Augusto Diniz
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) mantém o otimismo para o setor, com a duplicação dos investimentos, novas localidades de exploração e avanço da tecnologia. A matriz energética ocupa hoje cerca de 6% do total de energia existente no sistema nacional, mas deve chegar a 12% em 2023, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“A perspectiva de crescimento mantém sua trajetória. Atualmente, a capacidade eólica instalada é de 9,75 GW e ao final de 2019, a projeção é que estejam instalados cerca de 19 GW de potência eólica. Importante referir que esses valores se referem aos montantes de potência eólica contratados em todos os leilões dos quais a fonte já participou. Com novos leilões, essa curva se alterará para uma instalação maior”, explica Elbia Gannoum, presidente-executiva da Abeeólica.
De acordo com a entidade, em 2015, foram investidos cerca de US$ 5 bilhões no setor e mais de 11 milhões de residências receberam energia elétrica proveniente da fonte eólica mensalmente. “Se considerarmos uma média de três habitantes por residência, temos 33 milhões de pessoas abastecidas pela fonte eólica no ano passado, o que equivale à população da região sul”, compara Elbia.
A Abeeólica lembra que, para o ano de 2016, está previsto mais um Leilão de Energia de Reserva. “Nesse caso, é importante explicar que a realização deste leilão é fundamental não apenas por questões de segurança energética, mas também para dar sinal de investimento para a cadeia produtiva do setor, que foi recém-implantada no País”, diz a presidente da entidade. “Hoje temos 80% da produção nacionalizada.”
De fato, o setor teve um salto tecnológico nacional muito grande nos últimos anos. O País já possui fabricantes de aerogeradores e continua a instalação de novas fábricas de fornecedores de componentes da cadeia produtiva. “Atualmente, temos no Brasil aerogeradores com capacidade de 3 MW, enquanto as primeiras máquinas instaladas possuíam pouco mais de 1 MW de potência”, cita Elbia.
Além disso, ela explica que também houve aumento no País na altura da torre eólica, de 80 m para até 150 m, e no comprimento da pá, de 50 m para até 65 m. “O fato de as torres serem mais altas implica na possibilidade de captar um vento mais adequado para a geração de eletricidade, uma vez que em maiores alturas o vento é mais uniforme e constante. Com o aumento do comprimento da pá a possibilidade de maior captação do vento se torna ainda mais eficiente”, expõe.
A associação vê ainda muito potencial a ser explorado nas regiões Nordeste e Sul, onde se concentram as plantas eólicas no País hoje. Mas crê em evolução de usinas eólicos nos estados da região Sudeste. “Acreditamos que no futuro próximo iremos ver projetos eólicos em construção nesta região”, afirma.
O setor já possui de capacidade instalada 9,77 GW gerados em 390 usinas. Considerando o período de 2006 a 2015, o investimento no segmento foi de US$ 28,13 bilhões, nas contas da Abeeólica.
Elbia Gannoum ressalta que o problema no passado recente de parques eólicos aptos a operar, mas sem interligação com o sistema nacional de energia, está quase superado. Ela aponta o descompasso entre cronograma de obras dos parques eólicos e as linhas de transmissão como o motivo do problema.
“Parte da solução desta questão deve-se a um adequado planejamento das obras de infraestrutura e também à inclusão do assunto ‘conexão’ no edital de alguns leilões, de forma que os projetos vencedores destes certames tenham conexão em áreas próximas geograficamente”, menciona. Atualmente, apenas 15 parques estão sem conexão, representando 377,5 MW, informa a Abeeólica.