Nildo Carlos Oliveira
O Brasil continua ótimo em arrecadação. Sabe de onde extrair receitas. Pelo menos é o que informa o noticiário de hoje. Pelos dados que estão sendo divulgados, o governo conseguiu obter uma super-arrecadação em novembro último. Foram R$ 112,5 bilhões, correspondentes a uma elevação de 27% sobre o volume de R$ 88,5 bilhões de novembro do ano passado.
Lastimavelmente, arrecadação não tem significado melhorias sociais. Não há uma junção de receitas federais, estaduais e municipais em favor de objetivos comuns da sociedade. O que há são desequilíbrios, que se traduzem em planos de obras que nunca se concluem ou de programas elaborados apenas para o curto ou o médio prazo. O Brasil está sem horizontes.
O horizonte, no longo prazo, não pode ser, por exemplo, o Bolsa Família. E vejo como realidade a análise do presidente da Cáritas Brasileira, dom Flávio Giovenale, ao salientar que aquele programa é quase “uma pré-aposentadoria”. Não deveria sê-lo. Teria de ser um programa de incentivos a iniciativas em favor do emprego, o primeiro patamar da cidadania. E para conquistas na educação, na saúde, na habitação. Mas, o que se vê, é o dinheiro engordando o governo, com receitas cada vez mais elevadas, e extratos da sociedade sobrevivendo no desespero da indigência.
O Brasil real está à margem das possibilidades que deveriam ser abertas com as extraordinárias arrecadações. Mas o que acontece é o inverso. As cracolândias se ampliam, adquirem a feição de um novo tipo de favela cidade adentro, e os sem teto vão ocupando os espaços públicos, por conta da carência de políticas que poderiam resolver ou reduzir o impacto desses problemas sociais.
E, apesar das arrecadações que chegam lá no alto, temos aí uma constatação que é de arrepiar. A projeção de crescimento econômico para 2013 está encolhendo. O PIB brasileiro caiu para 2,35%. Mas quem tem mais continua com muito mais. E, quem tem menos, que se prepara para continuar cada vez com muito menos.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira