Executivo de grupo internacional analisa o cenário atual na nova etapa de concessões federais em aeroportos, rodovias e ferrovias Os sucessivos reajustes nas taxas de retorno das rodovias e ferrovias, que entrarão em licitação nos próximos meses, ainda não foram suficientes para o convencimento dos investidores internacionais”, afirma o executivo. Ele lembra que “dois anos se passaram sem que nada acontecesse e agora começa a acontecer uma sequência ininterrupta de licitações. Fica, portanto, difícil de imaginar, que os investidores externos venham de repente, e em peso, aplicar recursos nessas concessões, justamente quando o Brasil entra num período de crescimento moderado, com os Estados Unidos dando sinais de recuperação e atraindo o capital de risco que estava aplicado nas economias emergentes”. Esse analista diz que as manifestações e protestos de rua trouxeram um novo elemento de risco. E indaga: “Como é que o investidor vai aplicar um enorme montante de recursos nos primeiros cinco anos da concessão, quando os protestos podem fechar praças de pedágio ou bloquear vias de acesso aos portos, num cenário em que as autoridades estaduais e federais podem hesitar em tomar medidas mais firmes para dar segurança aos usuários das estradas, que têm tanto o direito de ir e vir quanto os manifestantes de protestar? “ Outro obstáculo que os investidores externos observam é a lentidão da Justiça. Uma concessão conquistada pode demorar mais de ano para ser assinada, por conta dos recursos sucessivos dos participantes da licitação que perderam a disputa. Isso sem falar do apadrinhamento político em Brasília de alguns participantes que entram em cena nesta hora. O aeroporto de Guarulhos é lembrado como uma concessão destinada a atrair operadores privados e acabou virando uma “reestatização branca”, com o controle virtualmente nas mãos dos fundos de pensão de empresas estatais aliadas à própria Infraero. Embora o governo já tenha anunciado a disposição de realizar a concessão de outros aeroportos, depois dos certames de Galeão e Confins, este executivo não acredita que haja interesse de operadoras globais nos outros terminais aeroportuários de menor movimento. Mas, voltando às concessões rodoviárias, ele pergunta: “Quem vai investir em centenas de quilômetros de rodovias no Mato Grosso, mesmo que o próprio governo duplique as pistas com recursos públicos? Não há volume de tráfego suficiente para remunerar o volume de investimentos exigido.” Finalmente, ele diz não acreditar no sucesso das concessões de ferrovias, nem da concessão para a construção e operação do TAV. “A Valec não é exatamente uma instituição que possa dar segurança aos investidores, mesmo que compre toda a capacidade de transporte instalada. Ela seria financiada a fundo perdido pelo governo, quando não conseguir comercializar para terceiros no mercado o volume de tráfego que comprou no atacado?” Para ele, os investidores externos precisam de regras consistentes e pétreas que fiquem blindadas contra o humor instável do governante que assume, a cada quatro anos. “Concessões continuam atraindo muito dinheiro dos investidores globais no Canadá, EUA e Europa. Há práticas já consagradas pelo mercado nesta modalidade que, se adotadas, permitirão maior segurança aos investidores. Um bom começo é a contratação de empresas de engenharia globais para os estudos de viabilidade, projeto executivo e gerenciamento das obras, que podem se consorciar a empresas brasileiras, dando mais segurança aos investidores quanto aos prazos de construção dos empreendimentos.” (Joseph Young) Fonte: Revista O Empreiteiro