As idas e vindas de Belo Monte não surpreendem mais. Aparentemente tudo o que poderia ter sido feito, do ponto de vista de planejamento para as obras, no sítio selecionado para a construção da hidrelétrica, já foi feito. O projeto original foi alterado e as postergações, que vinham se arrastando há mais de 30 anos, não têm mais razão de ser. Nesses dias, uma das tentativas para suspender a construção da usina acabou barrada pelo Tribunal Regional Federal, que considerou legal o licenciamento, objeto de processo do Ministério Público Federal.
A Norte Energia, responsável pelo empreendimento, tem explicado a série de providências que está adotando para minimizar eventuais problemas. O barramento do rio Xingu, por exemplo, será realizado tão-somente no sítio Pimentel, a 40 km da cidade de Altamira. E ele terá apenas 35 metros de altura. Com essa especificação, a barragem, para a formação do reservatório, ensejará uma área inundada mais acomodada ao leito do rio.
Sejam quais forem, no entanto, os próximos capítulos da novela Belo Monte, uma coisa é certa: nenhuma obra desse tipo deve ser projetada e iniciada sem, antes, passar pelo duro crivo das discussões maduras com a comunidade que poderá ser afetada por ela. Muitos dos problemas que surgiram se devem a conversas inconclusas ou mal costuradas, que não consideraram, em toda a sua abrangência, os argumentos das partes envolvidas.
No final, a lição que fica é a de que a construção de um diálogo, para fazer uma obra desse porto, pode tornar-se mais difícil do que a construção da obra. E, isso, com as amplas franquias democráticas que temos, não pode mais acontecer. Hoje, a situação está assim: enquanto as pendências persistem e avançam em outras instâncias jurídicas, o canteiro se mexe e vai levando a obra para frente.
Código Florestal
Constituiu episódio vergonhoso, a truculência de seguranças do Senado, anteontem, contra um estudante que participou das manifestações contra a votação das flexibilizações introduzidas no novo Código Florestal . O código, por si, já é a própria flexibilização. Não é por outro motivo que várias entidades, dentre as quais, as que abrigam cientistas da estatura de Aziz Ab´Saber, o têm condenado. Um dos responsáveis pela “segurança” do Senado disparou um pistola de choque contra um estudante, que desmaiou. E, quando o rapaz, arrastado por mãos e pés, acordou do desmaiou, levou outro tiro, desmaiando de novo.