O projeto das vias rápidas do prefeito Gilberto Kassab, ora entregue ao governo do Estado, não prevê soluções novas. A rigor, nenhum projeto, para fazer os carros correrem mais, significa soluções novas; apenas novas obras viárias.
As vias expressas, com as quais o prefeito pretende reduzir congestionamentos e, com isso, melhorar as condições da qualidade do ar, vão transferir, para o futuro, os congestionamentos que deverão deixar de ocorrer imediatamente depois que o projeto for colocado em prática, se for.
Pelos dados divulgados, haverá a formação de cinco anéis viários. A previsão é de que serão construídos pontes, viadutos e passagens subterrâneas, eliminando-se cruzamentos secularmente problemáticos. Com esse conjunto de intervenções, o acesso da Rodovia Fernão Dias até o trecho sul do Rodoanel, passando, por exemplo, por Interlagos ou pela avenida 23 Maio, será feito rapidamente. E ir da Régis Bittencourt, na zona Oeste, até o trecho Leste do Rodoanel, que ainda não começou a ser construído, seria um pulo.
Outros eixos de circulação rápida desafogariam o trânsito dos congestionamentos que hoje paralisam parte da cidade. Mas a pergunta que fica é a seguinte: E depois?
O plano das vias expressas da prefeitura deverá ser objeto de estudos por parte de órgãos especializados do governo estadual. Ele insiste na ideia de que haverá melhores condições para monitorar a gravidade da poluição do ar. A insistência nessa ideia é compreensível: tem força de convencimento.
Um dado, contudo, está claro: quanto mais espaço para carros, mais carros. E, quanto mais carros, mais congestionamentos. É um círculo vicioso e o problema jamais terá uma solução que seja satisfatória para quem interessa: a maioria da população. Para esta, a solução ideal é o investimento em transporte público de qualidade, que agregue, se possível, todos os sistemas: metrô, trem, ônibus, monotrilho, o que seja, mas que não sacrifique o cidadão, no trajeto casa-trabalho e trabalho-casa, como hoje está sacrificando. O resto é paisagem, como diria o mestre Nelson Rodrigues.
Fonte: Estadão