Por apresentar características de durabilidade, alta resistência e versatilidade, necessárias aos produtos que sofrem a ação de condições ambientais extremas, incluindo intempéries e maresia, entre outras, além de se adequar à logística disponível, o sistema construtivo concreto/PVC foi o escolhido pela arquiteta Cristina Engel de Alvarez para a construção de uma estação científica na Ilha da Trindade, localizada no Oceano Atlântico a 1.140 km de Vitória (ES). Trata-se de um sistema constituído por perfis de PVC autoencaixáveis preenchidos com concreto e aço.
A estação tem como principal objetivo abrigar os pesquisadores que realizam trabalhos científicos e que devem permanecer na ilha por cerca de dois meses. Eles são oriundos de vários locais do Brasil e desenvolvem pesquisas principalmente nas áreas de geologia, biologia, oceanografia e ciências atmosféricas. Considerando essas características, a estação foi desenvolvida para criar ambientes confortáveis e locais específicos para o desenvolvimento dos trabalhos.
A edificação é composta por dois camarotes para quatro pessoas cada um e dois sanitários (masculino e feminino), cozinha, sala de estar, depósito e dois laboratórios (seco e úmido) bem como amplo avarandado na parte frontal. Segundo Cristina, o PVC se apresenta como o principal material construtivo, como resposta às condições locais. “Características como resistência às intempéries, à ação de fungos, bactérias, insetos e roedores, baixo custo de manutenção, possibilidade de pré-fabricação e relação custo-benefício adequados, colocaram o PVC como a primeira opção neste caso”, afirmou a arquiteta. E completa: ”além disso, o produto é atóxico e auto extinguível, não propagando chamas em caso de incêndio, fatores importantes, principalmente em locais mais isolados como na Ilha”.
“É importante ressaltar que está sendo desenvolvida uma pesquisa específica de acompanhamento do desempenho do PVC e os usuários da Estação – os pesquisadores – serão os principais elementos que auxiliarão nessa avaliação através de respostas a um questionário que abordará desde o conforto (térmico, acústico, lumínico, ergonômico e psicológico) até as facilidades ou dificuldades de manutenção. Além disso, serão realizados testes relacionados à qualidade interna do ar na construção”, lembra a arquiteta.
Segundo Carlos Eduardo Torres, diretor geral da Royal do Brasil, fabricante dos perfis de PVC utilizado na construção da estação, a vantagem é a simplicidade na montagem, já que se consegue uma produtividade das mais altas já vistas na construção. Ele também enumera as vantagens ambientais do produto: redução de entulho de até 97%, economia de água na construção de até 73%, economia de energia na obra de cerca de 50%, ganhos de área construída de aproximadamente 7%. “Além disso, trata-se de uma tecnologia que quando corretamente especificada pode ajudar nos níveis de isolamento térmico e acústico, assim como pode contribuir para a diminuição do consumo de energia no uso da moradia”, afirma o executivo.
Base na Antártica
Cristina Engel de Alvarez já havia tido experiência com PVC em locais com características peculiares, no projeto da base brasileira na Antártica conhecida como Estação Comandante Ferraz, na qual as esquadrias aplicadas são de PVC. “Essa decisão foi em função de ter sido constatado, em uma janela de um pequeno refúgio instalado afastado da Estação Ferraz, que a esquadria de PVC se mantinha intacta, mesmo sem qualquer procedimento de manutenção”, conta a arquiteta.
Alvarez acredita que quando alguns aspectos relacionados à qualidade na construção civil começarem a tornar-se obrigatórios, os materiais e técnicas construtivas tradicionais tenderão a ser substituídos por novos produtos e processos, mais eficientes, de menor manutenção e de maior vida útil, como o PVC.
Miguel Bahiense Neto, presidente do Instituto do PVC, concorda com Alvarez. “O PVC possui características e propriedades que o tornam ideal para ser utilizado na construção civil e arquitetura. Além de ser leve, resistente, impermeável e de não propagar chamas, ele permite a redução de troca de calor em ambientes, possibilitando a redução de consumo de energia por aquecedores e ar condicionados, atualmente itens chave para a arquitetura sustentável”, completa o executivo.
(Foto: Anderson Buss Woelffel)
Fonte: Estadão