Uma adutora, composta de tubos de ferro fundido com 600 mm de diâmetro, interliga, palmilhando 15 km, a margem esquerda do rio e a estação de tratamento. A captação no Tietê é possível graças à utilização de três bombas de eixo horizontal, instaladas em poço seco, com capacidade, cada uma, de captar e bombear 680 m3/hora de água.
A estação de tratamento, chamada ETA-Tietê José Marques Lopes, foi inaugurada em junho do ano passado no bairro Ipanema, na Zona Norte, ao custo de R$ 5 milhões. É já uma das obras executadas pela concessionária Soluções Ambientais de Araçatuba (Samar), sociedade de propósito específico controlada pela OAS Soluções Ambientais. A Samar surgiu em razão da vitória no leilão realizado pela prefeitura municipal no segundo semestre de 2012, que privatizou os serviços de água e esgoto em Araçatuba por 30 anos. A obra de captação no Tietê fora iniciada em 2002 com recursos da prefeitura local. Coube ao concessionário, portanto, a conclusão do sistema. Nos mais de dez anos para a conclusão de todas as fases da obra, foram investidos R$ 27 milhões (R$ 22 milhões da prefeitura; R$ 5 milhões do concessionário).
Flotação de impurezas
Um recurso sobressai no tratamento da água do Tietê: o sistema de flotofiltração. Por meio de sopradores de ar, injetam-se microbolhas de ar dissolvido na parte inferior dos tanques de saturação. Quando essas microbolhas sobem, carregam consigo, para a superfície, as impurezas, entre elas, microalgas do Tietê. Trata-se, portanto, de princípio físico de separação das impurezas.
A ETA-Tietê produz, hoje, 5 milhões de l de água tratada por dia, mas, com investimentos futuros, poderá ofertar até 24 milhões de l diariamente. A água ali tratada contribui com o abastecimento de cerca de 60 mil pessoas, de 30 bairros da Zona Norte do município. Essa região foi historicamente afetada pela falta d’água, uma vez que, segundo a Samar, o bombeamento de poços profundos do aquífero Guarani resultava insuficiente para o atendimento da população. A água do Tietê hoje complementa o aproveitamento do aquífero na região. Para o futuro, o objetivo do concessionário é levar a água tratada do Tietê a todo o município e reduzir a captação, hoje excessiva, no ribeirão Baguaçu, responsável por 70% do abastecimento de Araçatuba.
A entrada em operação do sistema incluiu o desassoreamento do canal de captação, que já estava pronto, e a contratação da demanda de energia elétrica da captação no Tietê e da estação de tratamento. Entre outros serviços, foi instalado o sistema de dosagem de cloro e estruturado o laboratório de controle de produção da ETA-Tietê, além de feita a interligação do descarte de lodo à rede coletora de esgoto. Um conjunto de obras viárias, com a pavimentação de 11 mil m2 de ruas de acesso, complementou a execução.
População crescente
Araçatuba tem uma população que cresce ano a ano. Em 1991, por exemplo, eram 159,5 mil habitantes; em 2013, conforme estimativa do IBGE, eram 190,5 mil. Ou seja, um crescimento populacional de 19%. O plano de saneamento para o município, portanto, precisa prever investimentos continuados, a fim de acompanhar a alta da demanda.
Hoje, de acordo com a Samar, 100% da população é atendida com água tratada (mediante 70 mil ligações) e 98% dos habitantes têm o esgoto coletado e tratado (com 73,5 mil ligações). O volume de água limpa produzido diariamente chega a 78 mil m3 por dia. A tarefa de tratar o esgoto coletado ainda encontra-se dividida entre a Samar (25%) e a empresa Saneamento de Araçatuba (Sanear, 75%). A Samar assume a integralidade do serviço apenas em 2015.
“Trabalhamos continuamente para oferecer o melhor atendimento e modernizar todo o serviço oferecido para a população. A nossa meta é de, em cinco anos, atingir a excelência na prestação dos serviços, alcançando e mantendo 100% dos serviços de água e esgoto prestados ao consumidor”, confia o engenheiro civil Renato de Faria, presidente da Samar. Nas contas da empresa, desde novembro de 2012, quando assumiu a concessão, foram investidos R$ 12 milhões em obras de expansão e melhoria dos serviços. Em 30 anos, o compromisso firmado pela empresa é de investir um total de R$ 340 milhões.
Outros investimentos já estão em curso e o sistema de abastecimento da Zona Norte segue como prioritário. Na região, em fevereiro último, começou a obra para instalar 3 km de novas adutoras, maiores (o diâmetro da tubulação cresce dos atuais 150 mm para 300 mm e 400 mm), com valor total de R$ 2 milhões. Segundo a Samar, a execução, que chegou a 40% do total este mês (março), aumentará a pressão da água captada pela ETA-Tietê e distribuída pela rede, favorecendo o abastecimento dos pontos mais altos dos bairros.
No setor de esgotamento sanitário, tiveram início em fevereiro, no extremo leste de Araçatuba, obras para instalar uma nova adutora, que dobrará a capacidade de coleta local. Com 500 m de extensão e tubulação de 150 mm de diâmetro, correrá paralela à existente. A execução, que se localiza na área da Estação Elevatória Água Branca e está orçada em R$ 400 mil, permitirá a construção de empreendimentos residenciais na região. A estimativa é beneficiar 12,5 mil moradores, em oito bairros. (Guilherme Azevedo)
Fonte: Revista O Empreiteiro