As obras de modernização do Aeroporto Internacional “Tom Jobim”, destinadas a adequá-lo à demanda prevista para a Copa de 2014 e Olimpíada de 2016, estão em dia. Essa é a palavra da Infraero, que os fatos, até lá, se encarregarão de comprovar e que o usuário, hoje, coloca em dúvida
Iniciadas em 2009, as obras compreendem reforma e ampliação do Terminal de Passageiros 1 e conclusão e reforma do Terminal de Passageiros 2. Elas abrangem duas frentes de trabalho, executadas em lotes. O projeto executivo encontra-se em fase de readequação. A 1ª fase da obra foi iniciada com base no projeto original. Os trabalhos começaram em setembro daquele ano com a reforma do Terminal de Passageiros 1 e a conclusão do Terminal de Passageiros 2. O termo de responsabilidade das obras foi firmado entre o Ministério do Esporte, o governo do Estado e a prefeitura do Rio de Janeiro.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando Santos Reis, encara o estágio atual das obras sob dois aspectos: “A Infraero garante que o cronograma está sendo cumprido. Mas quem sente os problemas do aeroporto é o usuário e ele sabe que ali as instalações estão ultrapassadas. As obras em curso são reformas localizadas, pontuais, que não atenderão à demanda de público nem mesmo as condições mínimas de funcionalidade e qualidade. Os recursos que estão previstos para as obras estão muito aquém da necessidade”, afirma.
O presidente da Sinicon acha que se não houver mudança radical na forma de tratar a “adequação” do Galeão para transformá-lo em um aeroporto moderno, “o Brasil tende a cair na solução do ‘puxadinho’, como acontece em Brasília e pode acontecer também em Guarulhos”, completa.
Dados disponíveis na imprensa, e atualizados pela Controladoria-Geral da União, indicam que para as obras estão previstos R$ 687,3 milhões, sendo que R$ 108,1 milhões já estão contratados e R$ 42,3 milhões foram gastos nos serviços executados até o momento. Ou seja, apenas 0,9% dos valores disponíveis para a modernização do aeroporto foram executados, o que representa uma quantidade mínima.
Em resumo, dos quase R$ 5,6 bilhões que o Governo Federal colocou à disposição da Infraero para a melhoria e ampliação dos aeroportos, apenas R$ 193 milhões já estão comprometidos com contratos e, destes, somente R$ 49,3 milhões foram gastos efetivamente.
Considerado pelo próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) o maior desafio para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a reforma do Galeão tem o prazo de abril de 2014 para a conclusão de todos os serviços de modernização. Especialistas acreditam que diante do ritmo que a Infraero está executando as obras, essa meta pode não ser alcançada.
Para o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, o Brasil está atrasado em relação a outros países que sediaram Copas e as obras no aeroporto fazem parte do rol de obras com avanço abaixo do esperado. Dados de um levantamento feito pela ONG Contas Abertas, que fiscaliza o investimento do dinheiro público, também dão conta que a execução da verba destinada ao Galeão é lenta.
O presidente da Infraero, Murilo Barboza, atribuiu como um dos motivos determinantes para o atual ritmo de aplicação da verba para remodelação do aeroporto, os próprios procedimentos e restrições da Lei das Licitações, “que tornam as contratações pelo poder público e estatais muito mais demoradas”.
Já foram divulgados pela Infraero planos de construção de um edifício-garagem, além de readequação no estacionamento, prevista para 2011.
Foram realizados reparos em uma área de 4 mil m², abrangendo nova sinalização vertical, reforma dos banheiros, troca do forro e luminárias, instalação de granito nas colunas, 500 novos assentos, novos alimentadores de energia distribuídos pelo salão, entre outras melhorias. Com a realização de todas as obras de revitalização previstas, cada terminal do aeroporto terá capacidade de atender até 10 milhões de passageiros por ano.
Legado
A completa modernização do aeroporto representa uma das principais prioridades visando a adequar a infraestrutura do Rio para atender dois eventos globais. As obras, além de integrarem o conjunto de providências necessárias para atendimento aos eventos esportivos, também representam oportunidades estratégicas de renovação da estrutura urbana da cidade, o que remete à ideia difundida de legado social dos jogos.
Importante ressaltar que o Brasil precisa estar com toda a estrutura pronta para atender aos dois grandes eventos de 2014 e 2016, e que o País pode perder o direito de sediar as Olimpíadas caso não apresente a infraestrutura acordada com os órgãos esportivos internacionais. A FIFA, inclusive, realiza vistorias para o acompanhamento das obras de adequação das cidades-sede da Copa do Mundo. Ela também sempre trabalha com planos alternativos. Nos jogos da Copa realizados na África do Sul, por exemplo, a Alemanha era o plano B para sediar o evento por causa de suas instalações prontas. No caso do Brasil, se os prazos não forem cumpridos conforme estabelecido junto à FIFA, o plano alternativo será realizar os jogos em Londres.
O Aeroporto do Galeão funciona há 32 anos e é considerado pela maioria dos turistas que visitam o Brasil um dos principais aeroportos do País, segundo dados do Embratur. Localizado a apenas 20 km do centro do Rio de Janeiro, o aeroporto é servido por várias vias expressas, como a Linha Vermelha, a Linha Amarela e a Avenida Brasil, o que facilita os deslocamentos para diversos pontos do Rio. O aeroporto também conta com a maior pista de pouso e decolagem do Brasil, com 4.000m x 45m.
Obras já realizadas no Galeão:
– Reforma e modernização do Sistema Informativo de Voo (nos dois terminais de passageiros): concluída em maio/09.
– Polimento do piso de granito dos terminais: concluído em junho/09.
– Forro mineral (teto rebaixado): concluído em junho/09.
– Troca do piso emborrachado preto e vinílico: concluído em junho/09.
– Substituição das paredes de fórmica: concluído em agosto/09.
– Revestimento das colunas por granito: concluído em setembro/09.
– 44 sanitários reformados: concluído em outubro/09.
– Reforma do embarque do setor C: concluída em janeiro/10.
– Testeiras internas e externas: co
ncluída em janeiro/2010.
Algumas obras em andamento:
– Recuperação das fachadas do Terminal de passageiros 1: início em julho/2010 e término previsto para abril/2011.
– Substituição de todos os 60 elevadores (dos dois terminais de passageiros e demais instalações do aeroporto): a troca dos oito primeiros elevadores iniciou em agosto/2009 entrando em operação em janeiro de 2010. A conclusão final de todos os 60 elevadores está prevista para agosto/2011.
– Substituição do forro por forro Baffle e luminárias: iniciada em setembro/09 e término em dezembro/2011.
– Reforma do antigo terminal de carga para terminal de exportação: início da obra em janeiro/10 e previsão de término para dezembro/11.
– Reforma do embarque setor A: início em 06/abril/10 e término previsto para 30 de junho de 2011.
