Cemig se associa a consumidores em hidrelétricas recentes

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Capim Branco I e II, no rio Araguari, somando 450 MW de potência instalada, deveriam ser tocadas simultaneamente, de modo a serem concluídas em 42 meses. O prazo, considerado apertado, não permitiria falhas eventuais no ritmo dos trabalhos. Impossível, portanto, haver qualquer “furo” no cronograma. O planejamento de ambas deveria estar casado com a respectiva engenharia financeira, conforme destacou, na época dos trabalhos, em 2005, Henrique Di Lello Filho, que presidiu o Consórcio Capim Branco Energia (CCBE), formado pela Companhia Vale do Rio Doce, Paineiras (Grupo Suzano) e Companhia Mineira de Metais (Grupo Votorantim), além da Cemig.

Para conciliar os prazos, a CCBE resolveu provocar uma defasagem no cronograma, o que permitiu uma gestão integrada entre elas. Foi possível, assim, otimizar os equipamentos e os recursos humanos, evitando-se a dispersão de equipes. As obras foram executadas pelo consórcio construtor integrado também pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. A VA Tech Hydro, Voith Siemens e Energ forneceram os equipamentos. Coube a Leme, Engevix e Intertechne elaborarem os projetos.

Com uma barragem de enrocamento e núcleo de argila de 720 m de comprimento de crista e altura final de 60,5 m, a usina de Capim Branco I tem vertedouro convencional com três comportas tipo salto de esqui, seguido por bacia de dissipação.

Os túneis que levam a água às três turbinas da casa de força foram escavados com seção circular de 7,1 a 7,4 m. Houve necessidade da escavação de trecho vertical de 30 m de extensão, seguido por outro trecho de 111,8 m, com inclinação de 12%. O trecho intermediário dos condutos forçados tem revestimento de concreto e, no segmento final, o acabamento é blindado com tubos de aço. Dentre as demais estruturas de Capim Branco I há ainda o túnel de desvio do rio, com 190 m de comprimento e seção arc-retângulo de 10,x10,5 m, e diques para o fechamento do reservatório.
A outra usina, Capim Branco II, tem barragem de argila de 1.000 de comprimento de crista e altura de 55 m. As únicas escavações subterrâneas nessa obra ocorreram para a abertura do túnel de desvio do rio, com 413 m de comprimento.

O consórcio construtor, formado pela Andrade Gutierrez, Odebrecht, Hochtief do Brasil, Ivaí Engenharia e Voiths Siemens Hydro, informava, em 2003, que a chegada ao local só era possível de helicóptero, que descia ao fundo do vale. Nas primeiras tentativas, para chegar ao sítio onde seriam construídas as estruturas, as equipes desciam encostas íngremes utilizando cordas.

Máquinas, incluindo tratores de esteiras, escavadeiras hidráulics e caminhões rodoviários basculantes e outros fora-de-estrada, com potência para subir rampas com até 35% de inclinação, foram usados para abrir caminho e superar as dificuldades topográficos. Contudo, as instalações do canteiro, as oficinas industriais e mecânico, o almoxarifado, a central de britagem e de concreto e as usinas de solo, foram montadas em áreas planas, um tanto distante do local.

A barragem é tipo enrocamento com núcleo de argila, com 208 m de altura. As duas comportas tipo segmento no vertedouro, o canal de aproximação e o extravasor com 7 m de largura e 9,4 m de altura e duas comprtas, permitem descarregar ali até 6 mil m³/s. No local foram construídos três túneis que funcionam como calha. Foram escavados em rocha com cerca de 600 m cada. Eles levam água do canal de adução para a bacia de dissipação. A casa de força a céu aberto opera com três turbinas tipo Francis de 125 MW cada.

Foram montados cerca de 7.950 t de equipamentos, estruturas metálicas e tubulações, além de 180 mil m de cabos. A primeira das três unidades geradoras, cada uma com 112,25 MW de capacidade, ficou pronta para entrar em operação em janeiro de 2004.

Os principais equipamentos ali instalados foram: o rotor da turbina (293 t), a roda da turbina (290 t) e o estator (139 t), previamente montados em uma área destinada a esse fim na casa de força e transportadas para o poço do gerador por uma ponte rolante, com capacidade de 320 t. Para a montagem da ponte rolante foi utilizado um guindaste com lança telescópica de 160 t.

Fonte: Estadão


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