O presidente da CAB Ambiental, Mario Galvão, aponta que para melhorar o saneamento no Brasil é preciso investir primeiro na elaboração de um plano macro e, a partir dele, cobrar bons projetos e exigir qualidade dos serviços executados. Confira este e outros assuntos em entrevista concedida pelo executivo, que é também diretor da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), para a revista O Empreiteiro. O setor privado pode ajudar a alavancar as obras de saneamento no Brasil e assim contribuir para a universalização do saneamento? Quando a CAB Ambiental foi criada em 2006, antes da própria publicação da lei 11.445, de 2007, a ideia sempre foi acreditar que a solução para o saneamento no Brasil passaria pela iniciativa privada, ajudando a implantar a estrutura toda necessária. E até mais que implantar, acreditamos que, de fato, as empresas têm muito a ajudar na proatividade, na melhoria na gestão do sistema. O que temos hoje não é só problema de investimento, é gestão. E a iniciativa privada pode melhorar muito esse processo. Quais as principais dificuldades que a iniciativa privada enfrenta ao assumir uma PPP (Parceria Público-Privada) ou concessão de saneamento? O que observamos é que todas as entidades que cobram o processo de saneamento no Brasil – o que incluem as licenças ambientais, saúde pública e meio ambiente -, na hora em que a gente assume a operação, passam a ter alguém para cobrar. Não que elas façam errado. Mas isso é uma evolução, porque na medida em que é posto o privado, você passa a cobrar e, automaticamente, está também melhorando todo o sistema. Temos a fiscalização em cima de nosso trabalho, mas se isso fosse feito como um todo, o rio Tietê não estaria como está hoje. Esse é o grande desafio que é ser privado nesse meio. Em sua opinião, qual é o principal obstáculo para o País avançar na universalização do saneamento? Estamos falando de infraestrutura, e infraestrutura não se implanta da noite para o dia. O processo de licenciamento ambiental tem que passar por isso e exige um tempo para fazer a concepção básica do sistema, para conseguir as licenças ambientais necessárias, fazer os projetos básicos executivos, o plano diretor das cidades. E tudo isso está integrado. Se existe um plano diretor, é possível se preparar, planejar. Paramos no processo de planejamento das cidades como um todo. O plano executivo tem que suceder um ao outro, mas atender a um plano diretor. É preciso começar a resolver o problema macro, de planejamento urbano, mobilidade, de toda a infraestrutura. O Brasil hoje está sofrendo isso. Não foi feito esse trabalho ao longo dos anos e a nova lei obriga os municípios a ter esse planejamento. A Abcon estima que a iniciativa privada atenda no saneamento, direta ou indiretamente, a 40% da população até 2020. Qual a sua visão sobre essa estimativa? Essa é uma estimativa que as empresas privadas têm como desafio. O percentual de 40% é arrojado, mas em função da demanda e da capacidade de investimento que o País tem, acredito que poderá ser uma meta a ser atingida. Mario Galvão, presidente da CAB Ambiental Fonte: Revista O Empreiteiro