Vários itens se sobressaem da construção e operação da unidade misturadora de fertilizantes da Yara Brasil. O maior, no entanto, está na estratégia da empresa, que aproveita o potencial do terminal intermodal de cargas da Rumo Logística naquele município
Nildo Carlos Oliveira – Sumaré (SP)
O presidente da empresa, Lair Hanzen, diz que o empreendimento absorveu recursos da ordem de R$ 115 milhões e tem capacidade para misturar 750 mil t. Deverá atender prioritariamente o Estado de São Paulo, mas destinará parte de sua produção aos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná.
A Yara internacional foi fundada na Noruega em 1905 e tem marcado presença, com vendas, em 150 países. No Brasil, seu portfólio de fertilizantes inclui misturas de grânulos a produtos especiais, como foliares e NPK no grão e programas nutricionais que, segunda a empresa, “ajudam a produzir os alimentos necessários à crescente população mundial”.
A unidade Sumaré ocupa área de 80 mil m² e possui área construída de 34 mil m². Vai operar com 90 funcionários, 50% daquele município. Ela está localizada ao lado do terminal intermodal de cargas da Rumo Logística, do Grupo Cosan. Essa proximidade vai possibilitar a integração da empresa com os modais rodoviários e ferroviários da região. “E esta parceria com a Rumo”, diz Lair Hanzen, “nos propicia uma importante solução, uma vez que utilizaremos a logística inversa na unidade. Os caminhões que chegam à Rumo, para descarregar açúcar, recebendo as cargas transportadas de trem para o Porto de Santos, serão os mesmos que transportarão os fertilizantes produzidos pela nossa unidade e que se destinam às regiões produtoras”.
Contudo, há outros diferenciais nessa fábrica, tais como a tecnologia aplicada em equipamentos e processos de descarga, armazenamento, mistura e carregamento, o funcionamento de laboratório de análises químicas e armazéns para produtos paletizados. Além desses aspectos, que são operacionais, a unidade possui alguns diferenciais construtivos.
Obra
O engenheiro Guilherme Weidlich, gerente de projetos da empresa, informa que a fábrica foi projetada e construída para abrigar ambiente e equipamentos aptos a aprimorar os produtos em favor da agricultura do País, visando a consolidar “a nossa posição de liderança no mercado brasileiro de fertilizantes”.
Com essa finalidade, foram previstas estruturas de concreto armado e madeira e coberturas com telhas de fibrocimento, materiais considerados os mais resistentes à corrosão provocada por fertilizantes. A empresa responsável pela construção, a Construtora Zortéa, adicionou microssílica ativa no concreto, que recebeu também recobrimento mínimo de 4 cm. “Com essa solução”, explica o engenheiro, “o concreto ali aplicado tornou-se mais resistente ao ambiente do fertilizante, do que a estrutura de aço. E ele adquiriu melhor condição de durabilidade do que, também, a estrutura de madeira”.
Ele informa que a empresa optou pela tecnologia das peças pré-moldadas in loco. Com isso, conseguiu maior agilidade nos trabalhos e atendeu o cronograma de execução. “Assim, a obra, que foi iniciada em abril do ano passado, pôde ser entregue no prazo: 11 de novembro último, quando a fábrica foi inaugurada”. O engenheiro diz que as especificações do concreto, empregado na execução da estrutura, nas paredes e nos boxes de armazenamento dos produtos, a ser misturados na composição dos fertilizantes, são as seguintes:
– Classe de agressividade ambiental: IV
– Agressividade: muito forte
– Risco de deterioração da estrutura: elevado
– Classe do concreto: ≥ 40 Mpa
– Consumo de cimento: > 350 kg/m³
– Fator água/cimento: < 0,40
– Microssílica ativa: a dosagem varia de acordo com as propriedades desejadas do concreto, geralmente utilizada de 6% a 8% (% sobre o peso do cimento)
– Recobrimento mínimo de 4 cm
Em razão das diversas interfaces da obra, entre elas a necessidade de compatibilizar os tempos para a montagem dos equipamentos enquanto prosseguiam as obras civis, a construtora – e a contratante – consideraram um conjunto muito grande de atividades multidisciplinares. Nesse caso, o planejamento, rigorosamente seguido, “foi fundamental para evitar perdas de tempo, perda de material e retrabalho. Garantimos, dessa forma, o êxito e a qualidade da edificação, além do prazo e custo. No meu entendimento, é isso que se deve esperar de uma boa construção”.
Ficha Técnica –
Fábrica de Fertilizantes da Yara – Sumaré (SP)
– Início da obra: abril de 2013
– Inauguração: novembro de 2014
– Projeto arquitetônico: Elaborado por equipe própria da Yara
– Projeto Conceitual: Elaborado pela equipe da Yara em articulação com equipe da ARCorreia
– Áreas de apoio: Arqtetos
– Projeto Executivo: Equipe da Construtora Zortéa
– Constru&
ccedil;ão e cálculo estrutural: Construtora Zortéa
e equipe interna
– Principais equipamentos utilizados na construção e montagem das peças pré-moldadas: guindastes, guindauto, plataforma elevatória, manipulador
– Principais fornecedores: instalações elétricas – PCE Engenharia; equipamento nacional – Thor Máquinas; e equipamento importado – Payper
– Principais quantitativos: área total construída – 26.637,79 m², cerca de 50 fornecedores e mais de 500 trabalhadores
Fonte: Revista O Empreiteiro