Augusto Diniz – Santana de Parnaíba (SP)
A construção do data center DC SP01 em Santana de Parnaíba revela o nível de exigência técnica de empreendimentos de missão crítica. Em conversa com o engenheiro eletricista Bruno Pagliaricci, responsável pela obra, dois termos aparecem com frequência: instalações elétricas e climatização. Ambos são considerados vitais para garantir operação contínua em ambientes de armazenamento de grandes volumes de dados.
Segundo Pagliaricci, energia estável e temperatura controlada são pilares para assegurar que o data center funcione ininterruptamente. “A complexidade das instalações de infraestrutura elétrica e de climatização é crítica. Um empreendimento desse tipo não pode parar e precisa ter temperatura constante para atender os servidores”, afirma.
Esses sistemas estão interligados e têm impacto direto no desempenho e na eficiência operacional. A climatização, por exemplo, é uma das áreas que mais consome energia dentro do empreendimento. O cliente avalia cuidadosamente o PUE (Power Usage Effectiveness) — indicador que relaciona o consumo total de energia com o gasto específico do data center. “No nosso caso, ele está em 1,43, o que é um ótimo índice”, destaca Pagliaricci. Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho energético.
O data center DC SP01 em Santana de Parnaíba pertence à Odata, empresa do Pátria Investimentos. O projeto marca a primeira investida da companhia no setor, que vem crescendo de forma constante no país. A inauguração da primeira fase está prevista para março, com duas salas de TI inicialmente em operação. O investimento inicial é de R$ 150 milhões, mas pode alcançar R$ 400 milhões com a expansão planejada de até 12 salas.
Quando completamente operacional, o empreendimento deve contar com cerca de 100 trabalhadores. A execução está a cargo da Afonso França Engenharia, responsável por deixar pronta toda a estrutura civil para ampliações futuras. “O crescimento do mercado é que determinará a expansão”, afirma Pagliaricci.
A Odata busca ainda as certificações Leed, de construção sustentável, e Tier III, concedida pelo Uptime Institute, referência mundial em certificação de data centers.
Obras e infraestrutura
O projeto ocupa o terreno de um antigo galpão logístico desativado, mas pouco foi reaproveitado de sua estrutura original. As obras começaram em julho de 2016, com pequenas intervenções de terraplenagem. No início de 2017, a construção atingiu seu pico, com aproximadamente 350 trabalhadores em atividades simultâneas.
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“Prédio de missão crítica é uma obra técnica. A preocupação é grande em todas as etapas”, resume Antônio Carlos Machini Jr., diretor de Obras da Afonso França.
O terreno soma 22,8 mil m², com 13,5 mil m² de área construída. A parte frontal, composta por dois pavimentos para áreas administrativas, utiliza estrutura pré-moldada e fechamento em alvenaria. Já a área de TI, com 10 mil m² em um único piso, foi inteiramente executada em pré-moldado, inclusive as placas de fechamento.
As salas de TI são ladeadas por salas de geração de energia e corredores técnicos, responsáveis pela distribuição de energia e climatização. Cada sala possui 308 m², com três faces em drywall resistente ao fogo e uma parede em concreto voltada para a área de geração.
A estanqueidade é um dos pontos mais críticos. A laje recebe impermeabilização reforçada para evitar infiltrações, enquanto o sistema de captação de água de chuva foi projetado para permanecer externo à estrutura, aumentando a segurança. Os caixilhos também exigem vedação rigorosa.
O cabeamento de energia e lógica é aéreo, passando por pipe racks. As salas possuem piso elevado de 70 cm, destinado exclusivamente à climatização. A Odata optou por manter toda a infraestrutura elétrica na parte superior, facilitando manutenções.
O controle térmico é conduzido por bombas de refrigeração instaladas nos corredores, que mantêm temperatura média de 22°C. O ar quente é removido por cima, resfriado por chillers na cobertura e reinserido pelo piso elevado, formando o chamado colchão pleno.
Na área de energia, serão instalados até 15 geradores a diesel Caterpillar, entre 1,8 MW e 3 MW, garantindo autonomia em qualquer eventualidade. A estrutura conta ainda com sistemas de combate a incêndio, CFTV, controle de acesso e subestação para receber energia da rede pública, distribuindo-a para transformadores internos.
Uma torre de água potável de reúso completa o sistema de apoio ao empreendimento.




