Mudanças climáticas e as previsões possíveis
Deu a louca no tempo? O que virá???
A região Sul sofrerá com inundações, vendavais e granizo ou com a prolongada estiagem em algumas áreas. Com o aumento da temperatura, as secas mais frequentes e chuvas restritas a eventos extremos de curta duração, a produção de grãos poderá ficar inviável. Foi o caso, agora em janeiro, do que aconteceu em 13 municípios do extremo sul gaúcho, que entraram em estado de emergência por conta da seca de rios e lagoas, provocada pelo efeito do El Niña.
Em outros espaços, as chuvas cada vez mais intensas poderão atingir as cidades com grande impacto social nos bairros mais pobres. Ventos intensos, de curta duração, poderiam também atingir o litoral.
No Sudeste, além das inundações, poderão ocorrer deslizamentos com efeitos dramáticos como a morte de dezenas de pessoas. O fato foi o levado número de vítimas fatais, o que aconteceu em janeiro último, com os deslizamentos e enchentes nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde mais de 800 pessoas morreram e há mais de 300 desaparecidas. Prevê-se que, segundo os modelos estudados, haverá na região um acréscimo da evaporação da água o que poderá comprometer a disponibilidade de água para a agricultura, consumo ou geração de energia.
No Centro-Oeste, os incêndios, a cada, ano são mais crescentes. O período de estiagem vem aumentando e os agricultores mantém o hábito de fazer queimadas para preparar o terreno para o plantio. Os modelos apontam que podem ocorrer eventos extremos de chuvas e seca, com impactos tanto no Pantanal, como na região do cerrado. As altas taxas de evaporação, com ondas de calor, podem afetar a saúde, agricultura e geração de energia hidrelétrica.
Já o Nordeste terá as secas prolongadas, somadas às inundações em épocas de chuvas intensas. Até o fim do século XXl, as temperaturas podem aumentar de 2º a 5º e, com isso, a caatinga será substituída por uma região mais árida. Com o aquecimento, a evaporação aumenta e a disponibilidade hídrica diminui. O clima mais quente e seco pode levar à migração da população para as grandes cidades da região, ou ainda para outras áreas do País, criando o que os cientistas chamam de "refugiados ambientais".
No Norte, os incêndios florestais se intercalam com as inundações. Se o avanço da indústria madeireira e da fronteira agrícola continuar nos níveis atuais, até 2050, a cobertura florestal pode diminuir para 53%, segundo os pesquisadores. O aquecimento global vai aumentar a temperatura da região amazônica, o que pode deixar o clima mais seco, levando a uma savanização da floresta.
Num cenário pessimista, a temperatura pode aumentar até 8º. Os níveis dos rios podem ter quedas importantes e a secura do ar pode aumentar o risco de incêndios florestais.
Paralelamente, o aumento da migração do campo para a cidade, concentrando a densidade demográfica, leva os centros urbanos a produzirem ilhas de calor que elevam as temperaturas em até 3º Celsius.
Resumindo: Esses fenômenos somados terão como consequência um aumento de problemas em todas as regiões do País.
O cenário acima descrito pode parecer uma daquelas "previsões" no sense que buscam espaço na mídia, mas foi o panorama desenhado pela meteorologista da Climatempo, Patrícia Madeira, mestre na área de poluição atmosférica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em palestra realizada no 1º Fórum da Construção realizado, recentemente, pela revista O Empreiteiro e Tótvs.
Algumas previsões, em curto espaço de tempo já foram confirmadas, como as recentes tragédias no Rio, São Paulo e outros estados. O que se pergunta agora é: Que providências serão tomadas? Quanto tempo mais o País sentirá os efeitos da omissão na área de prevenção?
Fonte: Estadão