Quero ater-me apenas a um exemplo. Ele vem da pequena Fortaleza de Minas (MG), conforme reportagem de João Alberto Pedrini, publicada na FSP de ontem (21). Ali, a Votorantim Metais está desativada desde setembro de 2013. E, não importa, para efeito desse comentário, se temporariamente ou não.
O que importa é que o impacto da desativação está sendo desastroso. Talvez mais do que isso, se pegarmos a palavra em seu sentido mais cruel, analisando o que o desastre da desativação significou para os trabalhadores da indústria, seus familiares, a arrecadação dos impostos municipais e os prejuízos na cadeia de serviços que ela colocava em funcionamento.
Segundo a notícia, a arrecadação do ICMS caiu 16% de 2012 para 2013 e, o ISS, registrou queda de 13,6% em igual período. A redução da receita provocou efeitos traumáticos: demissão de funcionários municipais e diminuição no orçamento das verbas para educação, saúde, obras públicas, serviços de manutenção de equipamentos urbanos etc., além de depressão generalizada no comércio e em outras atividades.
É só um exemplo. Contudo, ele dá a ideia exata das proporções do que a desindustrialização significa, em uma cidade que vinha se mantendo, predominantemente, com base na operação da Votorantim Metais. E terá efeitos ainda mais impactantes, se avaliarmos o que essa indústria representava para os jovens que a encaravam como um meio para alcançar objetivos futuros.
Quero dizer, enfaticamente, a partir desse exemplo, que o Brasil não pode adotar uma política anti-industrialização. E, se deve fazê-lo, em casos específicos, precisa planejar previamente a operação de outras atividades, a fim de que a mão de obra, a ser colocada na desocupação, seja de imediato reabsorvida.
Reproduzo as palavras de um dono de restaurante, que no auge do funcionamento da indústria, na pequena cidade mineira, servia 140 refeições diárias e, hoje, não serve mais do que 20. A frase ilustra bem o desespero coletivo provocado pela desindustrialização: “Acabou a indústria, acabou a cidade”.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
