Registra o empresário Oded Grajew, em artigo na FSP de hoje, que o Congresso deverá acolher, nesta data, proposta de emenda constitucional determinando que presidente da República, governadores e prefeitos apresentem um programa de metas e prioridades de sua gestão até 90 dias depois da posse.
O programa evidenciaria o que os eleitos se dispõem a realizar na educação, saúde, trabalho, habitação e, acrescentaríamos nós, de modo mais direto, nas questões da segurança, da infraestrutura, do meio ambiente, com os compromissos de melhorar as condições de vida do cidadão mediante o maior equilíbrio dos direitos e da justiça social.
Mas, perguntaríamos nós, por que até 90 dias depois da posse? As metas deveriam vir muito antes. São genéricas, compõem uma cesta de prioridades naquelas áreas e deveriam ser apresentadas pelo eleito, ao país, estado ou município, já durante a posse, sem postergações. A sociedade, assim, teria como acompanhar a realização das promessas de campanha a partir dos primeiros atos daqueles que ela elegeu e não 90 dias depois disso.
De qualquer modo, a ideia do programa é boa. Hoje, o presidente, governador ou prefeito é eleito com um discurso e, tão logo assume, costuma desviar-se do caminho anteriormente traçado, esquece o que disse no calor da campanha, vira as costas para o eleitor e vai cuidar dos interesses daqueles que o patrocinaram. O programa, portanto, colocado como um compromisso assegurado por emenda constitucional, constituiria uma garantia – em termos – de que o eleito não rasgaria as promessas feitas no dia seguinte à investidura. Vamos aguardar a posição do Congresso.
Um cavalheiro
O senador e ex-governador paranaense Roberto Requião (PMDB-PR) ficou furioso com um repórter. Este lhe fez pergunta sobre a aposentadoria vitalícia concedida a governadores e que ele vem recebendo. Alguma coisa da ordem de R$ 24 mil. O senador arrebatou o gravador do repórter, retirou o cartão de memória do aparelho e ainda perguntou se o entrevistador queria apanhar. O presidente José Sarney, presidente do Senado, reduziu a importância do episódio, dizendo que Requião "é um cavalheiro".
Fonte: Estadão