O Brasil real é maior do que as crises energética e hídrica

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Nova Tamoios Contornos (SP)

 

Anel Viário de Fortaleza (CE)

 

VLT de Santos (SP)

 

Complexo Acrílico Basf (BA)

 

Sabíamos que o capítulo, possivelmente o mais grave da história da escassez de energia elétrica e do colapso no abastecimento de água, que o governo federal e o governo paulista estão escrevendo teria lances farsescos, embora traumáticos para a população. Ambos protagonizam a miséria do resultado da carência de planejamento e do descaso com os técnicos.

Ambos douraram a pílula conforme as conveniências da mais recente campanha eleitoral, muito embora técnicos daquelas duas áreas viessem alertando para a desorganização do setor elétrico. A começar das consequências do desconto de 20% na tarifa de energia, decretado pelo governo federal, quando o setor já sofria com o esgotamento dos reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste. No caso do abastecimento de água na Grande São Paulo, técnicos também já avisavam sobre a crise iminente e dramática nos mananciais que abastecem a região – onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas – e em especial sobre a situação do sistema Cantareira, que não recebeu obras novas de captação de água, embora a população haja duplicado.

A despeito do tiroteio político desencadeado pelo chamado petrolão, o Brasil real dos empreendedores e trabalhadores continua investindo e produzindo e já tomando iniciativas para enfrentar a possível escassez de energia e de água. Os governos estaduais definem as prioridades dos seus mandatos novos e os maiores municípios brasileiros aceleram agora, na segunda e última metade das gestões municipais, os programas iniciados.

Vamos citar apenas alguns exemplos mais notórios. O Ceará executa um amplo programa de reabilitação e pavimentação rodoviária, com financiamento do BID, no valor de US$ 400 milhões, mais 20% de contrapartida do governo local. Chamado Ceará IV, o conjunto de obras envolve melhorias de 1.275 km de estradas e pavimentação de 648 km, dividido em sete lotes.

São Paulo tem um programa rodoviário de igual envergadura financiado também pelo BID, no valor de US$ 480 milhões, mais a contrapartida do Estado de US$ 206 milhões, totalizando US$ 686 milhões, destinado a melhorias em 773 km de rodovias, cujas obras estão em estágios variados de licitação ou já iniciados.

A segunda fase do projeto Nova Tamoios, para construir as vias de contorno de Caraguatatuba e São Sebastião, no Litoral Norte paulista, já se encontra em execução nos quatro lotes. A terceira fase, visando à duplicação do trecho da serra, teve sua concorrência concluída no formato PPP.

A crise hídrica demanda obras – agora urgentíssimas –, como a transposição entre as represas Jaguari, da bacia do rio Paraíba do Sul, e Atibainha, do sistema Cantareira. Essa interligação, nesse sentido, demora 18 meses para ficar pronta, com vazão média de 5,13 mil l/s; e, em sentido inverso, demanda quase três anos de obras. Incluída no PAC e licitada pelo regime RDC, o projeto tem custo orçado em R$ 830 milhões. Outra obra, contratada em fevereiro e que deverá ser concluída em maio, é a interligação da Billings com o Alto Tietê, que inclui uma estação elevatória e um canal de 8,5 km conectando o braço rio Grande da Billings à represa Taiaçupeba, em Suzano, onde se localiza a ETE Alto Tietê. Com isso, a Billings começa a fornecer mais água.

Como crise significa oportunidade, o gigante empresarial JBS estrutura a Zetta Ambiental para atuar no mercado de concessões de água e esgoto. Segundo a ABCON, o volume de recursos das concessionárias privadas investido em obras de abastecimento e esgotamento sanitário superou, pela primeira vez em 2013, o teto de R$ 1 bilhão. Estima-se que, de 2013 até 2017, as inversões privadas somem R$ 6,5 bilhões. As cidades de Jaú e Holambra, em SP; Penha, em SC; Pará de Minas, MG; e Marabá, PA têm processos de concessão em curso. Mauá e Santo André, em SP, articulam PPPs nesta atividade.

São Paulo continua sendo o destino favorito dos investimentos industriais e comerciais anunciados nos anos recentes. São exemplos, hoje, a nova fábrica da Mercedes em Iracemápolis, que vai produzir o SUV GLA e o sedan Classe C, aplicando mais de R$ 500 milhões, e a ampliação das instalações portuárias da Archer Daniels Midland (ADM), em Santos (SP), ao ser renovada a concessão em janeiro. A ADM também confirma investimentos no porto de Barcarena, PA, e ergue um complexo de proteína de soja em Campo Grande, MS, ao custo de R$ 250 milhões.

Outros estados brasileiros serão pautas especiais da revista O Empreiteiro nas próximas edições, bem como os maiores municípios brasileiros. A Basf está concluindo um complexo petroquímico em Camaçari, BA, investindo R$ 1,5 bilhão e mobilizando 5 mil trabalhadores no pico da obra. É o maior investimento da empresa na América do Sul e vai produzir ácido acrílico, acrilato de butila e polímeros – matérias-primas de uso próprio.

A revista vai continuar monitorando as novas fronteiras econômicas do País, trazendo números de investimentos, obras em curso e a ser iniciadas, projetos futuros, empreendimentos privados que mostrarão mês a mês que o Brasil continua avançando, apesar das escaramuças intermináveis da política partidária, mesmo com escassez de energia e água.

 

 

Fonte: Revista O Empreiteiro


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