Siderúrgica processará aço com linha de produção inédita no País

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A unidade, que será inaugurada em março, produzirá aço de melhor qualidade; máquina de 140 m de comprimento exigiu obras na planta para recebê-la

Augusto Diniz – Paulínia (SP)

A Steel Warehouse Cisa, uma joint venture entre a norte-americana Steel Warehouse (50%) e a brasileira Cisa Trading (50%) especializada em comércio internacional, promete oferecer ao mercado aço com alto valor agregado. Para alcançar a meta, na planta em que a siderúrgica está sendo instalada, em Paulínia (SP), uma linha inédita de produção no Brasil, chamada Temper Pass Cut to Length, está sendo introduzida. A máquina de processamento e beneficiamento de aço, foi desenvolvida pela Steel Warehouse há 40 anos, e das 15 plantas da empresa nos Estados Unidos, sete usam a tecnologia. A unidade mexicana da empresa também usa a mesma linha de produção. Segundo a Steel, não há mais de 20 máquinas desse tipo em operação no mundo.

A siderúrgica brasileira, com investimento de R$ 200 milhões, entra em operação em março e na planta em que irá funcionar a nova linha várias obras foram realizadas para recebê-la. “A linha beneficia chapas de aço, proporcionando melhores tolerâncias e planicidade e livre de tensões residuais”, afirma David Sánchez, diretor-geral da Steel Warehouse Cisa.

O executivo explica que o produto atende aos setores de fabricação de estrutura metálica, obras de infraestrutura, indústria de equipamentos de máquinas de construção, além de outros segmentos, como mineração e agrícola. “O uso de estrutura metálica em obra cresce no País”, cita David.

A Steel Warehouse, empresa familiar que atua nos Estados Unidos há 60 anos, optou pela parceria com a Cisa para se instalar no Brasil devido a maior facilidade de enfrentar a burocracia, pois ela já tem antiga atuação na área de ferrosos no seu portfólio.

A linha

A linha Temper Pass Cut to Length, com capacidade 20 mil t/mês, é composta de quatro estágios: laminação superficial do material; desempenador para deixar a chapa totalmente plana; operação de escovação e, por último, corte no comprimento especificado.

A máquina foi importada dos Estados Unidos e saiu das cidades portuárias norte-americanas de Houston (Texas) e Baltimore (Maryland) em 58 contêineres e mais quatro peças maiores isoladas.

Foram necessárias 62 carretas para transporte do porto de Santos (SP) a Paulínia – na visita realizada pela revista O Empreiteiro à siderúrgica, a empresa ainda aguardava cinco carretas (além das 62) do porto com mais peças da máquina.

A escolha de Paulínia (SP) foi estratégica. Foram dois anos de busca do local ideal. Inicialmente, a planta ficaria em lugar do município mais próximo de pátio ferroviário, mas desistiu-se da opção por que exigiria a construção de complexo ramal ferroviário.

Bases de concreto foram executadas especialmente para receber os pesados módulos da linha de produção

Assim, foi adquirido um galpão da Soufer, as margens da rodovia SP-332, que estava desativando sua planta de produtos siderúrgicos. A unidade fica a 800 m do pátio multimodal da operadora logística Katoen Natie, em Paulínia, que tem três operadoras ferroviárias no terminal (MRS, VLI e ALL).

Assim, carretas especiais adquiridas pela Steel Warehouse Cisa farão o transporte das bobinas do pátio à unidade industrial, percorrendo cerca de 800 m.

O uso do sistema ferroviário para transporte das bobinas de aço é fundamental para o sucesso da operação. A linha Temper Pass Cut to Length utiliza bobinas de 40 t, que são fora das dimensões convencionais (até 30 t). “Esse tipo de bobina utilizado pela linha deve ser transportado de trem. De carreta é inviável por que exige transporte por carretas especiais por longas distâncias, acarretando custos”, conta David Sánchez, diretor geral da SteelWarehouse Cisa.

A necessidade de usar bobinas de 40 t é por que gera maior produtividade à linha. “Toda vez que a bobina é colocada na linha, existe um tempo de setup da máquina que dura 30 minutos. É preciso programar a linha para fazer esse trabalho, envolvendo ajustes, alinhamento etc. É um tempo morto, sem produção. Com uma bobina maior, se ganha produtividade. O equipamento foi projetado para cortar rolos de até 2.450 mm de largura por até 25.4 mm de espessura”, relata David. “Esses fatores geram maior produtividade para o cliente e para a usina (usando bobinas de 40 t)”.

Obras

A Steel Warehouse Cisa fez severas adaptações e reforma na antiga planta em que se instalaram em Paulínia, em um terreno de 100 mil m² com 27 mil m² de área construída (galpão). Foram realizadas também obras em área construída anexa de 625 m², onde se instalaram os departamentos administrativo, financeiro e operacional. Os trabalhos começaram em maio de 2015 e estão previstos de terminar em março desse ano.

Para receber no galpão a máquina Temper Pass Cut to Length, foi executada fundação tipo estaca raiz de 14 m devido ao solo argiloso e úmido.

Foram 300 estacas instaladas na área do galpão onde se executou a base de concreto armado para receber a máquina – chapas de aço foram posicionadas também na base para reforçar a estrutura.

No total, foram aplicadas 5 mil t de concreto – a base mais robusta para receber a nova linha de produção, onde se localiza o laminador com 230 t e 7,5 m de altura, mobilizou 43 caminhões betoneiras.

Já o piso onde se receberá e serão estocadas as bobinas de 40 t, tem 25 cm de espessura (o existente tinha 10 cm). “Ressalta-se que os pisos devem ter alta planicidade”, destaca o diretor-geral da unidade. O galpão de estrutura metálica terá três pontes rolantes para posicionamento de bobinas (duas de 40 t e uma de 30 t) – as pontes também serão usadas para manutenção da máquina. Foram feitos reforço à estrutura do galpão no trecho das pontes rolantes, e em alguns outros pontos foram instados novos pilares metálicos. Quatro contêineres para operação elétrica da linha, de 26 t cada, vieram dos Estados Unidos prontos – galerias subterrâneas de grandes dimensões foram executadas embaixo dos contêineres para manutenção.

Para atender a linha, só de cabos elétricos e de dados existem 8 mil m a serem instalados.

Mais de 50% da linha Temper Pass Cut to Length já foi posicionada na unidade.

Um grupo de profissionais está nos Estados Unidos em treinamento na Steel Warehouse em South Bend, Indiana (EUA), para operar a máquina no Brasil.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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