Maersk, por meio de sua subsidiária APM Terminals, planeja investir R$ 5,2 bilhões em terminais no Brasil até 2026. No plano, o Brasil Terminal Portuário (BTP), em Santos (SP), que a empresa opera em sociedade com a Terminal Investment Limited (TIL), do grupo MSC, receberá até R$ 2,2 bilhões em obras de ampliação e modernização. Faz parte também a construção de um novo terminal no Porto de Suape (PE), que exigirá R$ 1,6 bilhão. “No valor que anunciamos estão incluídos os projetos prioritários da APM Terminals no País, dentre os quais está a renovação do contrato de arrendamento do BTP, em Santos, para o qual negociamos uma prorrogação por mais 20 anos.
No local estão planejadas obras de modernização e ampliação”, afirma Leonardo Levy, diretor de investimentos para Américas das APM Terminals. “Outra prioridade para a companhia é a construção do novo terminal em Suape”, confirma.
APM quer agilizar a renovação do BTP e já iniciou com o governo a negociação da prorrogação do contrato, que vence em 2027, por mais duas décadas. Com isso resolvido, a perspectiva é iniciar as obras para ampliar e modernizar o terminal, com investimentos que podem variar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2,2 bilhões, a depender das intervenções a serem realizadas. “O BTP aguarda a renovação do seu contrato de arrendamento no Porto de Santos para iniciar o plano de investimentos.
Nossa expectativa é que os aportes permitam o aumento da capacidade operacional do terminal de contêineres em 40%”, aponta Levy. Em operação desde 2013, o terminal de movimentação de contêineres BTP está localizado na margem direita do Porto de Santos, em uma área projetada de 430 mil m², com capacidade de movimentação anual de 1,5 milhão de TEUs e está preparado para receber três navios da New Panamax Class simultaneamente.
Segundo a empresa, a localização estratégica e o atendimento de rotas globais são algumas das principais características do terminal. De acordo com o diretor da APM, a capacidade de cais da companhia será ampliada em 50% por meio da compra de quatro novos equipamentos eletrificados, o que vai aumentar para 12 o número total de STSs no terminal, além de novas defensas. “Junto ao aumento de capacidade, fará parte dos investimentos um amplo plano de obra civil dentro dos atuais limites do terminal que, entre diversas melhorias, permitirá também a ampliação da área reefer, a automatização dos gates e a readequação de edificações”, explica. A companhia tem interesse também em um novo terminal de contêineres em Santos, o STS 10, localizado em área contígua ao BTP.
Nesse caso, a empresa e sua sócia TIL aguardam definição do governo atual para que possam concorrer juntas também neste caso. Isso porque o governo anterior decidiu que as empresas poderiam disputar individualmente, mas não em parceria, para dirimir questionamentos sobre concentração de mercado feitos por outros operadores portuários. Já em Suape, em Pernambuco, a APM se prepara para construir um novo terminal que ocupará uma área equivalente a 550 mil m² que pertencia ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O investimento total previsto é de R$ 2,6 bilhões.
Para a primeira etapa, a ideia é alocar R$ 1,6 bilhão às obras do terminal, que será construído do zero. A APM trabalha com a previsão de iniciar as operações no local em 2026. Segundo Levy, Suape tem capacidade de 715 mil TEUs/ano e com o novo terminal da APM aumentará a movimentação em 55%, equivalente a 400 mil TEUs/ano. “Com a ampliação, será possível melhorar o atendimento da cabotagem que responde por 80% da movimentação no porto. E com a dragagem a ser realizada pelo governo de Pernambuco, para permitir o aumento do calado para 16,4 m, Suape poderá receber navios internacionais vindos de novas rotas, como China e Europa”, salienta Levy. “As obras também vão viabilizar que o Porto de Suape se transforme no novo hub de distribuição para as regiões Norte e Nordeste do País.” “Além disso, o novo terminal será construído dentro das premissas de ESG da companhia. Todos os equipamentos serão eletrificados, permitindo a otimização no consumo de energia e a redução significativa de emissões de CO2 nas operações”, frisa Levy, lembrando que o projeto deve gerar aproximadamente 350 empregos diretos e 1.300 indiretos.
Para além dos investimentos em Santos e Suape, o pacote de inversões da companhia também prevê multiplicar a capacidade de armazenagem no País. “Para além dos projetos anunciados, a APM Terminals prevê outros investimentos que poderão multiplicar em cinco vezes a capacidade atual de armazenagem nas regiões Nordeste e Sudeste, além da previsão de investimentos para melhorias no terminal de Itapoá, em Santa Catarina”, afirma Leonardo Levy. A APM opera outros quatro terminais portuários no Brasil: Itajaí (SC), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS) e Pecém (CE).
MSC também tem planos ambiciosos para Santos e Navegantes
A sócia da Maersk no BTP, a TIL, uma das maiores operadoras de terminais de contêineres do mundo, pertencente ao grupo suíço de
navegação Mediterranean Shipping Company (MSC), anunciou recentemente que pretende investir R$ 7 bilhões nos portos de Santos (SP) e
Navegantes (SC) nos próximos cinco anos.
No pacote de aportes já definidos, R$ 4 bilhões deverão ser aplicados no BTP. Tudo vai depender, segundo a empresa, do aval do governo
federal à renovação antecipada do arrendamento.
Já para o Porto de Navegantes, a TIL planeja investir aproximadamente R$ 3 bilhões em seu
terminal de contêineres. O montante será empregado para reconstrução do cais, aprofundamento do calado e em obras complementares.
A depender das possibilidades de negócios que surgirem nos próximos anos, entre parcerias, aquisições e novas concessões, a empresa
projeta investir até R$ 17 bilhões no País, conforme revelou recentemente à imprensa seu presidente, Ammar Kanaan.
Fundada em 2000, a TIL opera 74 terminais de contêineres em todo o mundo, incluindo portos na Europa, América do Norte, América do Sul,
África e Ásia. Seus terminais são fundamentais para a operação da MSC – além de controladora, seu principal cliente – e de outras companhias
de navegação que utilizam essas instalações para carregar, descarregar e transferir contêineres entre navios e modos de transporte terrestre.
No Brasil, além dos terminais em Santos e Navegantes, o grupo opera um terminal no Rio de Janeiro e controla a empresa de cabotagem
Log-in, que possui terminal no porto de Vila Velha (ES).