Desafios para a escolha da matriz energética

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As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) merecem tratamento prioritário na matriz energética brasileira. Essa é a opinião do presidente da Engevix Engenharia, Cristiano Kok. Ele destaca que as PCHs têm menor impacto ambiental durante a construção e custos menores de transmissão. Mas, se atualmente estão sendo construídas 59 PCHs em todo o Brasil, com capacidade de geração de 988,7 MW, cálculos do executivo da Engevix apontam que serão necessárias 150 PCHs para atender ao crescimento anual da demanda brasileira. “Portanto, sozinhas, as PCHs não poderão atender às necessidades do País”, afirma. Quando a análise se volta para o Programa de Aceleração do Crescimento específico para a energia, Kok afirma que ali o conjunto de empreendimentos de geração energética equilibrará a oferta e a demanda a partir de 2012. No entanto, o maior problema, na sua opinião, encontra-se justamente entre 2009 e 2012, quando o risco de um déficit de suprimento energético é grande. Para barrar o risco de desabastecimento, a melhor e mais econômica alternativa, para ele é a hidreletricidade. “No caso de outras opções, há também o gás natural, que deveria ser prioritariamente destinado à aplicação industrial, doméstica e veicular, pois não é poluidor, exceto pelas emissões de CO2. A geração térmica a óleo, junto às refinarias, e com bom controle de poluição, é uma alternativa melhor do que térmicas a gás e para indústrias”. Para Kok, outra boa opção na matriz energética é a energia nuclear, já que o Brasil tem o domínio completo do ciclo. “Essas usinas despacham em 98% do tempo a plena carga, próximas aos centros urbanos, sem emissões. Há, também, um bom potencial de parques eólicos e de geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar”. Ele analisa que os maiores desafios são disponibilizar gás natural para acionar as térmicas já implantadas, sem prejudicar o fornecimento industrial e sem perder o fornecimento do gás boliviano, acelerar o processo de licenciamento ambiental das usinas hidrelétricas, não só do Madeira, mas também Belo Monte e Santa Isabel, e retomar a construção de Angra 3. Outra prioridade também é que o governo encare a questão ambiental, nos casos específicos das hidrelétricas, sob a ótica do desenvolvimento sustentável. “A hidreletricidade é uma fonte renovável e não produtora de CO2. Há um impacto ambiental durante a fase de construção da usina, que está sendo mitigado por lagos menores, criação de unidades de preservação, plantio de matas ciliares, e cuidados redobrados na execução da obra”, enfatiza. A seu ver o que precisa ser combatido é o desmatamento irracional da Amazônia – cerca de 18% dos 680 mil km² da maior floresta do mundo já foram devastados pelo homem. “Basta lembrar que a área de todos os lagos de todas as hidrelétricas brasileiras implantadas e em construção é inferior à área desmatada em um ano na Amazônia”.
Fonte: Estadão


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