro exemplo. Ali são executadas as obras para a Copa de 2014, incluindo o Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT. A aguçar ainda mais a feição de canteiro de obras da cidade, o contrato na área do saneamento prevê a instalação de mais de 2 km de rede de esgoto por dia. A CAB está fazendo o que pode para desenvolver os serviços sem transtornar ainda mais o dia a dia da população.

Arapiraca, em Alagoas, é outro caso ilustrativo das dificuldades do gênero. A CAB foi contratada em setembro do ano passado para entregar as obras em 2014. Ocorre que o Nordeste á uma eterna vitima do fenômeno das secas. E, ali, a população passa por uma seca que se eterniza. Nesse período, em que não poderia atuar em campo, a empresa dedicou-se ao estudo prévio de cada projeto. Buscou explicar ao governo de Alagoas que, se não estava presente fisicamente nas obras, estava tratando de resolver problemas de projetos, pois quanto melhores as especificações do ponto de vista de análise e planejamento, melhor a obra. Ele informa que, por conta das solicitações do governo e das comunidades, a empresa sentiu-se desafiada a terminar as obras antes do prazo. E vem trabalhando para concluí-las até março de 2014, antecipando, assim, o cronograma original.

“Na medida em que há um bom trabalho no segmento da engenharia de projetos e, depois, um bom avanço nas obras, mais consigo antecipar os investimentos e, em contrapartida, antecipo os resultados para a empresa”, afirma o engenheiro.

Mario informa que diferentemente do que muitos possam imaginar, o trabalho de saneamento, conquanto enterrado, produz resultados significativos, imediatamente reconhecidos pela população. “É que, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada real investido, há uma economia de 4 reais no sistema de saúde”.

Mario Galvão faz também um rápido balanço das conquistas do saneamento do ponto de vista da engenharia. Afirma que ela evoluiu em termos da vida útil e da modernização das técnicas de fabricação e instalação de tubos; da automação; dos meios para a melhoria do tratamento de água e de esgoto; de avanços nos sistemas elétricos e do ponto de vista de tecnologias e equipamentos.

Ele informa que o arcabouço jurídico montado no Brasil para o saneamento torna viáveis os mais diferentes modelos para sanear e abastecer. “E o Brasil não pode perder mais tempo no caminho para a universalização desses serviços”, conclui ele.


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