Falta de fiscalização e desastres comprometem imagem da engenharia

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Corrupção e falta de ações fiscalizadoras diretas do poder público ou de agências reguladoras do governo são apontadas como alguns dos mais graves fatores responsáveis por óbitos, trabalhadores feridos e outras vítimas em obras de engenharia ou em seu entorno, ao longo do ano que se encerra.

Adicionalmente, acidentes provocados por fenômenos naturais previsíveis, mas para os quais não se adotaram quaisquer medidas preventivas, ficando-se apenas no velho e surrado terreno das promessas, deixaram mortos e centenas de desabrigados na cidade do Rio e na Baixada Fluminense – fato que poderá repetir-se, em maior ou menos escala, em outras regiões, por conta das chuvas.

São ocorrência que direta ou indiretamente se refletem na insegurança das cidades, já castigadas todos os dias e a toda hora pela violência do banditismo à solta, que também avança pelos estádios e, agora, conflui para além das ruas, alcançando as chamadas “catedrais de consumo”, os shopping centers.

Um dia é um trem de carga, da América Latina Logística (ALL), que descarrila em bairro de São José do Rio Preto (SP), atinge casas, provoca a morte de oito pessoas e bloqueia o tráfego na linha, ocasionando também graves prejuízos econômicos. O ministro César Borges, dos Transportes, admite que, nesse caso, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não vinha fiscalizando o trabalho da concessionária para a manutenção da segurança da linha. E mais: o próprio governo acaba reconhecendo que não tem como fiscalizar todos os contratos de concessão ferroviária no País.

Outros desastres registrados no ano: o acidente com um guindaste na Arena de Itaquera, em São Paulo, e outro na Arena de Manaus (AM), ambos resultando em dois óbitos; o incêndio que destruiu o auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina; um prédio de cinco pavimentos que desabou em Guarulhos (SP); outro prédio, este de dois andares, que ruiu no bairro da Liberdade em São Paulo; o alagamento em trecho da Via Binário, no Rio de Janeiro, ocasionado porque o trecho foi entregue parcialmente ao tráfego sem sistema de drenagem instalado. E poderíamos continuar a relacionar dezenas de outras ocorrências, todas elas provocadas, no geral, porque houve falhas de fiscalização por parte do poder público, que tem se revelado inepto no cumprimento de responsabilidades mínimas.

Essa sucessão de ocorrências compõe um cenário ruim, sobretudo na área das obras públicas. E incide sobre a imagem de uma engenharia que tem sido capaz, ao longo dos anos, de realizar notáveis obras, em todos os segmentos, mas que não tem se manifestado, por intermédio de suas entidades de classe, com a contundência necessária, contra os desmandos que afrontam a sociedade.

Acentuamos essa observação no limiar do Ano-Novo – 2014 – que acena com a possibilidade da realização de importantes obras de engenharia, por conta, enfim, das novas concessões rodoviárias e aeroportuárias que deverão melhorar a infraestrutura brasileira. E a sociedade precisa cobrar do governo, das agências reguladoras e instituições de engenharia fiscalização eficiente para interromper essa sequência interminável de tragédias anunciadas.

Até porque o monitoramento da integridade de obras de infraestrutura conta com tecnologias de escaneamento georreferenciado em 3D que pode registrar 100% das condições operacionais de uma rodovia complexa como a Imigrantes, em poucos dias. É uma tecnologia que está disponível na prateleira. Com ela, deixar-se-á de depender da decisão de um burocrata. E será o fim das desculpas resultantes da inércia dos governantes.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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