Paulo Godoy*
Osetor de infraestrutura conseguiu ampliar o nível de investimentos. Nos últimos oito anos, governos e empresas ampliaram os investimentos realizados de R$ 60 bilhões para R$ 150 bilhões, aproximadamente, em preços atualizados. Apesar da expansão, as pessoas e as companhias parecem não perceber reflexos na melhoria dos serviços.
Os gargalos são sentidos em todos os estratos da sociedade e em todas as regiões do País. As cidades estão cada vez mais congestionadas. Em São Paulo, por exemplo, tornou-se comum o nível de congestionamento ultrapassar 200 quilômetros. O acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgoto ainda é artigo de luxo em muitas áreas. Uma extensão pequena das rodovias brasileiras, em relação à malha total de estradas, é asfaltada – e as condições de rodagem nem sempre são satisfatórias. O transporte sobre trilhos de passageiros é precário ou insuficiente em todos os grandes centros urbanos. Portos e aeroportos continuam saturados, com a diferença que contêineres não reclamam.
Por que, então, as pessoas e as empresas não percebem sinais de mudança se os investimentos cresceram significativamente? A resposta parece estar na velocidade dos investimentos, que não tem sido suficiente para atender tanto a defasagem histórica acumulada durante décadas de investimentos parcos quanto o crescimento da atividade econômica no mercado doméstico, que demanda ainda mais capacidade da infraestrutura.
A saída é acelerar – investir em mais projetos concomitantemente, e mais rápido. Essa pressa não será indolor, principalmente porque o Brasil tem um sistema de decisão e execução bastante burocrático e somente nas últimas duas décadas tem experimentado razoável estabilidade jurídica e institucional no ambiente de negócios.
Há muitos desafios a serem superados se o objetivo é acelerar os investimentos. O sistema de licenciamento ambiental ainda é demorado, principalmente nos estados, bastante sujeito a intempéries políticas. O financiamento de longo prazo para as obras ainda depende dos bancos públicos. Os procedimentos de licitação, apesar da boa intenção de garantir eficiência no uso dos recursos públicos, resultam em demora e desperdício do orçamento em diversas ocasiões. São tarefas árduas e complexas, mas com potencial de dinamizar muito a expansão da infraestrutura no Brasil.
*Paulo Godoy é presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).
Fonte: Padrão