Que eles sirvam de exemplo para os políticos que insistem em administrar a Copa 2014 e a Olimpíada 2016, sem competência técnica e ética para tanto. Enquanto os atletas brasileiros, que enfrentaram carência de patrocínio e situações precárias de treinamento durante anos, conquistavam medalhas nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara, dando lições de sacrifício pessoal e superação, no Brasil ainda discutíamos se o ministro Orlando Silva Jr., do Esporte, atingido por denúncias de ilicitudes e cuja pasta se tornou alvo de devassa determinada pelo STF, permaneceria ou não no cargo. Não permaneceu.
O País está diante de uma janela de oportunidades para se transformar numa nação de visibilidade parecida à do Canadá e Austrália. E deverá alcançar esse objetivo, se souber realizar a Copa do Mundo de 2014 nas condições internacionalmente reconhecidas, e sem fechar os olhos para as prioridades da mobilidade urbana e do legado que deve ser deixado para a população, mas cujas obras ainda estão atrasadas.
Temos menos de cinco anos para os preparativos da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. Também nesse caso será necessário que o País atenda às exigências de um organismo externo, o Comitê Olímpico Internacional (COI), mas pensando, simultaneamente, que a Olimpíada poderá ser uma oportunidade única para inserir, na infraestrutura que lhe dará sustentação, o conceito de obras públicas que não devem servir apenas de biombo para inaugurações destinadas a colocar na mídia e participação de políticos e de administradores incompetentes, mas que devem se consolidar como obras permanentes para uso diário da população.
Tomemos o exemplo de São Paulo, a capital econômica do Brasil. O metrô está saturado, as linhas de ônibus defasadas e a rede hoteleira sem condições de atendimento das demandas dos eventos já programados no calendário. Se o cenário, sem a Copa, já está assim, é de imaginar-se como ele ficará no período do Mundial.
Além disso, o verão se aproxima. As obras contra enchentes em áreas de risco, compreendendo uma série de providências técnicas nas várzeas e nas encostas, nem sequer ainda começaram ou, se começaram, estão para lá de atrasadas, por conta da falta de planejamento ou recursos na escala necessária. Enquanto isso, o prefeito se concentra na formação do seu novo partido, na expectativa de decolar para o Palácio dos Bandeirantes.
É nesse cenário que as denúncias de corrupção, em nível nacional, começam a mostrar outras facetas de algumas ONGs, manipuladas segundo interesses políticos inconfessáveis.
Felizmente o Brasil com o qual sonhamos para as próximas gerações não é este. Reiteramos o exemplo de nossos atletas no México e o exemplo da população que, independentemente dos políticos que só raciocinam com a mão estendida para o erário público, vai construindo a nação, pedra a pedra, tijolo a tijolo.
E outro exemplo é o das empresas, conforme demonstramos amplamente nas reportagens publicadas nesta edição. Estão aqui as histórias das quatro Empresas de Engenharia do Ano, cada uma em seu segmento de atuação: ARG, na categoria Infraestrutura; Hochtief do Brasil, Edificações; Guimar Engenharia, Projetos e Consultoria; e TKK, Montagem Industrial. Na história de cada uma está um exemplo de superação e de esforço para manter equipes, conquistar obras e continuar sobrevivendo e crescendo numa realidade onde a política é um risco e, a política econômica, pode ser uma armadilha.
Fonte: Estadão