Ministro sai, ministro entra, mas infraestrutura continua a mesma

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Nildo Carlos Oliveira

Ministros não nos faltam. São 39, além dos secretários nacionais com status de ministros. São tantos e, mesmo assim, passíveis de trocas segundo as conveniências de “faxina” e de arranjos políticos.

Difícil recordar os nomes de todos. Para o trabalho jornalístico cotidiano tem-se de manter a relação deles na mesa, sabendo-se que no dia seguinte a listagem precisará ser refeita, pois o entra e sai é frenético. Todos estão sujeitos às trocas, bastando para isso que a política mude lá em cima ou na base da pirâmide.

É suficiente que eles deem uma declaração desavisada ou emita uma opinião que contrarie áreas sensíveis, para que haja a decapitação. Já vi ministros defenestrados do governo nas mais diversas circunstâncias. Até um, que estava a bordo de um avião, recebeu comunicado em termos severos: “Está voando? Pois continue voando. E não pise mais aqui”. Outro saiu do ministério com a sensação de que dificilmente seria erradicado do cargo. Amanheceu sem pasta.

Há alguns que, não se dando bem em um ministério, por falta de conhecimento e aptidão, são encaminhados para outros. Houve o caso daquele que assumiu o Ministério da Pesca, mesmo sem nunca haver pescado um mísero bagre ao longo de toda a vida. E, se formos pesquisar cargos inferiores, vamos verificar que abundam incompetências: pessoas que estudaram ou se especializaram em alguma coisa e que, de um momento para outro, são colocados para fazer o que jamais imaginavam fazer.

Mas, estamos, hoje, de ministro novo nos Transportes. Sai Paulo Sérgio Passos, que assumiu o ministério depois da queda de Alfredo Nascimento, presidente do PR – a queda é atribuída a acusações de corrupção – e entra César Borges, ex-senador, ex-governador da Bahia e que vinha exercendo a vice-presidência do Banco do Brasil. Tem formação de engenheiro, supondo-se que ele aplique conhecimentos profissionais em área tão problemática quanto a de infraestrutura. Mas, para o governo, o importante mesmo é que ele faça uma política que ajude a consolidar as pretensões da presidente para o próximo governo.

A prevalência de uma política medíocre, sobre problemas graves da sociedade, da economia e do País, tem justificado o elevado número de ministérios. E a troca ininterrupta de ministros.

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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