Tem de haver critério na crítica. E o reconhecimento, depois da crítica, de que esta foi assimilada, dispensa qualquer possibilidade de bajulação. Quando um governo aceita uma crítica e corrige eventuais distorções ou descaminhos, não está fazendo nada além do que cumprir a sua obrigação.
Recentemente, com a paralisação das obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o tom das críticas a este órgão e ao governo subiu de intensidade. A tal ponto, que houve acolhida ampla a manifestações de entidade que, na defesa dos interesses de seus associados, saiu a campo para denunciar como o governo vinha negligenciando importantes obras da área de infraestrutura.
As críticas eram severas e, pelos dados explícitos exibidos, bem fundamentadas. Acredito que elas atingiram o alvo. Tanto é, que o governo, há alguns dias, veio a público com um programa de investimentos para retomar as obras que havia paralisado.
Ainda na esteira do anúncio dos investimentos, as críticas amainaram. E, no lugar das críticas, começou o chorrilho das bajulações e dos rapapés. É como se as críticas de ontem, não merecessem qualquer reconhecimento de veracidade hoje. Se possível, até deveriam ser esquecidas. Bastou, portanto, que o governo fizesse um tímido aceno em favor de uma possível retomada das obras, para que colunas vertebrais de curvassem como arcos e interessados saíssem por aí cortejando autoridades, como se estivessem antevendo, lá adiante, o surgimento da Terra Prometida.
Ora, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. As críticas precisam ser feita porque é dever da sociedade cobrar do governo o cumprimento de seus compromissos. E, não podem ser feitas unicamente em função de interesses corporativos episódicos. Precisam refletir as urgências da sociedade e não a ansiedade ambiciosa de lobistas de plantão.
A crítica justa dispensa salamaleques.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira