Augusto Diniz – São José da Tapera (AL)
Cinco soluções de engenharia estão sendo adotadas nas obras do trecho 4 de 30,47 km do Canal Adutor do Sertão, em Alagoas. Quem informa é o engenheiro civil Pedro Carneiro Leão, diretor de contrato da Odebrecht, construtora responsável pelas execuções dessa etapa do sistema hídrico.
As cinco soluções de engenharia no canal envolvem a construção trapezoidal, retangular, ponte-canal, sifão e túnel. Hoje, há mais de 70% de avanço no empreendimento. Todas as execuções têm sido feitas in loco.
No total, 70% do trecho 4 do canal é trapezoidal , com 7 m de largura e 4 m de base. A concretagem trapezoidal não tem armação – basicamente, faz-se uma regularização na superfície do corte do canal em solo-cimento; depois, aplica-se uma geomembrana texturizada em ambas as faces; por fim, aplica-se concreto simples para proteção da manta.
Para evitar a retração do concreto em geral os trabalhos são conduzidos à noite ou uma parte do dia com menos sol, já que o calor é inclemente na região na maior parte do ano. Um traço no concreto foi buscado pela Odebrecht para evitar retração.
Na passagem retangular do canal, a adoção foi feita por conta de rochas no caminho, o que exigiu estrutura mais estreita, porém mais profunda, para se adaptar a geografia. A estrutura retangular, ao contrário da trapezoidal, é de concreto armado.
Com auxílio de bomba estacionária, andaime, escoramento e fôrmas, constrói-se 1 km de três pontes-canal.
Já o sifão está sendo feita com tubulação. Uma parte está sendo assentada na areia e aterrada; a outra em parte aérea, para superar um talvez, com 230 m de extensão e 60 m de altura máxima do solo.
Solda especial faz as ligações de uma tubulação com a obra. Dois guindastes – 45 t e 90 t – auxiliaram o posicionamento dos módulos de 12 m, 2,4 m de diâmetro e quase 10 t cada em seus respectivos lugares.
A tubulação vem do Ceará e percorre cerca de 1 mil km até o canteiro de obras, no interior de Alagoas.
Por fim, um túnel de 750 m está sendo escavado no método NATM, seguindo a ordem de detonação, remoção de material, limpeza, tratamento (bate-choco) e concreto projetado. Nessa frente serão 10 meses de obra (ela começou em março 2018), avançando 90 m/mês.
O túnel está sendo escavado no emboque e no desemboque.
Ao longo do trecho sob a responsabilidade da Odebrecht também se constrói quatro comportas eletromecânicas para controle e manutenção do canal. Atravessa por debaixo do canal vários bueiros de escoamento. Passarelas para animais e veículos leves estão sendo construídas ao longo do trecho 4.
Um canteiro industrial com central de britagem, central de concreto e usina solo de cimento abastecem de insumos a construção do canal.
Pedro conta que o grande desafio da obra foi ter encontrada muita rocha no meio do caminho que não estava no projeto. “A adoção de cinco soluções de engenharia mostra a diversidade técnica da obra de acordo com a geografia e a geologia do trecho”, destaca. Além disso, afirma que tem trabalhado para que permita a utilização da água para as comunidades, abrindo o canal sempre que possível, mesmo com todo o trecho ainda não finalizado.
Mais de 850 pessoas estão hoje na obra, com cerca de 150 máquinas pesadas em operação. O valor do contrato do trecho 4 gira em torno de R$ 800 milhões
O projeto de construção do Canal do Sertão em Alagoas é antigo e vem do início dos anos 1990. Hoje, o sistema tem 110 km prontos dos 250 km previstos. De acordo com o engenheiro civil Alzir Lima, superintendente Especial de Projetos Especiais e Infraestrutura Hídrica da Secretaria de Infraestrutura de Alagoas, além do canal em si, é preciso dar início às obras dos perímetros ou ramais, para que a estrutura atenda plenamente seus objetivos.
O canal tem captação no lago de Moxotó, um dos locais de represamento do rio São Francisco, na divisa de Alagoas com a Bahia. Na captação, cuja parte civil foi executada pela Odebrecht, foram construídas quatro linhas de recalque para posicionamento de três bombas cada.
Como o sistema ainda não foi concluído, apenas duas bombas de capacidade de 2,67 m³/s cada foram colocadas até o momento – Alzir
comentou que mais quatro devem ser instaladas.
A água bruta do Moxotó percorrerá todo o canal por gravidade, gerando enorme economia de energia ao longo do trajeto com ausência de bombas elétricas para recalque. A vazão do canal é de 32 m³/s. A solução foi desenvolvida pela projetista Cohidro, numa das mais relevantes estruturas de engenharia hidráulica já realizada no País.
As obras do Canal do Sertão foram dividas em vários trechos e foram sendo concluídas em diferentes períodos. O trecho 1, do km 0 ao km 45, e o trecho 2, do km 45 ao km 64,7, foram construídos pela Queiroz Galvão. Nesses trechos, as soluções de engenharia adotadas incluem estruturas trapezoidal e retangular, além de ponte-canal.