As obras e os projetos ferroviários tocados pela Valec e pela Diretoria de Infraestrutura Ferroviária do governo federal, alguns deles parcialmente interrompidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foram apresentados em mesa redonda sobre planejamento ferroviário, compondo um panorama da malha ferroviária nos próximos 10 anos, cujos investimentos somam R$ 91 bilhões. A mesa redonda foi realizada como parte do I Congresso Metroferroviário Brasileiro, que aconteceu em paralelo à 15a Feira Negócios nos Trilhos, em São Paulo.
Valec é responsável pelos maiores projetos, ficando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) com as obras de intervenção urbana como passagens de nível, construção de contornos e obras de sinalização nas malhas já existentes.
A Valec responde pela construção e operação da Ferrovia Norte-Sul (3.100 km) de Belém (PA) a Panorama (SP), a conexão com a Transnordestina, a Integração Oeste-Leste (Fiol) de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO), num total de 1.527 km, a Integração Centro-Oeste, a Ferroeste, a Transcontinental, do litoral sul fluminense à fronteira com o Peru, passando pelos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, num total de 4.400 km, e os ramais Brasília-Anápolis, Anápolis-Goiânia e Santa Helena-Itumbiara.
Apesar da interrupção de diversas obras pelo TCU devido a pagamentos indevidos e duplicados, sobrepreços e superfaturamento, o presidente da empresa Josias Sampaio Cavalcante Jr., disse que a empresa tem obtido a liberação parcial de algumas obras após a aprovação pelo Tribunal da prestação de contas em alguns casos.
A Diretoria de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, além de herdar o espólio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), utiliza recursos do PAC para tocar o Programa de Segurança Ferroviária (Prosefer) para executar as obras prioritárias em 17 corredores de cargas e em 15 mil km de malha onde prevalecem as intervenções urbanas – 5.610 cruzamentos – que estão sendo melhor sinalizados, substituídos por passagens de nível superior ou inferior e construção de contornos.
Em 2009, essas obras foram avaliadas em R$ 7,066 bilhões. Mário Dirani, diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, afirmou que os benefícios sócioeconômicos dessas intervenções serão da ordem de R$19,24 bilhões, em ganhos no tempo de parada, economia de combustível, redução de acidentes, valorização imobiliária, entre outros. “Para sustentar o aumento da participação das ferrovias no modo de transporte, que já chegou a 30% no volume de cargas, os ganhos em velocidade são importantes para o trem fazer mais viagens e transportar mais carga”. Segundo Dirani, os R$ 3,09 bilhões das obras em execução referem-se, entre outras, a transposições em Barra Mansa, percurso onde serão construídos dois viadutos e três passarelas, o contorno de Curitiba e mais de 20 travessias no interior de São Paulo e ligações ferroviárias como em Camaçari (BA), Joinville e São Francisco do Sul (SC).