A multinacional de origem chilena Arauco recebeu sinal verde do órgão ambiental de Mato Grosso do Sul para construir uma fábrica de celulose que terá capacidade para produzir inicialmente 2,5 milhões de toneladas anuais, com possibilidade de dobrar essa produção em uma segunda etapa. Serão investidos US$ 4 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) no empreendimento.
Batizado de Projeto Sucuriú, a nova fábrica será instalada no município de Inocência e poderá produzir sozinha quase a metade da atual capacidade instalada de celulose do grupo Arauco, que atinge 5,2 milhões de toneladas anuais, passando o conglomerado chileno a produzir 7,7 milhões de toneladas por ano a partir de 2028, quando está previsto início da operação sul-mato-grossense.
Considerado um dos principais empreendimentos do setor agroindustrial e de celulose no mundo, Sucuriú, com a licença ambiental nas mãos, terá os serviços de terraplanagem iniciados em julho. A construção será erguida já prevendo uma segunda linha de produção de 2,5 milhões de toneladas. Deverão ser contratados cerca de 12 mil trabalhadores no pico das obras e a operação tem previsão de gerar 500 empregos. Quando estiver concluído, o complexo será o quarto produtor de celulose de eucalipto de fibra curta de MS, com cerca de 90% do volume produzido voltado para exportação.
O plantio de florestas que atenderão ao empreendimento começou em 2021 – em média, o ciclo de crescimento até o corte dos eucaliptos se estende ao longo de sete anos. Atualmente a empresa tem cerca de 210 mil hectares contratados e em 85 mil ha estão ocupados com eucaliptos. Ao longo deste ano mais 65 mil hectares devem ser incorporados. Para garantir produção da primeira fase serão necessários em torno de 300 mil hectares. Pelas leis brasileiras, uma companhia estrangeira deve fazer parcerias com os donos de plantios, pois há restrições para comprar e arrendar terras no País.
“A obtenção da licença de instalação é um marco fundamental para o Projeto Sucuriú, já que nos permite avançarmos às próximas etapas determinantes para iniciarmos a construção da planta. Isso é resultado da sinergia e do esforço em conjunto tanto da empresa como dos governos estadual e municipal, que acreditaram, acima de tudo, no legado que a Arauco vai deixar para a cidade de Inocência e para Mato Grosso do Sul”, afirmou, em nota, o CEO da empresa no Brasil, Carlos Altimiras.
O empreendimento reforça o argumento do governo de MS que já vem chamando a região de Vale da Celulose, consolidando a liderança do Estado como polo de produção dessa matéria-prima.
A localidade possui facilidades como disponibilidade de água (o empreendimento da Arauco fica às margens do rio Sucuriú) e logística de transporte – o governo estadual pretende construir um acesso rodoviário à fábrica, pela MS-377, além da instalação de terceira faixa em pontos estratégicos da mesma rodovia.
Também está prevista a pavimentação de 38 km da MS-316, entre Inocência e Paraíso das Águas, e a implantação de um aeroporto na cidade. Já a Arauco pretende construir um ramal ferroviário de 47 km ligando a fábrica à Ferronorte, um investimento extra de cerca de R$ 800 milhões. O ponto final da carga será o Porto de Santos, onde a empresa deve construir um terminal de embarque próprio para escoar a produção.
Fundada há 50 anos no sul do Chile, a Arauco iniciou suas atividades produzindo e gerenciando recursos florestais renováveis.
Atualmente, está presente em todos os continentes, atendendo mais de 4 mil clientes de 75 países, focada na fabricação de celulose e painéis de madeira. Além do país sede, tem fábricas instaladas na Argentina, Uruguai, México, EUA , Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal, África do Sul e Brasil, onde está instalada desde 2002, com negócios florestais e painéis de madeira no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em 2023, teve receita líquida de US$ 6 bilhões, sendo que no Brasil sua receita atingiu US$ 765 milhões.