A UTE GNA II é parte do maior parque termelétrico da América Latina, localizado no Norte do estado do Rio de Janeiro. As UTEs Gás Natural Açu I e II somam 3 GW de potência instalada, o suficiente para atender cerca de 14 milhões de residências. A UTE GNA I, com 1.3 GW, iniciou a operação comercial em setembro de 2021. Para abastecer as usinas, a GNA construiu e colocou em operação um Terminal de Regaseificação de GNL, o primeiro de uso privado do Brasil, onde está atracada a FSRU BW MAGNA, embarcação com capacidade para armazenar e regaseificar até 28 milhões de m3 de gás por dia.
Graças ao investimento em uma unidade de dessalinização, as usinas operam com praticamente 100% de água do mar, tornando-as independentes da captação de água doce e contribuindo para a proteção dos recursos hídricos. Com 1.7 GW de potência instalada, o suficiente para abastecer cerca de 8 milhões de residências, a UTE GNA II, sozinha, equivale a 10% de toda a capacidade da geração a gás natural disponível hoje no Sistema Interligado Nacional (SIN).
A implantação do projeto envolve investimentos que chegam aos R$ 7 bilhões, considerando uma usina termelétrica em ciclo combinado, uma subestação e uma linha de transmissão de 500 kV para escoar a energia ao SIN.
Para viabilizar a implantação do projeto, em 2021, a UTE GNA II assinou contrato de financiamento com o BNDES no valor total de cerca de R$ 4 bilhões. No final de 2022, a UTE GNA II recebeu o primeiro desembolso no montante de R$ 2,4 bilhões. Em 16 de abril do ano passado, a companhia de energia, controlada pelas empresas BP, Siemens Energy e SPIC Brasil, deu mais um passo na construção da maior e mais eficiente termelétrica a gás natural do País.
A UTE GNA II recebeu a primeira das três turbinas a gás que, em ciclo combinado, irão compor a ilha de potência da usina de 1,7 GW de capacidade instalada. Fornecida pela Siemens Energy, o equipamento é considerado um dos mais importantes da planta, que prevê entrar em operação comercial no início de 2025.
As três turbinas a gás da classe HL são as mais modernas disponíveis no mercado, oferecendo mais de 60% de eficiência com os menores níveis de emissão de carbono quando comparadas às usinas termelétricas em operação no Brasil. Fabricadas na Alemanha, cada turbina tem capacidade nominal de mais de 350 MW, pesando cerca de 310 t, com 11,9 m de comprimento e 5,3 m de altura. Em fevereiro passado, o equipamento partiu da fábrica de Berlim, na Alemanha, diretamente para o Terminal Multicargas – T-MULT localizado no Porto do Açu, a cerca de três km do canteiro de obras da usina.
Ao todo, a ilha de potência da UTE GNA II compreende três turbinas a gás, uma turbina a vapor, quatro geradores e três caldeiras de recuperação de calor a vapor, além de outros sistemas. “A chegada da primeira turbina da GNA II é um marco importantíssimo para nosso projeto.
Estamos construindo um empreendimento estruturante, que gera, atualmente, mais de 2.700 empregos, desenvolvimento econômico e social para o Norte Fluminense, para o Estado do Rio de Janeiro e para o Brasil e, quando em operação, trará mais a segurança e confiabilidade ao Sistema Elétrico Nacional”, destaca Carlos Baldi, diretor de Operação e Implantação da GNA.
As obras da UTE GNA II foram iniciadas no final de 2021 e contam com mais de 65% de atividades já concluídas. O projeto encontra-se na fase de montagem eletromecânica e preparação das áreas para receber os equipamentos.
Ao longo do período de obras, estão previstas a geração de aproximadamente 10 mil empregos diretos e indiretos, a maior parte preenchida por trabalhadores da região. Com objetivo de capacitar a população local, a companhia lançou a segunda edição de seu Programa de Qualificação Profissional gratuito. Dentre as 450 vagas oferecidas, 41% foram preenchidas por mulheres, reforçando o apoio da companhia à equidade de gênero no setor. A segurança também é um dos pilares do empreendimento. Desde o início das obras, não foram registrados acidentes com afastamento.
No início de 2024 está previsto o início do período de comissionamento. Além do fornecimento de equipamentos da ilha de potência, a Siemens Energy integra o consórcio construtor da usina e será a responsável pela prestação de serviços de longo prazo de operação e manutenção da usina.
EXPANSÃO
O Parque Termelétrico a gás natural da GNA possui, ainda, 3,4 GW de capacidade instalada licenciada, o que permitirá o desenvolvimento de novos projetos, podendo chegar a 6,4 GW, consolidando-se como o maior hub de gás e energia da América Latina. Os planos de expansão contemplam ainda a construção de gasodutos terrestres, integrando a GNA à malha existente de gasodutos.
CONSTRUÇÃO EM REGIME TURNKEY
A Siemens Energy foi contratada para a construção da UTE GNA II em regime turnkey.
A construção da planta que já está em andamento, se dá após o comissionamento bem-sucedido de GNA I, no segundo semestre de 2021. GNA II será a segunda usina de ciclo combinado que a Siemens Energy irá construir em regime de turnkey no polo termelétrico e terá uma capacidade instalada de 1,7 GW. Esse segundo pedido contará com a primeira aplicação no Brasil da turbina a gás classe HL. O valor total do projeto é de aproximadamente € 1 bilhão.
O escopo da Siemens Energy prevê a entrega de toda a ilha de energia, que consiste em três turbinas a gás classe HL de alta eficiência, uma turbina a vapor, quatro geradores elétricos e três geradores a vapor com recuperação de calor (HRSG), além de sistemas de instrumentação e controle. Os serviços cobrirão também a operação e manutenção de longo prazo (O&M) da planta, incluindo monitoramento remoto avançado e diagnóstico pelo Centro de Operação Remoto, localizado em Jundiaí, São Paulo. A usina está sendo construída em conjunto com a parceira do consórcio Andrade Gutierrez, que executa as obras civis, de infraestrutura e montagem.
O projeto Gás Natural do Açu contempla a construção de duas usinas termelétricas, um terminal de regaseificação de GNL, baseado em uma FSRU (Unidade Flutuante de Regaseificação de Armazenamento), além de subestações e linhas de transmissão para interligar as usinas ao Sistema Interligado Nacional.
O complexo termelétrico faz parte do Polo Gás do Açu, projeto em desenvolvimento no Complexo Portuário do Açu que visa fornecer uma solução logística para o recebimento, processamento, conversão em energia elétrica e transporte do gás natural nas bacias de Campos e Santos, bem como para importar e armazenar GNL.
Uma segunda fase compreenderá projetos de energia térmica adicionais sob a licença ambiental de 6,4 GW de propriedade da GNA. “Esse projeto é estratégico pela localização geográfica, próximo aos dois principais sistemas de gasodutos do Brasil, nas regiões Nordeste e Sudeste do país. Importante ressaltar que as turbinas a gás para GNA II estão prontas para queimar hidrogênio posteriormente, informa a Siemens.
IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS EM ALTO-MAR
A Prumo Logística e a petroleira francesa TotalEnergies anunciaram recentemente a assinatura de um memorando de entendimentos para estudos que visam a instalação de bases de apoio logístico no Porto do Açu (RJ) para projetos de energia eólica offshore. Segundo as empresas, a parceria abre espaço para que a TotalEnergies prossiga com estudos de viabilidade para a implantação de parques eólicos em alto-mar, com até 3 GW de potência, no Estado do Rio de Janeiro.
A ideia é que a petroleira utilize o Porto do Açu, controlado pela Prumo, como um hub logístico em todas as fases do projeto, servindo de base de apoio para construção, instalação e operação das plantas eólicas. “Algumas características de Açu, como sua vasta retroárea e condições de calado únicas, posicionam o porto como uma importante plataforma para o desenvolvimento de eólicas offshore. Além disso, estamos em fase de atração de fábricas que tenham sinergia com esse negócio”, disse Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística.
Além da TotalEnergies, o Porto de Açu já havia anunciado, em setembro de 2022, uma parceria com a francesa EDF Renewables para desenvolver futuros projetos eólicos offshore e de hidrogênio verde na área do porto. A indústria eólica offshore começou a olhar para o Brasil nos últimos anos, com o fortalecimento da agenda de transição energética, mas os empreendimentos nesta modalidade ainda carecem de definições, principalmente regulatórias, para sair do papel.
Mesmo assim, o Ibama já contabiliza cerca de 170 GW de projetos offshore aguardando licenciamento, de empresas como Shell e Neoenergia. Em outubro de 2022, o governo brasileiro publicou portarias que avançam com a regulamentação da geração de energia eólica offshore, um passo considerado importante por investidores para deslanchar seus primeiros projetos no país.
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PARCERIA VISA POLO DE PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES
O Porto de Açu firmou uma parceria com a empresa nipo brasileira Toyo Setal para construção de uma planta de produção de amônia e ureia no terminal portuário em São João da Barra, norte fluminense, RJ, com investimentos que podem chegar a US$ 3 bilhões. A previsão é que a unidade tenha capacidade de produzir 1,38 milhão de toneladas de ureia e 781,5 mil toneladas de amônia por ano.
A ideia é que o dinheiro para instalação da unidade venha por meio de investidores ou de empresas experientes nesse tipo de negócio. Produtores de grãos e empresas de fertilizantes estão na lista dos potenciais interessados nessa associação. A Toyo Setal poderá tornar-se sócia minoritária do empreendimento, que, uma vez aprovado, pode levar de três a quatro anos para entrar em produção.
A intenção do Açu e da parceira é começar a curto prazo costurar os acordos com possíveis sócios e investidores do projeto. Em um primeiro momento, o Açu entra no negócio com o terreno e a infraestrutura disponível no porto.
Já a Toyo Setal participa com a expertise na área de engenharia, construção e montagem e com a tecnologia própria de produção de amônia e ureia. O investimento previsto no projeto considera somente a instalação sem incluir o transporte do gás natural até a planta. O gás é insumo para produção de amônia, produto intermediário para se chegar na ureia. “A parceria com a Toyo Setal nos permite dar um passo adiante em nossa estratégia de estabelecer o Açu como um polo de produção de fertilizantes no Brasil, contribuindo para ampliar a produção nacional e balancear a nossa dependência da importação”, disse José Firmo, presidente do Porto de Açu.
Em 2022, mais de 90% dos fertilizantes nitrogenados consumidos no Brasil foram importados, segundo a companhia, que atua na prestação de serviços de engenharia e projetos a petrolíferas, mineradoras e siderúrgicas. A Toyo Setal, que tem 87 projetos de amônia e 112 de ureia em seu portfólio global, utiliza uma tecnologia própria na produção de ureia e tem parcerias com outras companhias para produção de amônia. A tratativa com Açu vai priorizar a tecnologia que utiliza o gás natural como matéria-prima para a produção de fertilizantes. Numa segunda etapa, as empresas preveem também a produção da chamada “amônia verde”, obtida a partir do hidrogênio via eletrólise da água.
Neste ano, a companhia deu início ao licenciamento ambiental de um “cluster” (conjunto de equipamentos) de hidrogênio de baixo carbono no Açu, com 4 GW de capacidade instalada. O anúncio vem em um momento em que se debate se a quantidade de gás natural produzida no país atende às demandas internas. “Isso não será um problema nesse caso. A companhia confia na chegada de novos pontos de produção de gás, como o gasoduto Rota 3, em que a Toyo também atua”, afirma Dorian Zen, presidente da Toyo Setal. A Toyo Setal Empreendimento é resultado da parceria entre a companhia japonesa Toyo Engineering Corporation e a brasileira Setal Óleo e Gás. Em 2012, foi criada a Toyo Setal Participações e Investimentos S.A, com capital social de 50% de cada uma delas.
A companhia detém 100% do capital social da Toyo Setal Empreendimentos, que atua em projetos onshore, e 100% da Estaleiros do Brasil (EBR), que atua em projetos offshore. O gasoduto rota 3, da Petrobras, vai ligar o pré-sal da Bacia de Santos ao Polo Gaslub, em Itaboraí (RJ). As obras estão atrasadas depois da rescisão do contrato entre a estatal e a empresa SPE Kerui-Método, responsável pelos trabalhos da unidade de processamento de gás natural (UPGN) do polo. Depois da rescisão, a Toyo Setal assumiu a construção.
A perspectiva das empresas é que o gás seja barateado com o volume dos novos projetos de gás que devem começar a operar no país nos próximos anos, para que tanto o Porto de Açu quanto a Toyo Setal avancem a primeira fase do projeto, produzindo a “amônia azul”, feita a partir da redução de gás carbônico, e depois evoluir para a “amônia verde”. O Porto tem a vantagem logística de estar próximo de rotas de gás e conta com fácil acesso às principais vias de escoamento de fertilizantes para o Sudeste e Centro-Oeste. Existe ainda a expectativa de que os futuros projetos de eólicas offshore fiquem próximos ao porto.
O Porto do Açu começou a movimentar fertilizantes em 2021, quando realizou a primeira operação do Estado do Rio de Janeiro. Desde então, foram movimentadas cerca de 100 mil toneladas de fertilizantes por lá. Neste ano, foram inaugurados mais dois armazéns, que aumentam em quatro vezes a capacidade estática de armazenamento para 110 mil toneladas e dobram a área alfandegada do terminal para 360 mil m².