De mãos atadas e à mercê dos arrastões

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Passei esses dias pela avenida Corifeu de Azevedo Marques, aqui em SP, a fim de chegar ao Poupatempo. Não poupei tempo e percebi que ao longo de toda a extensão viária estreita, mais estreitada ainda pela colocação da linha exclusiva para ônibus, a fileira de veículos particulares se aperta, eventualmente sem rota de fuga, sabendo que os arrastões podem estar logo à frente. Os cidadãos reclamam, transpiram, se desesperam e, às vezes, querem derivar para a direita. Afinal, a linha exclusiva fica livre durante todo o tempo para algum ônibus solitário. Muitos são estudantes que seguem para Osasco; outros, executivos ou de outras categorias profissionais. O desespero aumenta por conta do medo da delinquência. Não é fácil ficar meia hora, às vezes mais de uma hora, parado numa fila sem fim, sem uma rota de fuga, vez que todas as rotas se encontram, em determinados momentos de pico, sob o bloqueio do volume dos veículos, da fiscalização eletrônica ou dos homens de jaqueta amarela. Então, há um problema, de que só tomei conhecimento ali na fila. Há certos momentos em que é possível descer do carro para um dedinho de prosa com os aflitos. Muitos deles têm evitado seguir pela Corifeu antes das 8 da noite. Preferem ficar no serviço, ou pagar mais caro o estacionamento, do que se aventurar pelo congestionamento, que se adensa das 5 da tarde até àquele horário. É que ficar, ali, ao anoitecer, com destino aos bairros de São Francisco, Rio Pequeno, Vila Iara e ao município de Osasco, é praticar um jogo de azar contra eles próprios. Lá adiante podem estar os delinquentes prontos para atacar. E as vítimas não têm saída. Já se encontram presas em seus carros, em sua fila e sem escolta de segurança. Estão, na prática, de mãos atadas. – Um prato feito para a bandidagem à solta.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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