Duas obras do Metrô de São Paulo prometem atender mais de um milhão de pessoas que utilizam o transporte metropolitano: a primeira é a extensão da Linha 2-Verde, que atualmente vai da Vila Madalena até a Vila Prudente e se estenderá até a estação Dutra, compreendendo 14,7 km, 14 estações e um pátio de manutenção. A sua implantação está dividida em duas fases: o primeiro trecho de Vila Prudente até Penha e o segundo trecho de Penha a Dutra.
A segunda obra é a nova Linha 17-Ouro, um monotrilho que vai operar com trens elétricos. Esta, por sua vez integrará com as Linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda – pelas estações Campo Belo e Morumbi, respectivamente – através de um ramal de 6,7 km e 8 novas estações. Este trecho irá conectar o Aeroporto de Congonhas às linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda pelas estações Campo Belo e Morumbi. Futuramente, quando implantados os trechos 2 e 3, o monotrilho irá interligar também às linhas 1-Azul e 4-Amarela do Metrô, ampliando a conectividade do monotrilho à rede metroviária.
A revista O Empreiteiro visitou, com exclusividade, alguns dos principais trechos dos dois projetos. Uma das visitas, que compreende as obras da expansão da Linha 2-Verde, foi na futura Estação Anália Franco, um dos seis lotes que fazem parte da primeira fase, que será a expansão entre Vila Prudente e Penha. Este trecho acrescentará 8,0 km e 8 novas estações ao trecho operacional de Vila Madalena a Vila Prudente em operação. Já na Fase 2, compreendida pelo trecho de Penha a Dutra, serão implantados mais 5,8 km e 5 estações, alcançando até o município de Guarulhos. Ao final da obra, a Linha 2-Verde terá cerca de 28,5 km operacionais de extensão.

Primeira fase da expansão da Linha 2- Verde
Dividida em 6 diferentes lotes, a Fase 1 da expansão da Linha 2-Verde da Vila Prudente até a Penha, terá 8 novas estações: Orfanato, Santa Clara, Anália Franco, Vila Formosa, Santa Isabel, Guilherme Giorgi, Aricanduva e Penha. As obras contam com aproximadamente 6.000 colaboradores entre profissionais de construção, engenharia e montagem.
Segundo o Metrô de São Paulo, na Fase 1, a extensão total já escavada foi de aproximadamente 6,1 km de túneis NATM e com tuneladora (Shiled ou tatuzão), para circulação e estacionamento de trens. Os novos trens que irão operar, fazem parte de uma licitação realizada pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo (STM), responsável pela aquisição de 44 trens que também serão distribuídos para as linhas 1-Azul e 3-Vermelha. Em março, a secretaria estadual homologou o contrato com a CRRC Sifang, empresa selecionada na licitação, o contrato foi assinado em julho, com ordem de serviço iniciada em agosto deste ano.
Fase atual das obras civis, com os dados de Julho/2025, referentes ao
andamento em cada nova estação:
Orfanato – 88% – Estruturas internas (cobertura) e salas técnicas
Santa Clara – 84% – Estruturas internas e salas técnicas
Anália Franco – 89% – Estruturas internas e acesso ao shopping
Vila Formosa – 64% – Estruturas internas e acesso C
Santa Isabel – 71% – Estruturas internas e Salas técnicas
Guilherme Giorgi – 87% – Estruturas internas (cobertura)
Aricanduva – 81% – Estruturas internas
Penha – 71% – Estruturas internas e instalação para operação da TBM
Lotes da Fase 1 da Linha 2-Verde e os consórcios contratados para os projetos executivos e obra civil:
* Lote 1 – Consórcio Linha 2 Verde – Vila Prudente – Dutra (Engibrás Engenharia S.A., S.A. Paulista de Construções E Comércio Sacyr Construcción S.A. Do Brasil
* Lote 2 – Consórcio Crasa-Ghella-Consbem (Crasa Infraestrutura S.A.; Ghella S.P.A. Do Brasil E Consbem Construções E Comércio Ltda.)
* Lote 3 – Consórcio Construtor Metrô – Linha 2 Verde (Mendes Junior Trading E Engenharia S.A., Powerchina Brasil Construtora Ltda. E Powerchina International Group Limited Do Brasil)
* Lote 4 – Consórcio Construtor Metrô – Linha 2 Verde (Mendes Junior Trading E Engenharia S.A., Powerchina Brasil Construtora Ltda. E Powerchina International Group Limited Do Brasil)
* Lote 5 – Consórcio Construtor Metrô – Linha 2 Verde (Mendes Junior Trading E Engenharia S.A., Powerchina Brasil Construtora Ltda. E Powerchina International Group Limited Do Brasil)
* Lote 6 – Consórcio Cetenco-Acciona-Agis (Cetenco Engenharia S.A.; Acciona Construcción S.A. E Agis Construção S.A.)
Estação Anália Franco incorpora túnel para estacionar trens
Compreendendo uma área total de aproximadamente 18 mil m², a Estação Anália Franco, que corresponde ao lote 4 da Fase 1 da Linha 2- Verde, possui vários diferenciais em sua construção. Dentre eles destacam-se algumas ações ambientais em busca da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), uma iniciativa inédita no Brasil e América Latina em estação de metrô. Além disso, este lote, que emprega mais de 900 colaboradores, possui particularidades nas obras civis como a construção de um túnel NATM singelo de acesso a terceira plataforma desta estação e para injeção e manobra de trens nos horários de pico.
A equipe da revista O Empreiteiro esteve nas obras da Estação Anália Franco, que além das dimensões, se distingue pelas diversas atividades em cumprimento aos requisitos ambientais exigidos para obter a certificação LEED. “Esta obra é especial porque é a primeira estação de metrô da América Latina que busca esta certificação. Nosso objetivo aqui é ter eficiência termo energética, no consumo de água e um tratamento de ar para quem está dentro da estação e os funcionários”, explicou Agnelo Gomes Júnior, coordenador da área de Projetos de sistemas da Linha 2-Verde.

Durante as obras, também está em operação uma estação de tratamento de efluentes na área do canteiro da futura Estação Anália Franco, a engenheira ambiental Aline Santana Sá, que integra a equipe de fiscalização e supervisão de obras da contratada Falcão Bauer, explicou como é o processo de tratamento de efluentes. “Todo material bruto das escavações e do processo construtivo da obra vai para caixas e uma bomba de ar comprimido faz o processo de separação do sólido e o material mais fino. Nesse processo o material bruto faz a primeira decantação e depois vai para os dois Geobags, que fazem a decantação mais precisa separando o material sólido e escoando o fino. Depois dessa separação, essa água tratada com o pH controlado vai para reuso dentro da Estação Anália Franco”, justificou Aline.
Além do reuso de água, o Metrô informou que todas as luminárias são de tecnologia LED conforme a certificação LEED. Serão 3.513 luminárias a serem instaladas. Já a captação de energia solar será voltada ao aquecimento de água, com 32 placas solares instaladas e reservatório de 2.500 litros, suficiente para 57 banhos/dia.

Sobre o sistema GEOBAG de retenção de sólidos
– 2 conjuntos, totalizando 32 bags (diversos tamanhos)
4 / 5
– Início da operação: maio de 2021
– Lama retida: estimativa de 4.483,296 m³
– Efluente tratado: estimativa de 26 m³/hora, durante 8 horas de operação diária
– Fornecedor dos bags: Huesker
Estação subterrânea adota método invertido
Outros aspectos diferenciais das obras da Estação Anália Franco se referem à execução da imensa estrutura subterrânea da estação. Quem acompanhou a equipe da OE e explicou sobre as obras civis foi Sérgio Moço, gerente de Produção da Construtora Mendes Júnior, uma das empresas do consórcio do Lote 4. Durante a visita, o gerente detalhou as características da escavação e estruturas construídas para a nova estação.
“É uma das maiores estações que atenderá duas linhas, porque além da Linha 2-Verde, futuramente, irá receber a Linha 16, por isso, precisamos deixar ela preparada para comportar duas linhas, ambas as estações escavadas pelo método invertido nesta etapa do projeto. No primeiro momento desse método se faz a contenção, executando a parede diafragma utilizando hidrofresa. Na sequência foram feitos os estacões, como pilares gigantes. Esses estacões serviram como uma estrutura provisória de apoio às lajes e travamentos, e depois tornarão parte da estrutura definitiva. Em seguida é executada a laje de cobertura, sobre os estacões e contenções e por baixo desta laje foi escavado o restante da estação”, explicou Moço.
Segundo o gerente, a Estação Anália Franco tem 149 m de comprimento por 4m de profundidade para atender a demanda das duas linhas, através de 3 plataformas no nível da Linha 2-Verde, e mais 2 plataformas parcialmente executadas para a futura Linha 16-Violeta. Sobre as lajes, Moço explicou que elas variam conforme a geologia e desempenho estrutural desejado, podendo ter espessura de até 2,40 m de altura.
“Um grande diferencial nesse projeto é que contempla um túnel singelo para acesso a terceira plataforma da Linha 2 e manobras operacionais, trazendo maior eficiência e conforto para os passageiros durante o horário de pico. Estrutura similar a outras estações de integração, como Corinthians-Itaquera. No primeiro momento chamamos de túnel de estacionamento e no segundo momento ele serve como auxílio operacional. Por exemplo, se o trem no horário de pico estiver lotado, ele não precisa ir até o final da linha e voltar; ele pode usar o túnel como opção para retorno rápido”, revelou Sérgio.
Linha 17-Ouro do monotrilho já testa os trens para operação assistida em março de 2026
Além da Linha 2-Verde, a revista O Empreiteiro visitou as obras da Linha 17-Ouro que utilizará a tecnologia Metrô Leve, um sistema de monotrilho, ou seja, trens como carros elétricos que dispensam os trilhos clássicos. A nova linha contará com 6,7 km operacionais e um pátio de manutenção, conectando as linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda – pelas estações Campo Belo e Morumbi, respectivamente. Ao todo, serão 8,3 km com 8 novas estações: Washington Luís, Aeroporto de Congonhas, Brooklin Paulista, Vereador José Diniz, Campo Belo, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi. Com investimento de R$ 5,8 milhões, a linha terá capacidade para transportar cerca de 93 mil passageiros por dia.
Para compor a Linha 17-Ouro são 14 trens novos, compostos por 5 vagões cada um. Os testes são realizados durante vinte dias em cada trem. Durante esse período, são realizados ensaios dinâmicos com diferentes níveis de carregamento, simulando a ocupação de passageiros com sacos de areia. A empresa responsável pelos testes é a BYD, que também fabricou os trens em Guang’na na China.
A altura das vias da Linha 17-Ouro varia entre as estações, sendo algumas estações a 15 m de altura e outras a 20 m. Atualmente, a obra encontra-se em fase de energização e testes do material rodante. Os equipamentos já estão instalados em todas as estações. Foi iniciada a reurbanização em algumas estações, como Vereador José Diniz, Congonhas e Vila Cordeiro.
Segundo o Metrô, também foi finalizado o lançamento de todas as passarelas de acesso às estações, com destaque para o acesso duplo de Campo Belo com dois andares, aproximadamente 30 m e 200 t, e a de Washington Luís, de maior extensão, com aproximadamente 100 m e 160 t, fabricada pela Empresa Sulmeta localizada no Rio Grande do Sul (RS).
A chegada do 2º trem ocorreu no início de março passado e foi feita a energização do terceiro e quarto trilhos desde a estação Vereador José Diniz até Vila Cordeiro.
Fase atual das obras (apenas estruturas civis):
Washington Luís 84%
Aeroporto de Congonhas 96%
Brooklin Paulista 92%
Vereador José Diniz 96%
Campo Belo 94%
Vila Cordeiro 91%
Chucri Zaidan 86%
Morumbi 99%
Pátio Água Espraiada 88%
Material Rodante 63%
A empresa que executou parte das obras dos elevados da Linha 17-Ouro foi o Consórcio Monotrilho Integração – CMI. A AGIS Consórcio Linha 17- Ouro – Obras Civis assumiu as obras remanescentes. Consórcio constituído pelas empresas AGIS CONSTRUÇÃO S.A., (líder do Consórcio) e AGIS SISTEMAS ELETROMECÂNICOS LTDA.
Monotrilho inicia serviços em 2026
Das 8 estações do previstas para a Linha 17-Ouro, a revista O Empreiteiro visitou a Estação Vereador José Diniz, a Estação Campo Belo e o pátio onde está o trem do monotrilho, que deverá iniciar operação em 2026.
Sobre o trem do monotrilho, ele é composto por cinco carros e pode transportar 616 passageiros no total. O trem da BYD opera sobre uma viga de concreto de 800mm de largura e possui dois truques por carro, sendo cada um equipado com um motor de tração, duas rodas de carga, quatro rodas guia e duas rodas estabilizadoras. O monotrilho opera com uma tensão nominal de 750 Vcc, com velocidade operacional de 80 km/h. Esse trem é equipado com baterias de tração, que funcionam como fonte de energia reserva.
Os veículos que vão percorrer a Linha 17-Ouro do monotrilho serão controlados com operação automática e usando o Sistema de Controle de Monitoramento de Trens (TCMS). Sendo assim, poderão ter maior aproximação entre os trens e, com isso, menor intervalos entre as viagens.





